AN X TASY + NEW BREED * ROCKLAB (Moita) *
Mais uma data, mais um público, mais um show, mais umas amizades… mais uma noite!
Chegámos à Moita a rasgar a 180 km/h pela Auto-Estrada por volta das 17h30 da sexta-feira de 17 de Novembro à Moita.
Após algumas voltas perdidos por aí lá demos com o bar, graças à ajuda do nosso big friend Pedro Sanches; pra quem não o conhece, www.GRITA.pt.vu.
Chegando ao cubículo demos de caras com uma sala quase mais pequena do que o meu quarto. Será mau? Eu não acho. Para uns Guns n’ Roses se calhar nem chegava para a bateria ou para o Axl correr de um lado para o outro com o tripé na mão. Para mim, quanto mais pequeno melhor. Curto mexer-me quando não há espaço para tal, curto pregar casualmente uma cabeçada no gajo mais próximo, curto sentir que o único sítio onde estou à vontade é em cima do bombo da bateria, curto sentir-me livre para poder tocar em salas daquelas.
Um sítio bastante acolhedor, uma sala com uma boa acústica, o p.a. com a relação tamanho/potência/qualidade mais bruto com que já toquei. Aquela merda era do mais simples mas que bombava… bombava!
Entrámos, instalámo-nos, montámos as cenas, para variar não houve check sound (ainda não houve uma única data da tour em que tivessemos feito um sound check decente… coitaditos dos Guns), mas lá nos preparámos para… ir jantar!
Mas ainda houve tempo para conhecer o ‘outro Pedro’, o proprietário do estaminé. Não sei bem como descrevê-lo mas imaginem o Johnny Rotten a vir-se apresentar com uma t-shirt do CBGB’s e a fazer-se vosso amigo. Um pouco irreal não? Ok, também eu não sou nada mau para exagerar. Mas a visão inicial que tive do Pedro foi mesmo essa, um punkito dos anos 80 em 2006, com idade para ser meu tio, vestido à rockabilly citadino e com uma t-shirt da I CAN C U. Quem o vê, impõe respeito. Mas o respeito adquiriu-se logo através da sua humildade e à vontade em nos fazer sentir em casa. Trocou-se uma meia dúzia de palavras e fez-se um amigo.
Obrigado Pedro POR TUDO! Aliás, OBRIGADO PEDROS!
Hora de jantar. Uns foram comer ao Modelo, outros foram pagar 10€ por pacotes de manteiga e chás com whiskey. Eu nem me recordo do que manjei.
E estamos na hora de subir ao palco. É verdade, esqueci-me que não havia palco. O bar era tão mitra que um tapete de entrada de uma casa era o suficiente para o encher. Que sítio brutal. O que eu não dava para que todo o mainstream fosse underground.
Onze e qualquer coisa e já se houve ‘Nicotine, vallium, vicadin, marijuana, ecstasy in alchool’. Eram os New Breed a abrir as hostes. Começam logo a esbanjar o set sem tempo para sound check. E não era que o som estava do caralho??? Que brutalidade.
Pouca gente no bar ao início mas, a cada minuto passado, a pequena sala, já ocupada a metade pela nossa distro (risos), ficou bem composta e o feeling gerado em torno de nós foi do mais positivo.
O Luís cada vez mais seguro de si; a Emma, sempre a queixar-se de não estar a ouvir nada, está cada vez mais liberta e descontraída; o Arenga sempre na dele com umas marcações e atitude raras em punk-rock hoje em dia. Ok. Para aqueles que agora dizem que NEW BREED não tem nada de Punk-Rock eu respondo que GABRIEL O PENSADOR é hardcore. É tudo uma questão de atitude. Se NEW BREED é rock e tem atitude punk, porque não punk-rock? Neste caso apelidava AN X TASY também de hardcore, ehehe.
Mas a verdade é que os NEW BREED conseguem-me convencer a cada show que passa; conseguem cativar-me e ter cada vez mais vontade de actuar com eles ao vivo. Partilhar palcos com amigos é 1000 vezes melhor do que abrir para os Xutos.
Findo a actuação deste poderoso trio de Faro, vamos dar seguimento ao cartaz com a presença dos AN X TASY.
Não estávamos nos nossos melhores dias, até porque eu estava bastante constipado e mal-disposto. Tinha passado a noite anterior a beber vodka com mel e limão para matar a constipação e evitar uma gripe que pudesse afectar a nossa actuação. A noite correu bem mas no dia seguinte piorei. Estava assustado.
Levei o dia inteiro a beber chá, pingos no nariz, um whisky com mel volta e meia, lenços para assoar o nariz… preocupações a vir ao de cima.
Mas nada de mais. Estava fisicamente apto para 1 hora e tal de música mas psicologicamente estava bastante em baixo.
Começámos com a habitual ‘Positive’ (para variar) e logo de estalo despejamos a ‘De-Ja-Vu’ e ‘It’s Just An Accident’. Foram 3 temas a rasgar que deitaram abaixo o pouco que havia de mim. E seguiu-se com o resto do set.
De música para música, de whisky para cerveja, de maçã para garrafa de água, de suor para rouquidão, fui-me deixando ir abaixo por completo. O momento alto da noite chegou com ‘The Untouchable Myth’ (a nossa 5ª música de sempre… há muito que não via tanta aderência num dos temas que mais significam para mim) mas ainda estavam para vir minutos difíceis. Chegando aos últimos 3 temas eu já não me aguentava em pé e nem a minha voz se aguentava nas cordas vocais. Faltavam a ‘Lost In Words’, ‘The Drugs Don’t Work (The Verve)’ e ‘I Am Free’. Que martírio. Nunca me custou tanto tocar 3 temas em ‘palco’.
A ‘Lost In Words’ correu da melhor forma e acabou comigo em cima do balcão a tocar; a cover de The Verve, segundo o público, matou um pouco o rendimento da banda, mas eu curto em monte esta versão e a letra diz-me bastante; penso que é uma cover que serve para emitir alguma emoção nos nossos espectáculos ao vivo.
Chegou o momento final da noite: ‘I AM FREE’. Eu já mal me aguentava em pé mas esta música jamais poderia ficar de fora do set. Foi o primeiro tema da banda, a música que mais impacto tem em mim e o único tema que sempre foi tocado ao vivo em todas as actuações (excepto no ‘Jackie Chan Festival’ na Associação de Músicos em que tivemos de sair repentinamente para poupança de tempo para as bandas seguintes poderem actuar). A música correu a rasgar, para variar, e acabou com uma corda partida, um copo de vidro estilhaçado, uma bateria completamente desmembrada e dois membros da banda deitados em sobreposição no meio do chão.
Foi um feeling fenomenal, conheci pessoal do best e acabei a noite em casa de um Nélson que conheci no show (um grande ABRAÇO e OBRIGADO, irmão).
Moita é mesmo um sítio obrigatório para se passar uma noite bem passada e para não se conseguir dormir com o cheio dos sprays de Carnaval que imitam o cheiro daquilo que nos sai pela culatra (risos).
Foi até de madrugada: ‘Há o mau, o medonho, o horrível e a Moita’.
Já agora, queres falar disso?
Um grande abraço a todos e até breve.
NOTA POSITIVA = O convívio e as condições do ROCKLAB (brutal ao máximo).
NOTA NEGATIVA = O meu estado físico e psicológico em cima do palco.