Sunday, January 29, 2006

Traumas de Infância


Aqui vai uma em forma de hip-hop (com todo o respeito):

Era eu pequenino e já via televisão
O Dragon Ball era sagrado, curtia bué da acção
Ver o Songo-Ku a dar um enxerto no Vegeta
E como tudo era um mar de rosas neste planeta
Logo me apercebi que ser super-guerreiro
Era o objectivo que na minha vida aparecia logo em primeiro
Queria ser um super-heroi e andar à porrada
Faltar às aulas, ver os bonecos... Inteligência? Nada!
Foi então que comprei uma grande espada
Mas a vida mostrou-me que a realidade é uma facada (nas costas)
Um dia então fui à escola para reencontro com os amigos
Mas com tanta violência tornaram-se inimigos
Julgava que era o maior e tornei-me egocentrico
Caí na realidade, o que eu era mais era excentrico
Um dia acordei e a realidade enfrentei
Então eu questionei 'Quantos mais amigos perderei?'
Os anos foram passando e eu a ganhar maturidade
Mas na verdade esta realidade só piora com a idade
Fui aprender a disparar, meu, isto é bué da fixe
Quero ver se é verdade, o resto que se lixe
Procurei na rua uma vitima qualquer
Eu quero é matar seja homem ou mulher
Se vou preso ou não isso a mim não interessa
A policia que me apanhe que eu corro bem depressa
Mesmo ao virar da esquina, o que é que encontrei?
A minha primeira vitima que matar eu tentarei
Era um gajo muita simples mas com um fato bem caro
Sem lugar onde cair morto, o que faço? Eu disparo!
Provavelmente não tem vida, só dinheiro e trabalho
A realidade é uma ferida, o Mundo não vale um caralho...
Então... apontei a mira e foi quando disparei
Agora que fui corajoso já sei que sou um rei
Mas que merda, então não é que era a sério?
Eu a pensar que brincava com este novo império
A vitima cai ao chão e é sangue a jorrar
Eu sem saber o que fazer 'Quero mais é bazar'
Até hoje só tinha visto o Trunks na TV
Todos os dias ali sentado, só não compreende quem não vê
Mas como o ser humano já nasceu curioso
Eu não sou capaz de bazar assim do nada, sou mais perigoso
Aproximo-me do jovem que no chão gemia
Tenho de ser rápido, porque daqui nada é dia
São 3 da manhã e nem sei porque o fiz
Era tudo a brincar, agora sou dono do meu nariz
E estou por minha conta até ser apanhado
Fui mesmo atraiçoado, pela ilusão fui vingado
Ao aproximar-me do man virei-o para cima
Esta merda só tem mesmo piada na parte em que rima
Porque isto são apenas palavras inocentes
Mas puto, a realidade é bem diferente
Esta história é imaginária puramente inventada
Mas quando acontece a alguém, parece uma grande chapada
Quando virei o corpo, o que é que vi?
O meu próprio irmão, e ali eu caí
Matei o João, filho do meu pai e minha mãe
Dos que me deram vida e educação também
Fui criado e estimado pra nunca ser revoltado
Mas agora que errei não posso ir pra nenhum lado
Vou ser um fugitivo para o resto da minha vida
Ou então entrego-me já, que situação fodida
Bom, a minha sorte é que ainda tenho
Duas balas na pistola, meu, sinto-me tão estranho
Uma força superior se apoderou de mim
Disparei pela garganta e assinei o meu fim...

Isto foi apenas uma brincadeira, um desabafo, nada de mais... Na verdade esta merda pode acontecer a qualquer um... Somos todos os dias confrontados e movidos pela merda dos media... Este texto foi escrito durante o jogo do Benfica-Sporting quando via gente a gritar para a televisão, a mandar o ábitro pá cona da mãe dele, quando via gente a dizer 'XUTA, caralho', quando via gente a chorar com o 2º golo do Liedson, quando via o árbitro apitar para o final e pais a puxarem filhos de 6 anos à força pela mão como se a culpa fosse sua...
É triste, bastante mesmo...

Eu cá penso por mim, decido à minha maneira
Só tenho uma certeza: A REALIDADE NÃO É BRINCADEIRA!!!