Wednesday, August 31, 2005

The 'kid' is back...


Boas pessoal... Peço desculpa a todos os que me têm enviado mails a solicitar novos artigos no blog mas na verdade tirei 15 dias de 'férias' no que diz respeito à minha actividade 'musical'.
Parei de organizar concertos, de escrever no blog, etc...

Agora recomecei no 'activo' e já ando aqui com ideias de expandir mais a I CAN C U por outros caminhos mais longíquos... quem lê isto até parece que estou a escrever um poema...

Nestes 15 dias não parei e estabeleci alguns contactos interessantes com pessoal que antes era desconhecido para mim mas que até partilham algumas ideias similares às minhas, o que torna este projecto ainda mais real.

Para quem não sabe... dia 10 vai haver mega-concerto em Algés, organizado pela SPEAR PRODUCTIONS e... eu estou lá... Espero que vocês também.
Vai ser um dia bastante interessante com bandas deveras interessante também como TRINTA e UM, BLACK SUNRISE, BARAFUNDA TOTAL, COIRATOS VIOLENTOS e WE WERE WOLVES.

Quem perder... não sabe o que perde!

A partir de hoje vou tentar manter isto mais actualizado e ver se retorno às entrevistas com mais força... são sempre boas para partilhar ideias...

Já agora... dia 31 de Out. em Faro, na festa de Halloween da Associação de Musicos (cartaz ainda não concluido) --> BIRTH SIGNS + AETHER + 37 STABWOUNDZ ... A NÃO PERDER!

Obrigado a todos os que perderam mais 2 minutos da sua mortal existência para ler um pouco estes desvaneios da minha inconsciência...

I CAN C U is back...!

Sunday, August 14, 2005

Será que dEUS realmente existe?

... ou seremos nós que o criamos à nossa semelhança?


Por mais que possa sugerir isso este texto não tem nem um pingo a ver com dEUS, rELIGIÃO ou outra coisa qualquer relacionada com o subject.
Na verdade não acredito em deus mas nem posso criticar ou contestar quem tem fé n'ele porque eu em 10 anos acreditei na sua existência, frequentei missas, rezei antes de me deitar, fui à catequese, visitei Fátima, acendi velas em nome dos meus próximos que haviam falecido, fui baptizado, etc.
Na verdade tudo começa quando certo dia (algures em 2004) pergunto a um colega de trabalho 'Gaspar, acreditas em dEUS?', ao qual me responde 'A meu ver dEUS é a própria Natureza; a Natureza reflecte tudo o que o homem de mal lhe faz...'.

Podemos então começar por aí...

O país todo a arder, enfrentamos uma grave crise de seca (quando ainda andava a completar o meu 10º ano de escolaridade recordo-me de ter lido um artigo que dizia que em 2025 a água seria um bem bastante mais caro que o petróleo em certos países) e os 'inocentes' que se 'enganam' e iniciam incendios merecem uma segunda (3ª...4ª...5ª...) oportunidade para se enganarem enquanto se constroem mais campos de golfe.
Aliás, policiamento no Verão nas florestas nacionais é mentira, mas até se compreende... A polícia é necessária nas estradas para verificar se temos o colete nº 45xpto homulgado na lei do sei lá o quê por um não sei quantos que se lembrou um dia de nos fazer gastar mais 4€ em roupa de onde 21% entra no seu bolso; é necessária nas ruas para ver quem é o drogado que fuma um porro para ir dentro, levar pazada, chibar-se dos 'seus' e ainda ficar cadastrado; é necessária à meia-noite para acabar com os concertos organizados clandestinamente sem licenças (porque infelizmente temos de pagar para poder tocar, porque infelizmente temos de tocar clandestinamente se queremos tocar para os amigos sem cobrar bilhetes), ou então paguemos 30€ de licenças a uma Câmara municipal de um presidente que nem curtimos e onde as nossas próprias letras falam da merda que esse corrupto caga, isto é, pagamos-lhe para falar mal dele (irónico? não... direitos de autor), ah, é verdade, por falar em direitos de autor... sim, senhor, pagamos 75€ por direitos que nem se encontram registados, de bandas que nem tocam pela guita, de vândalos, de drogados, de delinquentes que no fundo até pagam esses 3 quartos de 20 cts para poder tocar em paz e 'dentro da lei' quando é a própria lei que criticam; a polícia é necessária nos jogos de futebol para acalmar o pessoal com bastonadas nas costelas daqueles que chamam filho da puta ao árbitro que até roubou um penalty que o país todo viu menos o juíz de luto em campo; a polícia é necessária nas bombas de gasolina por volta da uma da manhã a comer o seu lanche nocturno porque também merece ser alimentada...

Infelizmente onde a polícia não é necessária é de 1 de Junho a 30 de Setembro nas florestas onde realmente deveria estar toda...a zelar por algo que pertence a todos...OXIGÉNIO!!!

Enfim... o homem é isso mesmo, uma antagonia de si mesmo, o oposto de si mesmo, o contrário do que criou...

Temos o homem que constroi mas temos o que destroi...
Temos aquele que estuda até aos 25 anos, tira um curso superior, monta o seu próprio negócio, casa, tem 2 filhos, contribui para a sociedade, segue a lei, é feliz...
Mas temos aquele que foge de casa aos 16, entra numa escola armado em Columbine para matar e alastrar o panico na sociedade, destroi o negocio dos bons chefes de familia, não se casa mas molesta e ataca as fêmeas que andam por aí à solta nas ruas, não tem filhos mas sabe tirá-los aos outros, nada contribui para a sociedade, segue a lei e também é feliz...

Temos o homem que descobre e o que desenvolve...
Sim, temos aquele que descobre a cura para o cancro...
Mas temos aquele que desenvolve o virus HIV...

Temos aquele que ama e o que odeia...
Temos aquele que um dia encontrou a sua cara-metade, dá-lhe tudo quanto pode, sustenta-a, entrega-se de corpo e alma... é feliz...
Mas temos aquele que certo dia se lembrou que os pretos são todos para exterminar, desenvolve técnicas de genocídio e exterminação, mata, rouba, culpa e ainda é juíz dos seus próprios actos... condena e cria as sua próprias leis... É feliz...

Temos aquele universal e temos aquele egocêntrico...
Temos o que pensa na população, aquele que ajuda sem pedir nada em troca, aquele que dá a sua vida para ajudar os outros, que se coloca no meio de um país do terceiro mundo (como Portugal daqui a uns anos)...
Mas depois temos aquele que mete uma bomba ao peito, entra por um cinema adentro e mostra que matar é um meio para se atingir um objectivo... Tirar a vida a alguém que desconhece as razões pela qual cometeu tal acto é um meio para que passem mensagem...

Pois é...temos homens como TU e homens como EU...

Portugal entra numa ditadura... e tu fazes parte dela...

A conduzir... és obrigado a controlar o volume do carro, vestir coletes, usar o cinto, respeitar os sinais, ter o triangulo no porta-bagagens, cinco pessoas em carros de cinco lugares...

Na escola... és obrigado a estudar mas também és obrigado a pagar para estudar. Numa democracia, num país desenvolvido, isso não pode acontecer. Ou a escola é facultativa e tu pagas para estudar, se queres ser alguém, se queres ser culto para um dia poderes vir a ser um primeiro-ministro e mudar as leis à tua maneira, ou então deveria ser obrigatória mas os livros serem subsidiados pelo estado. Isto é, pagas propinas, pagas o transporte para a escola, pagas os estudos, a matrícula, a comida do intervalo, pagas o que não devias pagar... E para onde vão os subsidios que o Ministério da Educação dispõe para ajudar quem precisa?

Nos bens essenciais... IVA na comida e bebida? No vestuário? Condenem-me por esta afirmação mas... Subam o preço do combustivel, subam o preço do tabaco, do alcool, dos telefones, dos telemóveis, da internet, de todo o LUXO que possuímos e que pretendemos adquirir para ser mais do que alguém... Subam isso tudo, por favor... Não estou a ser ironico, subam o máximo que possam, Não precisamos desses bens superficiais para viver... Mas retirem todo o IVA que pagamos pelo pão que comemos, a água que bebemos, a roupa que vestimos, os livros que estudamos na escola... São bens ESSENCIAIS para eu poder um dia estar aqui a exprimir tudo o que vai na minha mente...

Na péssima divisão de conceitos... Se num livro pagamos 5% de IVA porque se paga 21% num cd? A musica não é cultura? A musica que por vezes tem uma mensagem por trás ainda mais importante que as suas próprias composições, a musica que por vezes ensina mais do que um livro? Não é a ler a APARIÇÃO na escola que podemos vir a ter sucesso no futuro; é a ler sentenças de RAGE AGAINST THE MACHINE que aprendemos com o que podemos ou não devemos contar... Sr. Saramago, receba lá o seu prémio nobel da literatura por ter feito de mim o que sou, apesar de eu nunca ter lido um livro seu devido à minha falta de tempo livre que ocupo a ouvir musica rapida, agressiva e satanica...

Na própria democracia... Onde elegemos quem nos pode comandar, quem nos pode orientar a vida mas não temos influência sobre temas como o aborto, eutanásia, homossexualidade...
Onde eu pago IRS, IVA, IRC, IXO, PTR, HGT, M.E.R.D.A., e de um dia para o outro tenho direito a um Teatro Municipal na minha cidade ao mesmo tempo que vejo a musica se foder em Faro por falta de apoios...ao mesmo tempo que vejo concertos de 400 pessoas reduzidos a 50 (!!!). Obrigado por me cederem um edificio que tantas vezes frequentarei... de bike, a caminho da associação de musicos onde passo 50% do meu tempo a desenvolver um projecto que tanto me diz...

Anarquia... UTOPIA? Um tema para desenvolver mais tarde, noutra altura... Neste momento encontro-me a ver o AMÉRICA PROIBIDA na RTP e a aprender que os pretos são maus, os nazis também são maus e o homem branco é o UNICO ser perfeito no Mundo... Por falar nisso, eu sou perfeito!!!

Agora desafio-te a responderes a esta seca e diz-me... 'Será que dEUS realmente existe?'...

Rezarei para obter uma resposta...
I CAN C U - entrevista

... UM dia UM sonho tornou-se UMA realidade ...



Pois é pessoal... desta vez foi a minha vez de ser entrevistado. Não percebo porquê, há gente que tem muito mais para dizer mas nunca se recusa algo que se é pedido com algum sentido... O projecto GRITA anteriormente entrevistado por nós foi agora quem decidiu rematar à baliza e resta-nos saber se marcaram golo ou não... Para isso aqui fica a entrevista... digam-me vocês se o guarda-redes estava atento ou se eles marcaram mesmo ponto. Obrigado mais uma vez ao PROJECTO GRITA por todo o empenho demonstrado...

AQUI VAI:

E esta semana temos uma conversa escaldante!
Não, não é com o Figo, nem com o Mário Soares, mas também ainda não sabemos como será a próxima semana dos Morangos com Açúcar!
Então o sorteado foi a I CAN C U(nderground), não precisa de dizer “Roda dos Milhões” ao atender o telefone, porque isto saiu na raspadinha!Então apanhámos o Rafael, de 23 anos e é solteiroooooo (é? Sei lá!), agarrem-se!!! wooow!
Vou-vos contar a história!
Era uma vez um monstro do repolho, que decidiu dar um passeio internético e encontrou um artigo na ZonaPunk (PunkPt.com) e decidiu ir ver!
E PUUUUUFFFF… descobriu o caminho encantado até à I CAN C U!!
E wOOOow!
Encontrou umas entrevistas bem elaboradas, penso que dá pra sacar boa informação acerca do indivíduo/entidade entrevistado!
Então, mas se I CAN C U (“to-t’a ver!”), porque não os vemos nós a eles?
E começou assim:
Ora então boa tarde Rafael, você acredita em Deus? Quer ficar com uma revistazinha pa ler?



1- Quem são/é o [I CAN C U]/anymais? E quais são os vossos objectivos? TUMBAS!

Boas Pedro… Então aqui vai...Essa pergunta tem muito que se lhe diga. Se formos a ver bem a I CAN C U não é nada, é abstracta e o mesmo se passa com os ANYMAIS. São duas coisas que têm bastante peso e significado na minha vida mas que por outro lado são apenas utopias mentais da minha inconsciência.
A I CAN C U provém de uma associação que nunca cheguei a pôr em prática que era a OMBAF (Organização Musical de Bandas e Associados de Faro). A OMBAF era apenas uma mini-associação que pretendia contar com bandas como LARVAE, KONTRATTACK, FULL OF NOISE (agora CONFRONT HATE) e OX Y GENIUS para se orientar uns concertos pelo Algarve e não só. Seria uma filial da Associação Recreativa e Cultural de Músicos de Faro mas noutra perspectiva. Tinha como principal objectivo a promoção e divulgação das bandas algarvias um pouco por todo o país com concertos por toda a parte. Infelizmente a ideia não avançou e ficamos por aqui. Cheguei a contar com 50 'sócios' que preencheram a inscrição mas nunca chegaram a dar os 10 'cores' necessários para se alcançar com a cena e então 'morreu' por aí, ou melhor... Ficou apenas na minha cabeça.
Os anos passaram, saltei de LARVAE para BLACK SUNRISE, depois para IN X FERIS, AN X TASY e agora para HIGHEST COST e decidi 'recomeçar' algo que nunca tinha sequer chegado a começar. Organizei um concerto na Associação de Músicos de Faro onde o cartaz tinha uma fotografia do Subcomandante Marcos do EZLN com a sua 'máscara' habitual de olhos destapados. E decidi dar um nome ao concerto 'I CAN C U'. Às tantas o concerto foi cancelado, as bandas mudaram, a data também mudou e decidi usar esse nome para o show seguinte. Como curti a ideia e como o pessoal gozava com a cena a ler 'I CAN cú' em vez de 'I CAN C U' comecei por usar essa denominação para os shows que organizo...e já foram uns quantos. Vamos a caminho do 20º show...o que já é bom tendo em conta que 'começamos' a organizar cenas desde 29 de Abril.
A I CAN C U sou eu sozinho mas não sou só eu que faço parte dela. São bandas como RENT A LIFE, PELINTRAS, UNFAIR, DIVE (queria dizer o nome de todas mas nunca mais saía daqui) e outras tantas que participam nos nossos shows... É o pessoal que cola cartazes, é quem empresta o material, quem orienta estadia para as bandas, quem toca por prazer e não por dinheiro, quem vê a musica como um escape para as suas frustrações diárias ou para a usar como uma arma, para quem gosta de apoiar a cena quer as bandas sejam boas ou não... Enfim... TU és a I CAN C U a partir do momento em que tens um http://www.GRITA.pt.vu , percebes onde quero chegar?
Em relação ao ANYMAIS... Eu tinha uma banda chamada BARBIE IS A LESBIAN MAN e as letras eram em inglês. Devido a várias mudanças na formação decidi então mudar totalmente o rumo que estávamos a levar e passamos a cantar em português com o nome ANYMAIS y RACIONAIS. Curti o nome pelo trocadilho e decidi deixar assim. Às tantas criei o blog ombaf.blogspot.com (acho eu, ehehhe) e intitulado I CAN C U. Para que o site tivesse todas as minhas 'ideias' em 'prática' decidi criar o url anymais.pt.vu.
O blog era suposto ser uma espécie de zine online onde eu pudesse escrever sobre o que bem entendesse, cenas que eu sentisse que fossem necessárias de dizer... Na verdade ainda só fiz umas quantas entrevistas e pouco mais porque os meus outros projectos do dia-a-dia não me permitem fazer mais... As bandas, a Associação de Músicos, a I CAN C U, o trabalho, a escola, enfim... faz tudo parte da minha vida e são prioridades que tenho de encarar e conciliar de forma a não deixar nenhuma para trás... Acho que é tudo...!!


2- Hum... quando falas na OMBAF, porque achas que o pessoal não aderiu para que a cena fosse mesmo pra frente?

O pessoal não aderiu pela mesma razão pela qual nem eu aderia nem tu o farias... A razão é simples, a falta de confiança demonstrada por parte de quem quer tomar uma iniciativa.
Isto é simples... Se te chegar um gajo que não conheces de lado nenhum a dizer que vai abrir uma empresa e que se tu adiantares 500€ ficas efectivo na mesma a ganhar 1500€ por mês...tu darias esse passo? Obviamente que não... Mas acredito que se um amigo teu te pedisse 500€ para abrir um negócio (imaginando que tinhas possibilidade de lhe emprestar essa quantia) e se ele te garantisse que te daria 10% do negócio todos os meses... Talvez acreditasses por se tratar dum amigo. Ou talvez não, não sei...
Enfim... Eu propus a cena a toda a gente e todos acreditaram que era um projecto com pés e cabeça só que quando se falava em entrar com os 10 'cores' de avanço o pessoal ficava renitente no sentido de 'será que vale a pena dar esse guito? O que fará ele com isso?'... Na verdade bastava 100 pessoas a dar 10 'cores' para se ter 1000!!! Com esses 1000 podia-se investir num som +/- para a Associação de Músicos (na sala pequena, claro) e mostrar ao pessoal que até se ia a algum lado... Depois vinham os amigos, os amigos dos amigos, os amigos dos amigos dos amigos...todos a querer entrar na OMBAF... Às tantas já tínhamos tudo para se começar a retribuir ao pessoal o 'avanço' que estes tinham dado.
Faltou sim confiança por parte dos 'interessados', que chegaram a um ponto em que deixaram de acreditar no projecto. Mas isto é básico de se ver as cenas... o projecto OMBAF 'morreu' mas a I CAN C U continua e já caminha para o 20º concerto em cerca de 3/4 meses... Isto significa que a OMBAF poderia estar a ir por aí também... a diferença é que com shows de 80/100 pessoas a pagar 3€ e onde grande parte do guito é para garantir boas condições às bandas de fora (alojamento, jantar, bebidas, cachet...) é difícil se 'fazer algum' para se apostar nesse projecto e tentar ir mais além... Enquanto que se todos tivessem entrado com os 10 'cores' era muito mais fácil e já tudo andava sobre rodas... Foi basicamente isso... pouco mais há a dizer... Vou continuando a fazer as coisas sozinho (mas faço!) a bem ou a mal... As vezes resultam, outras não, mas é tudo fruto do meu suor e isso, pelo menos para mim, significa bastante. Se houver mais gente interessada em ajudar só tenho mais é que agradecer. Até lá...


3 - Quando falas que acreditarias mais num amigo pra meter essa cena a correr, é algum tipo de critica ao núcleo de amigos em volta da cena musical que existe por ai?Mas a cena funcionou, de outra forma, cresce devagar!Simplesmente não tinham uma “estratégia de marketing” bem definida à partida, penso eu!Pelos vistos, tens marcado a diferença na cena musical ai da santa terra! Que tens a dizer sobre o que se passa à volta disso? Desde as bandas, ao pessoal que vai aos concertos, atitude fora dos concertos, será que o pessoal fica consciente e aprende alguma coisa em assistir a esses eventos?Que principais diferenças apontas entre antes e agora?

Pergunta interessante esta... Vou tentar ser o mais breve mas explícito possível...
Quando falei em acreditar num amigo não tinha nada a ver com critica nenhuma. Até nem era essa a intenção, pelo contrário. Eu mais depressa acreditava num projecto apresentado por uma banda de Faro do que por ti, por exemplo, não sei se me compreendes. Em Faro estou com eles a toda a hora e sei até onde posso contar com eles, até onde é 1 projecto com pernas para andar e até onde pode ser um fracasso... Eles também sabem o mesmo em relação a mim. À quanto tempo eles não me ouvem dizer que hei-de trazer THE WHITE STRIPES à Associação? Acredito intensamente nesta ideia mas eles não... tem tudo a ver com até onde conheces os limites daqueles que te rodeiam. Mas isso adquire-se com o tempo. Agora já vejo com melhores olhos o projecto GRITA e no entanto há quem o vá conhecer através de mim e ainda causa alguma susceptibilidade... É tudo uma questão de tempo e confiança. Tu podes confiar num amigo a 100% mas essa confiança pode acabar a partir do momento em que desaparece algo na tua casa na 1ª noite em que o convidaste para ir lá dormir... Há quem seja assim, há quem não o seja... é apenas 1 exemplo...
Em relação ao pessoal cá de baixo... Nota-se uma grande diferença de cidade para cidade mas quando toca ao Algarve e fora dele as semelhanças são mínimas. Não é falar mal do pessoal de cá mas penso que falta uma certa 'escola' ou 'cultura musical', como hei-de explicar?... Quando vem uma banda de hardcore de Lisboa e trazem algum pessoal com muito pogo e slamming a mistura... o pessoal de cá não encara bem isso e acaba sempre tudo mal. O slamming cá não existe e só vai aparecendo com a vinda de bandas como FOR THE GLORY, DEVIL IN ME, etc.. Aqui reina muito a onda do 'eu bebo, eu consumo drogas, eu fodo o pit'... e isso não é o tipo de hardcore que eu cresci a apoiar... Mas no entanto varia de cidade para cidade. O pessoal de Olhão e da Fuzeta são bastante unidos e quando PUNK C MANTEGA ou PELINTRAS toca vão todos atrás apoiar a banda da sua cidade; não há confrontos, nem desatinos, é tudo amigo, bebem os seus copos, cantam os refrões, vão para o mosh e corre tudo bem. O mesmo se passava com KONTRATTACK e NO TIME TO WASTE, entre outros. Só que infelizmente o país tem um mercado bastante fraco e isso faz com que as bandas tenham de tocar várias vezes nos mesmos sitios se quiserem tocar ao vivo. Uma banda de Faro chega a tocar 9 em cada 10 vezes em Faro, num ano!!! É um absurdo. Se vais ao historial de uma banda do Algarve é rara a vez em que saíram de cá... Mas isso é porque ninguém se mexe, ficam sentados à espera que o telefone toca... só que esquecem-se que ninguém tem esse número para telefonar. Cá ainda só temos a 'sair da toca' os Pointing Finger e pouco mais, mas é porque se mexeram MUITO e BEM na cena...
Voltando ao que interessa... as bandas tocam sempre no mesmo sitio, sempre as mesmas musicas, o mesmo espectáculo (sem alterar nada), o mesmo publico... chega a um ponto que o pessoal começa a deixar de apoiar e a banda que metia 200 mete agora 20 (!!) pessoas... tudo farta... e a musica não é eterna!
Depois há as namoradas, os filhos, a universidade, o trabalho, a 'disco'...enfim... é tudo uma questão de hábito e de rotina... Eu já ando nisto há 7 anos e não me vejo fora da 'cena' mas por outro lado já não colo os cartazes que colava à uns anos, já não invisto o guito que investia à uns meses e já não faço os dives que fazia ontem à noite... A diferença é que eu tinha 14 anos e agora tenho 23...!!!
Muda mesmo muita coisa…


4 - Pois, relativamente ao comportamento do pessoal nos concertos…. Queria saber se costumam falar de temas relacionados tipo com responsabilidade social, politica, etc, que pudessem esclarecer, alertar ou mostrar ao público o mundo a nossa volta, tudo o que nos rodeia. Mostrar que o Hardcore é uma escola, não é um circo! Mostrar que os concertos não servem só para ir lá curtir a musica, servem para ganhar consciência das cenas que se passam a nossa volta e aprender com isso!Pela forma como falas, parece que já viveste a cena mais intensamente do que agora (“…já não colo os cartazes que colava à uns anos…”, entre outros). Consideras isso como um afastamento, desmotivação ou tem a ver com maturidade? Já que falas, qual é a tua opinião em relação às “discos”?

Ora bem... Em relação à mensagem nos concertos... está cada vez menos presente... Já não se vendem zines, não se distribuem flyers, não se fala entre as musicas... Há bandas que me dizem 'Só temos meia hora para tocar? Então tocamos as 12 músicas de estalo sem paragens'. É triste mas real, a musica não passa disso, de musica...! Mas eu também não me posso queixar porque não escrevo zines nem distribuo flyers... Tento sim falar entre as musicas mas a mensagem não passa do palco, infelizmente. Depois é como o Congas diz...de que adianta falares quando só te estão a ver os teus prórpios amigos, aqueles que já conhecem a tagarelada toda de trás pá frente?
Em relação à mensagem das bandas eu também não posso nem tenho o direito de criticar. Cada banda fala do que sente, cada estilo de musica tem uma mensagem inerente que o caracteriza. De qualquer forma não tens uma dinamica tão activa no movimento como era à uns anos atrás, onde qualquer banda enchia uma sala, fosse conhecida ou não. Os bilhetes eram mais baratos e as salas enchiam mais facilmente. Actualmente é bastante complicado descer dos 3 / 4 'cores' o preço de um bilhete porque é necessario pagar muita coisa e quase não há aderencia...falamos de concertos de 80/100 pessoas, como já disse. Se eu tivesse a certeza que num show iria meter 200 pessoas acredita que nao passava dos 2 'cores' o preço do bilhete. Mas infelizmente isso não acontece, ninguém apoia, ninguém se interessa, a não ser que sejam bandas de amigos...e mesmo assim é só quando não têm nada pra fazer.
Pra te dar dois exemplos; fiz um concerto com 8 das bandas mais conhecidas do Algarve de Metal e Hardcore num festival de dois dias por 1 bilhte unico de '5 cores'... contava com as 300 ou 400 pessoas e so foram 210 (!!!), é bastante complicado hoje em dia; o segundo ponto de vista é que actualmente tens mais condiçoes para dar as bandas, tens mais spots para concertos, mais bandas a mexerem-se e com vontade de tocar mas quando chega à hora da verdade ninguém aparece.
Por exemplo, na Associação de Musicos podes ter na boa um concerto todos os fins-de-semana com bandas conhecidas no 'underground nacional' e os bilhetes bem poderiam ser de 2 'cores' por show... Ao fim de um mês gastavas 8 'cores' para ver 16 bandas em 4 dias diferentes... o que não é NADA (tendo em conta o pessoal que vai a todos os festivais de Verão). A merda é que ninguém apoia estas iniciativas e o que acontece é que tenho de fazer concertos a 5 'cores' para poder pagar tudo a todos... se quisesses ver todos os shows seriam 20(!!!) 'cores' no final do mês. O mal é mesmo esse... é ninguém perceber que a cena só cresce quando todos se unirem e fizerem por isso. Eu estou disposto a ajudar toda a gente na organização de um show, na cedencia de equipamento, no que quiserem, se falarem comigo... Mas nem isso... o pessoal não é capaz de assumir uma responsabilidade de trazer uma banda cá abaixo...
Em relação a eu não me 'dedicar' tanto como à uns tempos... Não concordo com isso, eu penso que até estou mais activo do que estava à uns tempos... Só que noutra perspectiva. Antes não tinha este ANYMAIS nem tinha a I CAN C U (organizava um show por mês e quando desse). Simplesmente antes pegava em mim e colava cartazes pelo Algarve todo. Só que infelizmente a gasolina está mais cara, a aderencia que se faz nos concertos nem dá para pagar a gasolina que gasto (e por vezes nem os cartazes!), antes contava com 4 pessoas para me ajudar e actualmente vou só com 1 (e quando vou), etc. Não desmotivei (pelo contrário...), nem é uma questão de maturidade... Porque, ok, é verdade que tenho mais maturidade, mas isso não é razão para deixar de fazer pela cena, muito pelo contrário... Por falar nisso, eu costumo dizer que a musica é como uma namorada... O primeiro orgasmo não é igual ao 15º. Do tipo, tu quando conheces uma gaja e tás com aquela fé toda, dedicas-te ao máximo, dás-lhe carinho e atenção quanto podes e é tudo um mar-de-rosas; após 1 mes começa a 1ª discussão, após 2 meses acabam e voltam passado uma semana, após 3 meses já tu sais com os amigos e ela com as amigas, passado 4 meses quase que não se vêm. Isto nem sempre é assim mas é apenas um exemplo...
O Hardcore, assim como um trabalho, assim como um hobbie, é mesmo assim... Tu não fazes hoje os 20 dives que fazias por concerto à 3 anos, nem sais de nariz partido como o mês passado, nem a cheirar a cavalo de suor como ontem... Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
Em relação às discos... não tenho nada contra nem posso... Cada um sabe de si e ninguém deve criticar ninguém. Ninguém me pode criticar pela roupa rasgada, nem pelos patches de intervenção, nem pelo facto de ter o mesmo estilo que tinha à 5 anos atrás. Assim como eu não posso criticar quem se veste à 'beto', sapatinho a brilhar, gel no cabelo e 'butes comer umas garinas'. Não meu, são cenas totalmente diferentes. O que eu critico são aqueles que na sexta-feira vão a um concerto de hardcore vestidos à 'core' e no Sábado vão para a Kadoc vestidos à 'beto'. Eu posso não ser o melhor exemplo do mundo mas a verdade é que eu tenho o mesmo estilo e forma de vestir de sempre, quer as pessoas gostem ou não. Continuo com a roupa rasgada, a sair de bike todas as noites, deixando o carro à porta de casa, a ouvir a mesma merda de sempre, com o mesmo pessoal, e a frequentar uma sala de ensaios todas as noites. É a minha vida, aquilo em que acredito, por mais que quizesse não conseguiria mudar.
Agora falando mais da 'disco' em si... o que eu não gosto na disco é apenas o facto de não ser um bom sitio para se estar...pelo menos na minha opinião. Não se aprende nada, é só engates, pastilhanços, droga a passar de mão em mão, musica que fode os neuronios a um gajo...enfim... é apenas a minha opinião, eu não aguentava... Para quem aguenta e se sente bem... Não tenho nada contra e respeito... Só exijo que me respeitem a mim também.


5 – Achas que a cena HardCore está a tomar uma má direcção?, tipo as pessoas pensam que HardCore é musica, e esquecem-se de tudo o resto à volta.

A cena hardcore em si não está a tomar uma má direcção... as pessoas que a constituem é que talvez sim. Sei que parece que vai dar ao mesmo mas não...
Tu ainda tens bandas como NEW WINDS, LAST HOPE e SIMBIOSE (cada uma na sua vertente) que duram à anos, sempre com os mesmos ideais e a acreditar no que fazem. Muitas delas quase que não têm 1 elemento da formação original e ainda tocam porque acreditam no que fazem. Nesse sentido penso que o hardcore tem a mesma direcção, a mesma força de sempre. Cada vez há mais bandas e o movimento tende a crescer... é pena que da parte do publico isso não aconteça.
Ainda há quem pense que o hardcore nacional é MATA-RATOS e TARA PERDIDA e que o internacional é HATEBREED e TERROR quando passa para lá disso tudo. Ou nunca ouviste dizer que LINKIN PARK é uma mistura de hardcore com hip-hop? Eu acho absurdo mas ainda há quem pense assim...
A meu ver as bandas têm a mesma força de sempre e acreditam nas mesmas merdas de 1995 (tirando um conceito ou outro que possa ter sido alterado) sói que o publico que vai aos concertos não está preparado para as mesmas filosofias e 'secas' de à 10 anos atrás... Temos os 'putos novos' a querer foder-se no pit, a querer ouvir a banda mais pesada com a sua t-shirt de SICK OF IT ALL (de onde só conhecem do LIFE ON THE ROPES para a frente) e a tentar não compreender o movimento. Depois temos os mais 'velhos' na cena que gostavam de poder estar em cima do palco a partilhar o microfone com a banda mas que infelizmente não passam do 'encosto na parede lá do fundo' pelo facto de esses mesmos putos não perceberem o que é o 'hardcore em si'. Faz sentido cantar a 'NEW DIRECTION' de Gorilla Biscuits nestas condiçoes?
Onde é que hoje em dia se vê pessoal a falar entre as musicas? Tipo... falar ainda falam mas será com a mesma convicção de à uns anos atrás? Tenho as minhas duvidas...
Ah...e depois há aqueles que se dizem 'do hardcore' e só conhecem as bandas que vêm a Portugal ou as que estão 'na moda'. Agora anda tudo a ouvir CHAMPION (e eu não tenho problemas de dizer que sou um exemplo disso) e COMEBACK KID, dizem que sao as melhores bandas de hardcore, porque vieram dar um grande show ao nosso país, mas no entanto nomes como VITAMIN X, MAINSTRIKE, REACHING FORWARD, CORNERSTONE (e muitas outras) passam-lhes ao lado.
Há ainda muito por pesquisar, muito para aprender, falta sensibilizar as pessoas... mas ninguém o faz... aliás... ninguém quer fazer, nem sensibilizar nem ser sensibilizado...
É esta a 'má direcção' de que tanto falas...


6 - Hm, agora mudando, com a I CAN C U, pretendes apenas musica ou tens mais cenas pensadas?

A I CAN C U não é só musica, aliás... nem tem a ver com a musica em si.
Eu curto tantas bandas que nem meto a tocar ao vivo por não 'apoiar' a sua mensagem... Mas também admito que já organizei shows com bandas de mensagens às quais não apoio... Bem sei disso...
A I CAN C U, assim como o ANYMAIS, é uma forma de eu me exprimir da melhor forma que posso e consigo fazer. Não directamente mas indirectamente... Isto é.. Eu não preciso de ir para cima de um palco falar quando posso meter bandas com maneiras de pensar e encarar a vida 'parecidas' com a minha, como por exemplo POINTING FINGER ou DAY OF THE DEAD, a falar 'por mim'. A I CAN C U passa para lá disso...
Era bom que tivessemos zines mensais e flyers para distribuir em concertos, era bom que houvesse ainda mais gente envolvida, que quisesse participar no blog, que quisesse ajudar a colar cartazes, divulgar os eventos, que quisesse trabalhar mais connosco...era bastante agradável essas situações acontecerem. Gostava de poder um dia saber que a I CAN C U organiza shows em Lisboa e eu não estar lá envolvido... Não sei se me percebes.
O hardcore não nasceu em Portugal, no entanto o movimento continua cá e onde 'nasceu' nem se imagina como vai a cena por estes lados. O mesmo acontece com o straight edge, veganismo, skin-heads, reggae, trash metal, EZLN, tudo... Tudo nasce num lado mas continua no outro. Tudo acontece por alguma razão.
Acho que a I CAN C U pode ir mais longe se todos quiserem contribuir. Melhor exemplo é o PUNK PT. Ainda me lembro quando o #punk no mirc eram só 2 ou 3 gatos pingados. Quando o site começou ninguém dava muito por ele e actualmente é um marco bastante importante para a 'cena hardcore' e não só. Hoje em dia é bem respeitado e é feito por todos os que participam no fórum, que deixam comentários, que deixam flyers, que respondem aos posts lá colocados... é esta a comunidade que deve existir... desde que não haja aqueles 'anónimos' que gostam de ir gastar o seu tráfego da ADSL que a mamã e o papá pagam a ir difamar os outros.
É bonito falar mal dos SHARPS e dos SKINS quando não se tem colhões para se aparecer num show sozinho e dizer-lhes isso na cara. É bom ter uma imagem no MSN com uma mão a esmagar uma suástica mas no entanto não se vai a um show de ideologia nazi com um casaco cheio de patches a dizer 'MORTE AOS NAZIS'. Aqui todos são livres de se exprimir desde que não interfiram com a liberdade dos outros e que não armem confusão. Na I CAN C U são respeitadas todas as ideologias, podem é não ser aceites, mas serão sempre compreendidas.
Tenho amigos de raça africana, mas tambem tenho amigos skins, tenho amigos da JSD e no entanto faço parte da JCP, tenho amigos straights e tenho amigos 'bebedos', amigos satanicos e amigos que vão à missa aos domingos a tarde, tenho amigos na Fuzeta e amigos em Faro, etc...
Era bom se se conseguisse conciliar tudo num unico espaço com o pessoal a aderir a todas as bandas... mas com a mentalidade portuguesa é bastante dificil. Eu dou-me bem com toda a gente, tenho mente-aberta, é pena que nem todos sejam assim. Eu posso não aceitar uma ideologia que me tentem impingir mas não deixo de respeitar e compreender esse ponto de vista... vivemos numa sociedade livre de expressão (quero eu acreditar que sim), não???


7- Sim, respeito acima de tudo. Já que tocas nisso, imaginemos um cenário de tourada, achas que as pessoas que as vivem e etc, merecem respeito? por um lado não estão a fazer mal nenhum porque a cena nas cabeças deles dizem que aquilo é "giro"; por outro lado estão a desrespeitar uma vida (que para eles é como se não existisse). Qual é a tua opinião/atitude em relação a isso quando só a sensibilização é quase ineficaz?

Sim, tens razão, no caso da tourada a sensibilização é quase ineficaz. Pouco mais há a fazer.. É daquelas coisas que por muito que faças e espalhes a mensagem , pouco poderá mudar.
Mas não vamos desistir só por isso... Cada vez há menos apoiantes desta tortura e tradição, cada vez há menos gente a pactuar com isto e eu até tinha fé que um dia fosse um 'negócio' em vias de extinção mas isso parece não acontecer...
Quanto a mim, em releção à tourada há apenas 3 coisas a dizer:

a) a tourada não consiste apenas na tortura praticada ao animal durante o 'espectáculo'; é uma tortura que começa muito antes quando o touro é 'alimentado' para esse espectáculo de sangue que só é iniciado perante o publico muito tempo depois;

b) não é uma 'luta' de vegetarianos e veganistas; eu como carne e não posso suportar o sofrimento de um animal desta forma; sei que a carne que eu como também provém do sofrimento de outro animal mas utilizar um ser que se mexe e respira como nós para 'animar a malta' é algo que eu não consigo suportar;

c) pactuar com a tourada é o mesmo que uma pessoa afirmar-se como contra a guerra e ficar indiferente com a tortura praticada 'ao vivo' perante os canais de televisão onde são queimados soldados, chicoteados, feridos, para sensibilizar o mundo (NEGATIVAMENTE!) que não deveriam ter entrado nesse jogo capitalista para atingir fins que não lhes pertencem;

Mas, fugindo um pouco à questão da tourada, isso até é bom... porque quando uma pessoa vai para uma guerra para 'defender a pátria' sabe que não pode voltar mas ao mesmo tempo via participar num nível de um jogo onde o dinheiro comanda as operações... e o sofrimento que é praticado ao vivo perante a TV é uma boa forma de mostrar ao mundo que tudo o que tem inicio também tem fim... tu podes tirar a vida a 150 pessoas mas alguém há-de tirar a tua... são poucos os que saem impunes... Regressando à questão da tourada a única solução será mesmo a de se fazer manifestações à porta das arenas mas o mal é que somos tão poucos (seremos?) contra esta tradição que por vezes nem dá para 'tocar' em ninguém... Falta agir mais e falar menos... só que em Portugal somos do tipo 'come e cala', criticam o aumento dos impostos, a subida da gasolina, as propinas, etc, mas quando é para se fazer 1 manifestação tens 50 pessoas na rua a lutar por direitos de 10 milhões... não chega... resultava mais quando fossem 10 milhões a lutar por direitos de 50... é assim que as coisas deveriam funcionar... Não podemos agir apenas quando algo que nos atinge não está certo... temos de pensar universal e globalmente e deixar de ser egocêntricos quando o mal não nos atinge. Ver guerra pela televisão pode ser actual mas não por muito tempo; não basta ter 'pena' das bombas que rebentam em Londres e 'saber' que jamais acontecerá em Portugal; não vamos agir apenas quando essa realidade nos atingir; o que acontece aos outros também nos deveria 'atingir', deveríamos ser mais 'activos' neste sentido e tentar mudar as coisas que acontecem aos outros antes de acontecer a nós... mas ir para a guerra não é solução, a solução é mesmo ACABAR COM ELA!!!
Desculpa se fugi um pouco à questão...


8 - De volta à I CAN C U, tens ideias de “expansão” da cena?

A melhor maneia de 'nos' expandirmos é nunca ficar parados e nunca trair os nossos ideais... Organizar shows, participar no maximo numero de eventos, estar ligado a sites como o GRITA, PUNK PT e DIRTY HOUSE, que fazem bastante pela cena...
Quero promover o máximo numero de bandas mas infelizmente o ano só tem 365 dias e todos os dias surgem bandas novas que curtia meter a tocar em cima de um palco... Mas a I CAN C U vai andando fixe...
Como já referi...em 3 meses organizamos 3 concertos e alguns com bandas 'bastante conhecidas' como Punk-Kecas, Mindlock, Ho-Chi Minh, For The Glory, Twenty Inch Burial, RJA, etc etc etc... Para além disso editamos o split cd (formato cd-r, nada de mais) de (the) Highest Cost com Payasos Dopados e agora vamos editar numa parceria com a DOPAMINA RECORDS de Espanha uma compilação com 10 bandas nacionais... 5 do Algarve e 5 de fora... Vai ser interessante poder 'ligar' mais o sul do país ao resto de Portugal...
Temos organizado um festival de dois dias, o 2 SIDES FEST e a proxima edição vai contar com 3 dias e com algumas bandas de 'nome' em Portugal...
Enfim...fazemos o melhor que podemos e orgulhamo-nos disso... A evolução depende de todos os que quiserem participar e eu sei que a bem ou a mal ainda há uns quantos a ter orgulho em entrar na cena. Tenho apoio do Ludgero que costuma fazer o jantar para as bandas (e cozinha pa caralho), o apoio do David (Get Lost e Pointing Finger) que por vezes desenrasca-me na bilheteira, pessoal como a Andreia, o Vice, o Cláudio e o Armindo, que me ajudam a colar cartazes (entre muitos outros), o Samuel que por vezes empresta material de som sem pedir nada em troca, enfim...
Como vês, a I CAN C U posso ser eu sozinho a erguer mas conto com o apoio de muita gente (muitos deles nem aperecem na lista acima) que me ajudam nesta 'luta' que tanto prazer me dá... Sei que um dia deixarei de ter oportunidade de fazer pela cena porque todos envelhecemos, amadurecemos, perdemos a vontade, mas ainda tenho 23 anos e sei que ainda tenho uns bons largos anos pela frente para fazer aquilo que gosto... APOIAR A CENA HARDCORE NACIONAL DA MELHOR FORMA QUE POSSO...


9- Achas que perder a vontade é amadurecer ou é começar a morrer? Que sentimento te preenche quando pensas em perder o “espírito jovem”?

Ora bem... Quando falo em perder a vontade é num ponto de vista metafórico... Perder a vontade nunca se perde (pelo menos eu), surgem é outras prioridades que nos ocupam o tempo.
Eu estive 2 anos sem estudar e trabalhar (à 3 anos atràs), era normal que nessa altura tivesse 4 bandas a que me dedicasse a 100%, organizava shows com mais frequência e colava cartazes pelo Algarve todo se fosse necessário.
Entretanto começo a estudar a noite, arranjo trabalho (8 h por dia), 'fundo' a I CAN C U, ligo-me à Associação de Músicos e ao Satori, enfim... A vida de uma pessoa muda. Entrar no trabalho às 8h, sair as 17h, ter 3 horas para fazer as minhas cenas, jantar às 20h, às 21h30 ter ensaios e colar cartazes das 23h30 às 01h para no dia seguinte entrar novamente às 8h...é muito puxado, meu. Mas é como dizem, 'cavalo que corre por gosto não cansa'.
Ok, pode não cansar mas pode correr mais devagar para aguentar a pedalada...
Agora imagina um gajo que se junte com uma xavala, tenha um filho, esteja a pagar casa, etc. Achas que tem a mesma força que eu? Primeiro a família, depois o trabalho, depois a sua 'força de vontade'. Um gajo ter de alimentar uma criança e estar a pagar casa não tem a mesma força nem vontade de 'dispender' guita como eu... há outras prioridades na sua vida. Eu cá me aguento porque ainda sou 'solteiro e bom rapaz' mas um dia isto tudo vai mudar e é por isso que quero aproveitar ao máximo.
Não considero perder a vontade como amadurecer nem começar a morrer... isso depende do ponto de vista.
Amadurecer só se for num sentido que na tua vida começas a ter mais responsabilidades e tudo muda à tua volta; começar a morrer só se tu perderes a vontade a 100% de fazer algo pela cena. Quantas vezes já eu não disse que 'estava farto' desta vida e que queria deixar tudo para trás? Mas achas que consigo? Não sei fazer mais nada meu... Não tenho mais nenhuma paixão. A mim custa-me ter 23 anos e não ter 'tempo' para procurar uma gaja, não saio a noite, não ando por aí feito maluco... Mas a verdade é que já começo a sentir falta disso e não tenho problemas de o admitir, só que...enfim... a musica continha a ser a prioridade e é nisso que eu acredito.
Já agora quero aproveitar a oportunidade para deixar um agradecimento bastante especial aos POINTING FINGER por me terem 'ajudado' a ser o que sou hoje... Foram eles que me meteram no caminho da música, me mostraram o que era o straight edge (de certa forma sempre o fui mas não conhecia o seu significado...), me deram motivos para acreditar que há coisas fortes na vida às quais nos podemos agarrar e que nos podem completar interiormente. É graças a ver o David a organizar shows, o Rookie a falar de hardcore, as letras do 'Tubbus', o slamming e stage diving nos concertos, que um gajo aprender o seu significado...
Meu, o hardcore é das cenas mais belas a que estive ligado, pode ter os seus podres como tudo neste mundo mas é um feeling inexplicável. É um feeling de entreajuda que não vejo em mais lado nenhum. Sem querer rebaixar as outras vertentes musicais... mas... tu vês festivais de Metal D.I.Y.? Vês festivais de Rock D.I.Y.? Eu vejo muito raramente, as pessoas parece que não têm força para se erguer... Esperam por um contrato discográfico, manager, tours, vendas, etc...
No HC não, é rara a banda que tem um cachet fixo (só aqueles já com algum nome e alguns anos nesta merda), não vês bandas com managers e as tours são organizadas por elas mesmas, o que faz a cena ter bastante significado. Mexem-se, suam e a vida tem mais valor assim... Trocam-se demos e cd's pelo mundo, vai-se tocar lá fora e traz-se bandas cá...
Meu, sinceramente, só vejo isso no HARDCORE...


10 - Sim, há coisas boas na vida, que fazem falta, mas não tens de seguir um padrão definido pela sociedade! O tempo é teu, dedica-o ao que quiseres como quiseres! Acima de tudo a satisfação pessoal, e as coisas sem dificuldades nunca tem a mesma piada! Ahaha! O hardcore é algo positivo, que nos ajuda a sentir bem, especialmente quando se concilia com um bom grupo de amigos, é altruísmo também, é assim que eu o vejo! Andar nessas andanças sozinho por vezes custa..Outra cena, eu oiço vários tipos de música (música, por MAIS algo que seja, não deixa de ser música), muito pessoal não vai aos concertos simplesmente porque a musica não lhes agrada, mesmo que se interessem a sério por muitos dos temas. Não achas que a cena é um pouco fechada musicalmente? Podiam falar das mesmas coisas, mas de outras formas (outros estilos musicais), só ia ajudar à consciencialização das pessoas “de fora à cena”. Não achas que deviam haver mais preocupações com a forma como se passa a mensagem? Ou é a necessidade que as pessoas têm de se afirmar como sendo isto ou aquilo? (“ai eu sou do hardcore, tudo o que me apetecer falar tem de ser desta forma”).Porque eu acho que o importante é a mensagem que se quer fazer passar, não temos de andar com isto e aquilo quando queremos que as pessoas saibam algo, a ideia é manter o espírito e fazer passar da forma mais receptível!Que dizes sobre isto?

Concordo com tudo o que disseste. Sei que sou bastante repetitivo nas minhas respostas e ideias mas volto à historia das zines... É necessario a informação sair da net (não é vida pra ninguem) e chegar ao papel... Tu com um papel na mão és praticamente obrigado a ler, na net só procuras o que queres. Na net só se fazem downloads de MP3's, so se procura roupa, só se vê as agendas de concertos... ninguém procura ler as letras nem a mensagem das bandas... é estranho.
Tu hoje em dia criticas por criticar, porque tens necessidade de o fazer, porque todos o fazem e se não o fizeres não fazes parte da 'cena', porque é inteligente criticar. O pior é quando criticas e não sabes o que dizes.
Fui bastante 'atacado' por amigos porque escrevi uma letra para (the) HIGHEST COST a dizer 'The vote we give, the more you live' e às tantas aderi à JUVENTUDE COMUNISTA PORTUGUESA. Enfim... Terei eu 'apunhalado' os meus ideais? Eu não vejo assim. Simplesmente sinto algo que em inglês é qualquer coisa do tipo 'bite the bullet'. Por vezes temos de fazer certas cenas para atingir os nossos objectivos. A anarquia poderia resultar mas... enquanto não há, não há que ficar parado. Se estou contra algo tenho de me aliar ao oposto, na minha sincera e humilde opinião... Se estou contra uma ideologia é sinal que estou noutro barco e tenho de remar para chegar primeiro ao porto. O facto de ter aderido à JCP não significa ser comunista ou querer ser deputado do PCP como muitos dizem, significa apenas uma forma de estar contra aquilo que não acredito ou que acredito não resultar. Percebes onde quero chegar?
Estou consciente do que escrevi tanto quanto estou consciente do que fiz... Tenho 23 anos, sei da minha vida e sei bem o que quero. Para quem ainda não me compreende comprem o dvd BATTLE OF MEXICO CITY de Rage Against The Machine e em vez de irem logo para o menu PLAY CONCERT passem pelos extras (se estão lá é porque também interessam) e experimentem ouvir o documentário e palavras proferidas pelo SubComandante Marcos do EZLN no México e o que ele diz sobre a forma como as pessoas encaram, comem e calam, o que o estado lhes 'oferece'.
Em relação à musica... Sim, penso que a mensagem deveria passar por outros tipos de musica só que infelizmente quem está fora do hardcore geralmente nem quer saber o que se passa 'por cá'.
Isto é, o pessoal do hip-hop também critica o estado, a politica, os ministros, de certa forma a mensagem è a mesma do punk mas noutra perspectiva, mas no entanto criticam e fodem os concertos de hardcore. O mesmo acontece com os 'de cá' que criticam o hip-hop. Todos juntos seriamos uma força muito maior.
Isto é uma prova de que as letras não interessam, só o estilo. Só o andar vestido de preto, os cincos com bicos ou o boné pó lado e calças arregaçadas... é uma BELA MERDA esta divisão toda...
Pior ainda é quando há guerras entre pessoal 'da mesma cena'.
As guerras começam na tua própria cidade; vês amigos a lutar entre si quando deveriam unir-se e lutar contra os de fora. Vês a MARGEM NORTE contra a MARGEM SUL quando poderiam estar unidos e lutar com os de fora novamente... Se fossemos lutando contra os que estão mais longe poderiamos unir-nos ainda mais... até ao ponto de acabarmos por nos unir com esses mesmos de fora e às tantas a cena ser tão sincera como era dantes... Não é havendo lutas entre estilos de musica que se vai a algum lado, podes ter a certeza. Fora de brincadeiras, até curtia ver uma banda PIMBA com uma mensagem política... quem sabe se não será um dos meus proximos projectos?? Quem sabe?!??! Acredita que iria atingir um publico bastante mais diverso do que os 20 amigos que me seguem em todos os shows que dou...

Aaaaaaaaaahhhhhhhhhh!!!!!!!!! Já estáaaaaaaaa!!!!!!!!!!!! Tóbrigado sô Rafael! Sô publico, espero que consigam aprender alguma coisa e tirar boas informações acerca da [I CAN C U] daqui! Ora então boa tarde e até a próxima!GRITA! (www.GRITA.pt.vu)

Obrigado a ti... GRITA enquanto podes!

Friday, August 12, 2005

ZONA PUNK - PUNK PT



... 5 anos a erguer o espirito D.I.Y ...


Ainda me lembro quando comecei a frequentar o canal #punk no célebre IRC e 'eramos' apenas 2 ou 3 gatos pingados lá. Que conhecia eu de Punk? Mata-Ratos, Tara Perdida, Censurados, Punk-Kecas, Sem Fuga e pouco mais... Pouco me chegava a 'casa'.
Entretanto cria-se o PUNK PT, um bom veiculo de promoção e divulgação da 'cena' que por aí anda e ninguém quer ver... A cena arranca e já começo a receber algum feedback nacional pela net...
Hoje em dia o que é o PUNK PT? Ou o ZONA PUNK? Quem é o 'Hugo', para além do conhecido jogo? Penso que estas respostas tanto eu, como tu, como qualquer 'punk' digno desse rotulo, consegue responder...
Mas melhor que eu para falar sobre o projecto... só mesmo o seu autor... 'o' HUGO...



1- Tendo em conta a média de 2, 3 anos que uma banda geralmente 'dura' em Portugal, e tendo em conta que o PUNK PT já caminha para o 6º aniversário... explica-me um pouco no que consiste o PUNK PT e qual o 'segredo' para tão longo caminho?

Bem, o Punk PT actualmente consiste num espaço onde todas as bandas que, de uma forma ou de outra, tenham o punk como alicerce, possam divulgar e promover o seu trabalho, bem como ser um local onde os visitantes possam estar em contacto com as novidades das sua bandas favoritas da cena punk Internacional. Disse actualmente, pois no seu inicio, e até 2002, o site funcionava somente como uma espécie de versão Portuguesa de outros que já existiam na altura (punknews.org ou punkmusic.com), tendo como principal objectivo cativar novas pessoas para este «mundo».
Ainda que os objectivos e ideias iniciais se mantenham actualmente (promover e divulgar a cena punk), gosto de pensar no site como uma comunidade onde toda a gente pode dar o seu contributo. Precisamente por isso, o molde do site, a partir de 2002, foi alterado com vista a possibilitar tal facto.
Quanto ao "segredo", bem... não creio que haja um segredo, há sim muita insistência, dedicação e confiança de que é um projecto em que vale a pena acreditar independentemente do que as pessoas dizem ou pensam e principalmente independentemente do número de pessoas que acedem ao site, que, até 2002, seriam pouco mais de 10?! :). É certo que ninguém gosta de se dedicar tanto a algo e não ter sucesso, mas sucesso era algo em que na altura não podiamos pensar. O sucesso conquista-se com o tempo e precisamente com o tempo e alguma públicidade cativante, como por exemplo a disponibilização online de concertos integrais de bandas que passavam por Portugal, como o concerto de NOFX no Pav. do Restelo, que, 2 anos passados, é ainda hoje um dos 5 artigos mais lidos do site (2500 leituras), fomos conquistando um público.
Em suma, o site tem como objectivos: proporcionar um espaço onde todas as bandas Portuguesas de alguma forma ligadas ao punk possam dar a conhecer o seu trabalho, ser um espaço onde as pessoas possam estar em contacto com as novidades da cena punk Internacional, dar a conhecer a "outros" uma cultura músical diferente da popularizada e com isso tentar conquista-los para este «mundo», e principalmente, ser uma comunidade onde as pessoas possam partilhar ideias, conhecimentos, experiências e bandas que conheçam, contribuindo assim para o enrequecimento do site e de quem o visita.


2- Por falar em popularizar vou tocar num tema que toquei na entrevista ao Congas de FTG e que nem deveria voltar a repetir mas sinto necessidade de o fazer... De que forma achas que o 'desaparecimento' do Rodrigo da cena afectou a 'comunidade punk-hc'? Um dos pilares do straight edge nacional a desaparecer de uma forma tão trágica... Até onde pensas que a sua morte pode tocar naqueles que seguiam esses 'valores' de positivismo?

Foi de facto um acontecimento trágico, mais um diga-se, não quero deixar passar esta oportunidade e lamentar também o desaparecimento, uns meses antes, do Carlos Nunes, guitarrista da banda de hardcore Out Standing. No que diz respeito ao Rodrigo, acredito que tenha sido um choque para toda a comunidade punk-hardcore, não só pelo seu papel e contributo para a comunidade como também pela filosofia de vida que durante alguns anos adoptou.
No entanto, acredito que «tudo aquilo que nos magoa e fere, mas não nos mata.... só nos torna mais fortes», e este acontecimento, na minha opinião, de certa forma uniu e fortificou a cena punk-hardcore.
Compreendo o teu ponto de vista quando contrapões a filosofia de vida straight-edge à tragica forma como o Rodrigo morreu, no entanto, a vida não é um sonho e nem vale a pena acreditar que o é, ter "valores de positivismo", como tu dizes, não é necessariamente viver iludido e acreditar que o mundo é perfeito. É um assunto um bocado dificil de comentar tendo em conta desconhecer os motivos que o levaram a pôr termo à vida, no entanto, e independentemente dos motivos, estou confiante que o impacto deste incidente naqueles que têm como modo de vida o straight-edge, so servirá para chamar à realidade quem está iludido e não terá tanto um impacto no sentido de se questionarem sobre os valores do straight-edge.


3- Falando em positivismo e em straight-edge. Já fui muito 'o straight da coca-cola e da roupa da nike'... Já consumi muita multinacional e já fui 'capitalista' no sentido de querer luxos e ter mais do que outros... Penso que todos nós passamos por essa fase. Actualmente não consumo quase nada de cafeína (um café ou outro de vez em quando e pouco mais), roupa da NIKE nunca mais usei. Não por acreditar nos valores straight-edge mas simplesmente porque deixei de o fazer... Mas que me dizes à volta que o straight-edge deu ultimamente onde já se vê straights a seguir estes exemplos, a fazer slamming num mosh pit (onde cantam cenas de NÃO Á VIOLENCIA NOS CONCERTOS), etc? Será que a 'atitude' mudou assim tanto ou o pessoal tá-se meio a cagar para o que era dantes? Ou complicando ainda mais a questão de uma forma um pouco 'absurda'... Um straight a colar cartazes para um show no ambito 'PLANETA LIMPO' quando no dia seguinte os cartazes descolam-se por si mesmos e voam sujando o dito 'planeta'? Pode parecer absurdo mas de certa forma tem um ponto questionável, não achas?

Colocas as coisas numa perspectiva interessante... mas não estarás tu a pôr demasiada gente no mesmo baralho quando são de baralhos completamente diferentes?!
Na minha opinião grande parte dos ditos "straight-edges", bem como os dos exemplos que deste, não o são por seguirem os verdadeiros principios do straight mas simplesmente por seguirem a filosofia do «Don't drink, don't fuck, don't smoke».
Convém esclarecer a minha opinião face a este tipo de movimentos... Não sou, nem nunca fui straight-edge, no entanto respeito e partilho de algumas visões do dito movimento. Pesa embora, acho ridicula a necessidade que existe nas pessoas em se afirmarem e esforçarem demasiado para pertencer a um rótulo e menos a serem elas próprias. (Isto serve para qualquer tipo de movimentos).
Compreendo e separo as bandas ditas straight-edge desta critica, porque ao se intitularem de straight-edge estão de certa forma a dar a conhecer as suas intenções como banda e as mensagens que vão enviar. Tenho pena no entanto que actualmente haja tão pouco interesse por parte das pessoas em escutar as mensagens das bandas que seguem esta filosofia de vida.. Já è raro hoje em dia assistirmos áquelas introduções dos temas em que as bandas tentavam "educar" quem as via, é raro não porque elas não tenham nada para dizer, mas porque quem assiste, embora possa não concordar com o que estão a pregar, simplesmente não respeita.
Para responder à tua pergunta... não creio que a atitude tenha mudado nem creio que o pessoal se esteja a cagar, penso sim, tal como dei a entender atrás, que as pessoas simplesmente não conhecem nem procuram conhecer os movimentos e à minima semelhança se auto rotulam de X ou Y.


4- Ora bem... E então temos politicos que mudam do PP para o PSD na esperança de ir mais longe... Ou vemos os ditos 'straights' a 'cair' de um dia para o outro... Onde quero chegar é... antes vias com muito mais regularidade um X na mão do que actualmente... tambem deveriam haver mais straights do que hoje em dia (grande parte à pala de bandas como X-ACTO, TIME X, NEW WINDS...). Hoje em dia 'cai' tudo (nao falo dos elementos das ditas bandas mas de quem as seguia) e o pessoal deixa de acreditar que é um movimento tão sincero e honesto como dizem. QUem é que se afirma como straight hoje em dia? Podem não beber e não fumar mas não se rotulam nem pintam as mãos... De onde achas que vem esta falta de convicção? Isto é, consideras a 'decadencia' do movimento straight edge culpa daqueles que o eram e cairam (e que são culpados pela falta de confiança naqueles que pretendiam ser) ou simplesmente és apologista do 'mudam-se os tempos, mudam-se as vontades'???

Humm... é um facto, hoje em dia é raro veres um X na mão, mas não creio que a "queda" do movimento straight se deva aqueles que o eram e o defendiam e depois o deixaram de ser, isso é um bocado acreditar que este tipo de movimentos são tipo religiões e que as pessoas são umas ovelhinhas e fazem tudo o que os outros dizem. No entanto, não creio que também seja fruto de uma mudança de vontades, mas somente de uma mudança de tempos. Tal como falaste no X, que era algo estético que distinguia os straights, também poderiamos falar das moicanas e de todo o aperalto que caracterizou o punk durante uma década, no entanto, actualmente, é uninanime defender-se que este tipo de movimentos não são caracterizados esteticamente, disse actualmente, porque os tempos mudaram e as coisas deixaram de ser novidade.
Para mim este tipo de movimentos têm tudo haver com atitude e não com o simples facto de usares ou não um X na mão.
E sim, podemos dizer que são cada vez menos... não por ser um movimento pobre, mas sim por apatia e desinteresse, ao que muito culpo a falta de iniciativas dos defensores do movimento.
Recordo com saudade os eventos que a Anti-Corpos organizava na SMUP na Parede, eventos que não se limitavam a simples concertos mas a festas culturais, nas quais além de X ou Y banda em palco, a contar as histórias por detrás das músicas, a defender ideologias e a apontar o dedo, tinhas toda uma série de outros focos de interesse como as habituais bancas de CD's e LP's, bancas com literatura e bancas de comida "alternativa".
Tudo isto são elementos cativantes de qualquer filosofia que se defenda, falámos muito de straight-edge, mas como pode haver mais gente num movimento quando não se dá a conhecer esse movimento às novas gerações que todos os dias aparecem nos concertos?!.


5 - Por falar em moicanos...como dizes é originário do PUNK. No entanto hoje em dia é uma cena banal que 'toda a gente' usa, vês pessoal de moicanos em discotecas, a trabalhar, a ir à escola... antigamente era considerado um 'crime' e nem tão pouco podias sair à rua sem ser descriminado. Hoje em dia é uma cena tão comum quanto um 'corte de cabelo à foda-se', ehehe... O que pensas disto?

Bem... para começar, embora esteja certo que tenhas consciência disso, é errado pensar-se que a moicana é originária do movimento Punk, é sim um facto que foi uma imagem que ficou muito associada ao Punk e que, um pouco como na altura, acabou por se tornar uma moda.
No entanto, com o passar do tempo e fruto da conquista de uma maior liberdade de expressão, deixou de ser algo ofensivo e acabou por ser um tanto ou quanto natural, ainda que, embora não pareça, não seja ainda algo que as pessoas achem de banal.
Banal é sim, e como muito bem dizes, a forma como as usam, no entanto e para responder à tua pergunta, pessoalmente, nada me incomoda o seu uso indiscriminado, a moicana é um conceito estético que foi simplesmente associado ao movimento punk, não fazendo por isso ninguem punk.


6- E quanto ao que o Pablo falou na minha primeira entrevista acerca dos 'punks do cartão de crédito'? É um pouco contraditório ter uma 'boa conta' no banco, chegar a uma caixa multibanco levantar guita para comprar roupa rasgada, patches, etc, nao? A atitude punk sempre foi uma atitude de rua, muito 'drugs & rock n' roll' e não um gajo andar 'mal-vestido', mas com telemóvel no bolso, 25€ na carteira, ir à internet e ir aos bares ao Sábado a noite... não achas? Ainda relativamente à estética... Eu penso que o moicano está para o PUNK como a RASTA para o REGGAE-SKA... se não fosse o 'movimento' reggae hoje em dia não vias rastas com tanta regularidade... No entanto as pessoas ainda são descriminadas...

Não sei porque ha-de ser contraditório... se comprarem esses "acessórios" todos porque querem e por ser assim que se sentem bem e não somente para marcarem uma posição, acho óptimo que o façam. Não será isso a atitude punk?!...
Não creio que as coisas possam ser vistas de uma forma tão linear como a que dás a entender. Não podemos comparar a actualidade com a realidade dos 70's, há que ter em conta o contexto social em que as coisas estão integradas... é natural que hoje em dia te faça um pouco confusão ver seguidores do movimento "punk" com as ditas roupas rasgadas e ao mesmo tempo com um telemóvel no bolso, ou ir à internet, quando nos anos 70 tal não existia. Os tempos são outros e a realidade é outra. Na altura, a Inglaterra vivia um periodo de crise e a maioria da população era de uma classe social baixa, actualmente, embora se fale muito em "crise", a realidade é outra e, embora haja muita pobreza, a classe social maioritária em Portugal é a média...
Não sei se estas a par das estatísticas mas, a media actual de telemóveis por pessoa em Portugal é de 2/3... não se pode dizer que um telemóvel seja um luxo.
Sim, é um facto, o moicano está para o punk como a rasta está para o reggae-ska, mas, na minha opinião, só o está por mediatização... se formos a ver, nenhuma das ditas bandas pioneiras do movimento punk usavam moicana... foi uma imagem que simplesmente se acabou por associar ao punk e, infelizmente, acabou por se tornar a imagem de marca do punk... e isso é comprovado por, sempre que vêz alguem na rua com uma moicana a primeira reacção que ouves à tua volta é: "Olha um punk"... mas, como já concluímos, não é por se ter um moicano que fazemos parte de um movimento e é por estas falsas ideias que há que afastar o conceito estético da realidade.
E sim é também um facto que hoje em dia as pessoas ainda são de certa forma discriminadas por usar uma moicana, mas isso foi algo que já dei a entender na minha resposta anterior, precisamente ao contrário do que tu deste a entender: /"antigamente era considerado um 'crime' e nem tão pouco podias sair à rua sem ser descriminado. Hoje em dia é uma cena tão comum quanto um 'corte de cabelo à foda-se', ehehe..."/.... e isso deve-se ao facto da sociedade se reger por vários padrões, sendo um deles a estética e sem dúvida a aparência de alguem é a primeira ponte que tens para opinar sobre uma pessoa. Não digo que concorde com isto, que não concordo, mas infelizmente é uma realidade que dificilmente será mudada. A única coisa que podes fazer é, em vez de tentares mudar a sociedade e travares uma luta impossivel, é não pactuares com essa discriminação.
E isso sim é fazer a diferença!


7- Ora bem... Mudando agora de assunto e regressando à musica... Antes tinhas o chamado old school, rapido, musicas curtas, letras politicas, etc... Às tantas surge a vaga do new school com as musicas com mais de 4m, mais lento e pedal duplo, letras mais 'abstractas'... Agora reinam as bandas à lá DILLINGER ESCAPE PLAN e todos vêm o hardcore (nem todos, claro!) associado à técnica. Actualmente tenta-se tocar o melhor possivel, muita tecnica, solos, notinhas harmoniosas, berraria, estrutura musical não tão directa e a mensagem vai-se ficando pelo caminho... Que me tens a dizer sobre esta 'evolução' do hardcore? Achas que regrediu ou continua em frente como à uns anos atrás?

Humm... levantas uma questão interessante de facto...
Tal como o punk-rock, também o hardcore parece estar a adaptar-se aos novos tempos... pesa embora, não vejo isso como uma regressão, uma regressão sugereria um regresso às origens e como é obviu, isso não é o que acontece. No entanto, não penso também que se esteja a perder... está diferente isso está... mudou... para bem ou para mal já é algo questionável.
Vamos por pontos...
Tens razão quando destacas as diferênças do old skool para o new skool... se o old skool era caracterizado pelos três acordes, pelas mensagens directas e a tocar na ferida, o new school, principalmente a partir da década de 90, marcou de facto uma viragem no punk-rock... ainda assim, não me parece que se tenha tornado mais lento, pelo contrário, acho-o bem mais rapido do que o old skool, muito fruto de uma maior técnica, como bem referiste. Mas isso na minha opinião é resultado de uma necessária evolução do punk-rock, não fossem estas novidades todas na sonoridade e o punk-rock teria "morrido" na década de 70. Pesa embora, se por uma lado estas mudanças todas no punk-rock voltaram a po-lo na ribalta, também fizeram dele diferente... Como muito bem disseste, as letras tornaram-se "abstractas", a mensagem deixou de ser directa, se assim não fosse, o punk-rock dificilmente voltaria a ser falado, e, ao contrário do old skool, este new skool tornou-se também um tanto ou quanto elitista. Se outrora toda a gente poderia formar uma banda punk, desde então a coisa já não é para todos, e os conhecimentos músicais já não são dispensaveis.
O hardcore aparece um pouco em resposta a esta acalmia do punk-rock, no entanto, e à semelhança do que aconteceu com o punk-rock, também o hardcore parece estár a tornar-se mais «user friendly»... ainda assim, e tendo em conta que simpatizo bastante com o new school do punk-rock, esta nova cara que o hardcore parece mostrar não me desagrada em nada enquanto mantiver o seu caracter critico... Vejo isso como uma adaptação aos tempos e a uma necessidade e desejo de alcançar mais e um novo público... no entanto, a partir do momento em que deixem de ter o seu caracter critico e valores, o hardcore deixa de ser uma resposta à acalmia do punk-rock e por sequência... deixa de fazer sentido.


8- Falas em elites... Concordo plenamente... Antes tinhas apenas 1 publico a apoiar todos os concertos... Agora tens concertos no meso dia, à mesma hora, com bandas de estilos diferentes... o pessoal separou-se... Actualmente não tens 1 concerto de 200 pessoas mas sim 4 concertos de 50 pessoas... falando novamente em evolução ou regressão... o que pensas disto? E já agora...tendo o punk raízes políticas e de intervenção como podes ter um slogan no site que diz 'No politics, no bulshit'?

Consigo de certa forma ver o positivismo no facto de haver tantos eventos num mesmo dia, é sem dúvida um sinal de evolução e também de uma certa descentralização... sim, é um facto que isso tem as suas desvantagens, hoje em dia e ao contrário de antigamente, as pessoas deixaram de se reúnir todas num só evento e os concertos estão quase sempre às moscas. Ainda assim, não me parece que a causa disso seja a existência de uma maior possibilidade de escolha, acho que muitas vezes resume-se a pura preguiça de quem diz gostar de punk-rock Estes exemplos só nos mostram o quão é pequeno o movimento punk em comparação ao conjunto de pessoas que dizem gostar de punk.
Respondendo mais concretamente à tua questão, eu vejo isto como uma evolução, no entanto, penso que poderia evoluir ainda mais se existisse uma maior união e entre-ajuda por parte de quem organiza concertos e evitar que, ao invez de se ter 3 ou 4 concertos no mesmo dia e na mesma região, se juntassem esforços e fizessem um só concerto.
Em relação ao slogan, levantas uma questão interessante... antes de mais há que interpretar o slogan na sua totalidade, tu realçaste a parte "No politics, no bulshits"... eu realçaria o "Promoting Free Thinking"... explicando isto melhor, esse slogan serve somente para elucidar as pessoas que o espaço em que entraram não pretende ser um espaço de fazedores de opiniões, nem um espaço onde se faça a cabeça a alguem, mas somente um espaço onde se dê realce à música... porque a música foi de facto o maior veículo que existiu para promover o punk e os seus ideais. Se eu me pusesse a usar o site para opinar sobre X ou Y corria o risco de monopolizar o site com a minha maneira de ver as coisas e de certa forma acabaria por não dar hipotese àqueles que possam pensar de maneira diferente de mim... para fazer isso, secalhar bastar-me-ia ter somente um forum onde as pessoas pudessem discutir...
Eu prefiro dar a liberdade das pessoas pensarem o que quiserem.
No entanto, nao me incomoda nada que TERCEIROS escrevam artigos de caracter critico ou politico, ainda que seja raro acontecer, quando acontece, normalmente até são públicados, não quero é, sendo eu o responsavel do site e tendo eu o poder de certa forma, se o desejasse, monopolizar os conteúdos do site, não pretendo também impôr a minha forma de pensar... o slogan não está de forma alguma a separar o caracter critico, do punk... está somente a informar que naquele espaço o tema abordado é música e os ideais de cada um são lá com eles.


9- Falando mais no punk pt... Para quando um festival PUNK PT (por ex. na Associação de Musicos) organizado por ti e pelo site com 2 ou 3 bandas de 'nivel'?

Hum... festivais punkpt...sabes... a ideia está cá... e já esteve bem mais perto de se realizar, tal como enúmeros outros projectos que infelizmente por falta de recursos nunca chegaram a ir avante... já "organizámos" de certa forma um evento aqui há tempos, um concerto de K2O3 e Triple Plugs no Lotus, no entanto, embora tenha corrido tudo bem como concerto, organizacionalmente a coisa não correu da melhor forma... o problema que se põe é que de certa forma o que me impede de concretizar todas as ideias que possa ter é o facto de o site trabalhar um pouco na onda do «One Man Army»... não sei se sabes, nem se quem nos lê sabe, mas o site é isso mesmo... um exercito de um... eu sou a única alma criativa e trabalhadora do site, pesa embora actualmente até sejamos três individuos, somos três individuos com funções totalmente distintas, um desenha logos, outro escreve reviews de Ska (desde julho de 2005) e o resto está entregue a mim... é um bocado complicado levar avante outras iniciativas... e ideias é o que não faltam.


10º Sendo um site de FREE THINKING... Admitirias que eu escrevesse um texto a promover a tourada, a incentivar ao consumo de drogas, a aconselhar as pessoas a aderirem à JSD?

Essa questão tem a sua piada e percebo onde queres chegar... mas a resposta seria naturalmente não...
Embora o site promova o livre pensamento, não quer com isso dizer que se abstenha dos ideais que estão de certa forma associados ao punk... e eu, em complemento às razoes que enumerei anteriormente, de forma alguma permitiria que o site service de meio para promoção de ideais políticos e/ou partidária, fossem eles da ala que fossem. Isso na minha óptica acabaria com o "Free Thinking" que defendo, pois como artigo central estaria de certa forma a impor-se. O que de certa forma é o que peca em sites mais dedicados a essa linha, acabam por se tornar demasiado tendenciosos.
No entanto... se esse artigo fosse colocado não na página central mas no Forum aí não me oporia, porque, ao contrário do fórum, os artigos de página central não são públicados directamente, são sujeitos a uma revisão prévia.


11- Agora num sentido mais 'cru', como vês as picardias actuais entre skins e sharps? Cada um com a sua ideologia e significado e no entanto não sabem marcar uma posição à base do respeito, à base de tentar sensibilizar o outro lado para a sua 'luta'; por outro lado confrontam-se em shows (oden deveria estar tudo apenas a curtir a musica que é tocada e a trocar ideias) e por vezes estragam os spots. NO outro dia houve um show na Fuzeta, num spot novo, e houve pessoal de Faro e da Fuzeta que se desentenderam, o que deu origem a não se poder mais organizar eventos lá. É triste porque assim fecham-se mais portas e cada vez mais se ouve dizer 'não há sitios para se tocar', mas quando há são fodidos pelo pessoal que se queixa... Não é contraditório? E por falar em SHARPS... SKIN HEADS AGAINST RACIAL PREJUDICE... mas utilizam a 'força' para atingir os seus objectivos... não serão tão 'culpados' como os skins? Mas o pessoal só fala de skinaria e estes são sempre os bodes espiatórios da 'cena', quando algo dá pro torto são eles os 'maus da fita'. Que te parece isto tudo?

Já è ridiculo confrontarem-se para imporem as suas ideias, pior é, quando ao fazerem-no prejudicam quem os rodeia. No entanto, este tipo de confrontos sempre foi caracteristico dos Skinheads, já desde as suas raizes, com os «mods», nos anos 50, que os confrontos eram imagem de marca do movimento.
O movimento skinhead sempre foi um movimento que me intrigou, mais me intriga o facto de terem sentido a necessidade de criar "subdivisões" no próprio movimento. A necessidade de uma divisão sobre o nome de SHARP, embora a compreenda face ao rumo que o movimento levou, não deixa de me fazer confusão, quando para mim o movimento skinhead nunca teve nada haver com racismo nem politica. Se por um lado, nos anos 60, o skinhead estava bastante associado à música reggae/ska, música já de si caracteristicamente negra e, sendo grande parte dos seus membros inclusivee individuos de cor, actualmente, vemos o skinhead associado ao racismo e ao nacionalismo e o «espirito de 69» parece ter morrido completamente.
Mas um pouco como o punk, a culpa disto tudo é dos media...
Tal como os media levaram o punk ao auge e algum tempo depois tentaram acabar com ele, também os media fizeram do movimento skinhead racista e nazista.
Não que ele o seja, porque não o é... a facção racista e nazista do movimento skinhead é minima. Ainda assim, é também a mais falada e talvez por isso, aquela a que as pessoas associam mais. Curiosamente, tem também um grande poder de "sedução", muito à custa das claques de futebol e da ignorância daqueles que o integram, que nada parecem saber sobre o movimento.
O mais curioso nisto tudo é que, embora nunca tivesse sido dada grande importancia ao lado politico no movimento skinhead, o que distingue e acaba por originar chatices entre as varias subdivisões do movimento, desde Trads, RASH e Redskins, SHARP e Skins Nazis, é precisamente o lado politico...
Enfim... qualquer movimento que use a força para impôr os seus ideais é um movimento pobre.
Para mim o movimento skinhead ha-de ser sempre um movimento multi-racial e multi-cultural.


12- Por falar em integrar 'grupos' sem entender o seu próprio movimento... Vemos anarquistas com o A escrito nas capas dos cadernos e no entanto quando lhes perguntas o que significa a anarquia dizem que é apenas não haver ninguém à frente do país; quando vês um straight com X na mão diz-te que o straight edge é apenas não beber e não fumar; quando vês claques com os SS ou a cruz celta/suástica nas bandeiras dizem-te que é apenas um símbolo que os caracteriza; quando vês pessoal a dizer que adorou ver o 'America Proibida' ou pessoal com cruzes suásticas 'censuradas' no patche do casaco, dizem-te que são anti-nazis mas nem te chegam a explicar porquê, associam o movimento NAZI ao Hitler e 'actualmente não existe', o que é absurdo; quando vês pessoal 'punk' (voltando a conversa da disco) num concerto D.I.Y. e no dia seguinte numa disco, dizem-te que são a mesma pessoa mas apenas se vestiram 'bem' para poder ir à discoteca com amigos; também já vi straights a enrolar ganzas para os amigos fumarem, já vi...enfim...de tudo um pouco... O que te parece isto tudo? Hipocrisia ou apenas outra forma de encarar estes assuntos?

Hipocrisia, ignorancia, influencia ou simples seguidores de modas... quem sabe... tu ainda te deste ao luxo de os chamar pelos nomes dos "grupos" que supostamente representam, eu, consciente dessa realidade, jamais os trataria assim.
Mas vou-te ser muito sincero, como já te disse anteriormente, acho ridicula a necessidade que existe nas pessoas em se afirmarem e esforçarem demasiado para pertencer a um rótulo e menos a serem elas próprias, no entanto, compreendo que certas pessoas tenham necessidade de fazer parte de um grupo, infelizmente, para muitos, ser parte de um "grupo" é a única maneira que eles têm se sentirem bem com eles próprios e de, de certa forma, se sentirem parte integrante de alguma coisa... lamento no entanto que, essa terrivel necessidade de integraçao, os leve a nem se darem ao trabalho de conhecer os grupos com os quais à primeira vista se sentem identificados ou que são influenciados a pertencer.
Uma correcta analise disto implicaria estudar um pouco o assunto e conhecer os factores que os levaram a apelidar-se de algo.
A melhor coisa que podemos fazer por eles, ao invez de os censurarmos, é, já que se acham parte de um "grupo", chamar-lhes à atenção e educa-los um pouco mais acerca daquilo que dizem ser. Elucidados daquilo que pretendem representar, então dar-lhes-ei o beneficio da dúvida e deixar-lhes-ei seguir o seu rumo...
Eu tenho uma opinião muito própria acerca desde rótulos todos... para mim, estes rótulos só deveriam ser usados por quem julga e nunca pelos julgados... a partir do momento em que nós nos rotulamos de alguma coisa deixamos de ser nós próprios e passamos a ser estereotipos de algo... em suma... perdemos a nossa individualidade, tornamo-nos «close minded».
Enfim...
Recuso-me a censurar alguêm pela sua ignorância.


13- Então quer dizer que para ti é normal um seguidor da filosofia straight-edge pensar 'apetece-me beber uma imperial mas não posso porque sou straight' ou 'condenas' este tipo de pensamento? Ser straight pode ser benéfico no sentido de não te 'foderes' por dentro mas por outro lado deve ser sentido e não forçado... ou achas que mesmo forçado é um bom caminho a seguir? As pessoas devem sentir o que são ou tentar ser melhor mesmo que isso vá contra a sua vontade???

A tua questão tem em si a resposta à mesma... e eu não poderia concordar mais...
Nada que seja forçado é bom para ninguem... acho que as pessoas devem fazer e ser aquilo que querem e não aquilo que a filosofia de X ou Y grupo diz que se deve fazer... Ainda que a filosofia desse grupo seja a melhor possivel, se não a segues por convicção então é preferivel não a seguires.
Ainda assim, acho óptimo que um seguidor da filosofia straight-edge queira beber uma cerveja, só mostra que não está preso a um rótulo e que ainda pensa por si... mas esse facto só por si, na minha óptica, não implica que não possa de certa forma seguir a filosofia straight-edge, é certo que já não poderá ser considerado um straight-edge, mas isso não impede que siga tudo o que sobra de bom de uma filosofia de vida como o straight-edge.
É preferivel não seguir um passo do que não seguir nenhum... com o tempo e com alguma força de vontade a coisa acabará por acontecer naturalmente... pois é assim que devem acontecer... naturalmente.
Continuando a questão... as pessoas devem sempre tentar ser melhores do que são, mas nunca contra a sua vontade e para isso ser possivel é preciso as pessoas sentirem o que são.
Mente sã, corpo são.


14- Estamos quase a chegar ao fim, faltam apenas 2 perguntas... Até onde consideras necessária uma revolução no nosso país? Não falo numa revolução de rua mas numa revolução mental, uma mudança de ideias e de politica... O país está a entrar numa crise de valores onde já ninguém acredita em nada, todos comem e calam e ninguém expressa a sua opinião... Penso que vivemos numa ditadura, não do estado mas sim da mentalidade das próprias pessoas que parece já não ter 'forças' para ripostar contra algo que lhes é imposto... De que forma sentes que o ZONA PUNK tem influencia nessa 'mudança', se é que achas que tem?

Acho extremamente necessária uma revolução... mas nem tanto nas pessoas... a minha revolução dirigir-se-ia a outro poder, ao actual maior poder da sociedade... Eu sinceramente não acredito que as pessoas não tenham consciência das coisas... eu prefiro "apontar armas" contra os media, porque na minha opinião, a sua falta de isenção é a maior ameaça e a principal causa para a dita crise de valores. Infelizmente, a maquina que são os media usou as pessoas como o seu combustivel e hoje acabam por ter uma relação simbionte.
Como já anteriormente referi, foram os media que levaram o punk ao seu auge, da mesma forma que foram os media que criaram a tal ideia do "punk is dead", não porque ele realmente tivesse morrido, mas porque eles, os media, deixaram de o alimentar, pressionados pelo facto de estarem a dar atenção a individuos que nas sua músicas e entrevistas criticavam e de certa forma mandavam abaixo o conceito da actual sociedade. Da mesma forma, foram os media que alimentaram o revivalismo punk, um lado do punk, onde a mensagem já não era tão ofensiva e por consequência mais aceitável.
Mas deixando a música um pouco de lado, temos outros exemplos... toda a gente tem consciência da pobreza que existe, no entanto, enquanto não a virem escarrapachada na TV é como se não acreditassem... No dia seguinte, somos capazes de ver as consequências dessa reportagem quando são divulgadas a quantidade de contribuições que se deram... outro exemplo, de volta à música, o recente Live8, onde as pessoas se fartaram de mandar SMS's para "supostamente" ajudar os paises pobres, quando no fundo, queriam era ver o sei nome a passar em rodapé...
Em suma, acho que uma revolução é de facto necessária, mas contra os media... e já que não se pode acabar com eles, porque, por muito pouco isentos que ainda possam ser, muitas das vezes ainda servem para alguma coisa, ao menos usa-los para apelar às causas, da mesma forma que, inteligentemente, os Sex Pistols o fizeram... relegando para segundo plano se foram ou nao a primeira banda punk, são e foram sem duvida a primeira a ser mediatizada e de certa forma por isso, a responsavel por todo este movimento.
E sim, acho que de certa forma a Zona Punk tem a sua influência... ainda que esta não seja como alguns gostariam que fosse e nem de uma forma tão directa como sites de carácter mais interventivo, politico e libertário, acho que até certo ponto consegue ter mais influência que os ditos...
Como já fiz questão de dizer anteriormente, na minha opinião, esse tipo de sites, embora louve e apoie a sua iniciativa, pecam por se tornarem demasiado tendenciosos... e aliado a isso, está o facto de, ao contrário da Zona Punk, acabarem por se dirigir e atingir um público alvo que de certa forma já compadece com os ideais ali defendidos. Quero com isto dizer, que, o raio de acção acaba por ser mínimo e acabam por perder tempo a tentar convencer quem já está convencido e não a convencer quem tem que ser convencido...
Na Zona Punk, e a meu ver, tal não acontece. O nosso raio de acção é muito mais global, uma vez estarmos a usar como mecanismo de propagação, a música... Não é à toa que a música está desde sempre associada ao punk, pois, foi e é, o seu maior veículo de promoção... quero com isto dizer que, de um forma ou de outra, e uma ves promovermos o lado músical da coisa, a mensagem/ideal acaba sempre por passar, no entanto, sem se fazer impôr, dando liberdade às pessoas de escolher. Poderás, e compreenderei, partilhar da opinião de outros quando dizem que nem todas as bandas de que o site fala são bandas verdadeiramente punk e muitas delas nem mensagem têm.... é um facto, mas há que ver a coisa por outro lado. Quem diz pop-punk diz emocore, etc..., embora a sua sonoridade e objectivos não se assemelham aos que outrora caracterizaram o movimento, acabam por ter um ponto comum... a sua origem. Ao apresentarem-se de uma forma tão «moderna», esse tipo de bandas acaba por conseguir tocar um público diferente e ao faze-lo vai provocar nas pessoas um gostinho por aquele ritmo e consequentemente po-las a procurar bandas semelhantes, o que, invariavelmente, vai acabar por leva-los às suas origens... o punk.
Pode parecer uma teoria um tanto ou quanto irrealista... mas se aconteceu comigo, porque não há-de acontecer com outros.


15- Para terminar... imaginemos que entravamos numa ditadura em Portugal... Que a partir de amanhã regressavamos a um periodo antes do 25 de Abril... Não podias expressar a tua opinião, não podias pertencer a partidos politicos que não fossem o do 'poder', não podias tocar musica de intervenção... Como achas que a filosofia PUNK iria encarar esta 'realidade'? Seria extinta (visto que o PUNK subsiste essencialmente da mensagem) ou achas que isso não afectaria em nada a musica (o que acho dificil se tivermos em conta que a GRANDOLA VILA MORENA nem sequer podia rodar nas rádios)?

Extinta... hummm de forma alguma, acho que também não afectaria em nada a música, isto porque a música é muito mais do que aquilo que os media querem mostrar... o punk é prova disso, os media deram-no como morto no entanto cá estamos nós 30 anos depois a falar e a discutir sobre ele.
Se mesmo com a ditadura que reinou em Portugal foi possivel uma revolução como a do 25 de Abril, porque haveria com uma nova ditadura o movimento punk morrer?!... aliás, não terão tido uma atitude muito punk os líderes da revolução e todos aqueles que lutaram pelo fim da ditadura?! O Zeca Afonso e muitos outros artistas e individuos da altura não deixaram de escrever textos de intervenção só porque eles não iam ser mediatizados, o movimento punk tal como o movimento da revolução tem outros métodos de cativar e apelar à consciência das pessoas, temos as zines e todo um leque de soluções para propoganda política que são sem dúvida uma alternativa aos media e que já provaram ter uma força incrivel.


Como SEMPRE ouvi dizer... PUNK'S NOT DEAD... JUST DO IT (yourself!)


Wednesday, August 03, 2005

Esta semana...


Banda da Semana - FOR THE GLORY
Álbum da Semana - 'Issue VI' (Dew-Scented) --> FE-NO-ME-NAL
Música da Semana - 'Deus, Pátria e Família' (Mata-Ratos)
Frase da Semana - 'Toda a vida é assente em pilares que só fazem sentido quando tu os vives da maneira certa e não os forças' (Congas, FOR THE GLORY)
Site da Semana - http://smart.tin.it/luccacos/wewerehumans/WWH_portugues.htm


Obrigado a todos mais uma vez!!!

Tuesday, August 02, 2005

Um fim-de-semana d'ARRASAR

- Concertos, Convivio, 'Cualidade' -


Pois é pessoal... Para quem se admirou pela minha ausência durante a semana ao não escrever nada para o blog... O que se passa é que realmente não tenho tido tempo. Os concertos que aconteceram durante o fim-de-semana transacto deram comigo em louco (no bom sentido). É capaz de ter sido o melhor fim-de-semana de SEMPRE da musica no Algarve (pelo menos um dos melhores, foram 3 dias para nunca mais esquecer).

Em relação a bandas... tenho de destacar aqui (sem tirar o mérito a todas as outras... acho que não houve nenhuma banda que não tivesse curtido) três bandas que me deixaram boquiaberto:

SYNEAD
RJA
FOR THE GLORY (mais uma vez regressam sem a formação completa... se na 1ª vez vieram sem baixista, desta feita foi sem a 2ª guitarra... mas isso nem se notou com o feeling com que a banda se dedicou em cima do palco)

Em baixo penso que dá para perceber porquê...

De show para show...


FOR THE GLORY + Synead + RJA + Clean Spirit - ASSOC. MUSICOS (FARO)
- 29.07.05

Um concerto 'daqueles' que só acontecem na Associação de Musicos. Uma centena de pessoas, um som bastante DIY, muita cerveja pelo chão e sempre 1 ou 2 bandas 'novas' que deixa o pessoal naquela 'mas quem são estes gajos? que som...'. Desta vez tivemos os 'surpresos' para os SYNEAD. Foram bastantes os que ficaram impressionados pelo poder desta banda em palco. Muitos foram os elogios e muita vontade que eles voltassem foi demonstrada pelos presentes.
Quanto a mim quem rulou nesta noite foram mesmo os RJA, não é que tivessem estado melhor do que as outras bandas...nada disso. Simplesmente deram um show a partir (tendo em conta que chegaram à Associação às 22h e nem deu tempo para os cumprimentar... foi subir, tocar sem check sound e arrasar). O que mais me impressionou mesmo foi a atitude revelada em cima do palco (covers de Ena Pá 2000, Mata-Ratos, Censurados, etc) e a entrega ao publico bem correspondida pelo mesmo. Clean Spirit deu um concerto normal, casa ainda a meio, mas com a atitude a que sempre nos habituou o pessoal de Estoy. 'Kêmado' e companhia a mostrar o 583 em acção. Quanto a Synead, sim senhor, confesso que nunca os tinha ouvido e que espero ouvi-los muito mais. 'Partiram' por completo a Associação e o publico que veio de Portimão (e não só) para os ver. Foi mais 'um daqueles casos' de 'boa noite, somos os ******, viemos para tocar, partir e bazar... e deixar todos a aguardar por um regresso nosso a Faro'. Assim foi. Quanto a FOR THE GLORY...hum... nem queria falar sobre eles... será que vale a pena? Deram um show tão bom como na 1ª vez que passaram por Faro, mas noutra perspectiva. Foi um set curto mas bastante poderoso e sempre a abrir. O publico foi ao rubro com temas como 'Drown in blood' ou 'Somethings won't last forever'. Foi pena o azar que abateu o baterista Miguel ao ter problemas a nível fisico num dos ombros que dificultou a sua actuação...mas, claro, sem ninguém dar por isso... Enfim... Que haja mais concertos destes por cá, são sempre bem-vindos.


KONTRATTACK + Clean Spirit + Confront Hate + No Time To Waste + RJA + (the) Highest Cost + Synead - ESTOY
- 30.07.05

Este foi, SINCERAMENTE, o concerto mais D.I.Y. e PUNK-ROCK em que participei até hoje.
a) o som foi arranjado a menos de 24h do concerto, foi algures durante a actuação de SYNEAD no dia anterior;
b) do cartaz colocado nas ruas às bandas que actuaram nessa noite houve algumas (bastantes!) alterações;
c) 1ª vez em que assisti a um show com um som tão bom para fora do palco mas tão mau lá em cima... não havia um UNICO (!!!) monitor para as bandas e eu não ouvia nada a não ser um prato ou outro em cima do palco;
d) devido ao facto de o meu 'frito' vocalista Ruben se ter fodido no dia anterior na Associação tivemos de actuar como 1 trio. Cantei e toquei guitarra para não ter de cancelar a presença no fest... Enfim...DESGRAÇA TOTAL. Como diria o meu amigo GIL dos ERVAS DANINHAS... foi 'muito barulho e muita confusão'.
e) apesar de tudo... CURTI BUÉ!!!

Primeiro sobem os SYNEAD que, quanto a mim, deram um show ainda melhor do que na Associação. O problema foi mesmo a falta de publico para responder a este excelente projecto do nosso Algarve. Depois fomos nós e a seguir regressam aos palcos algarvios os RJA para mais um show de partir a rocha.. muito bom. Tocam os No Time e de seguida vieram as duas bandas que, quanto a mim, melhor estiveram em cima do palco: KONTRATTACK e CONFRONT HATE (com Clean Spirit pelo meio...que infelizmente não tive oportunidade de ver, assim como meia actuação de No Time). KONTRATTACK e CONFRONT HATE foram duas bandas que tocaram como só eles sabem fazer e que devem ser respeitados em Faro não só pelo que tocam mas pela forma como tocam. Bastava mesmo assistir ao Fasutino e ao David Rosa do lado dos 'metaleiros' em cima do palco ou então a um Hélio-Tttack a trashar um bom cover de Terror. Enfim... que show!
Que haja mais Festivais de Punk-Hardcore em Estoy todos os anos e com mais tempo de antecedência e dedicação por parte de todos para que pró ano seja ainda melhor. Foi mesmo alte cena de convivio que me tocou no fundo. O unico senão foi o exagero de bandas na mesma noite o que se tornou mesmo uma grande seca para alguns (eu sou 1 exemplo disso). Não consegui estar das 22h às 02h30 colado ao palco a ver 7 bandas a tocar mais de meia hora cada uma. Também se notou bastante a falta de pessoal mas era um fim-de-semana com muitos concertos (e com as mesmas bandas!) o que fez o pessoal dispersar-se um pouco...infelizmente os 21% de IVA não nos permitem ter 'paka' para ir a todos...


FOR THE GLORY + No Time To Waste + Pelintras + Punk C Mantega + (the) Highest Cost - Esc. Primária da FUZETA
- 01.08.05

Sinceramente... que ORGANIZAÇÃO!!! Foi tudo do melhor... Jantar, palco 'à la Rock in Rio', som 'à la Festival' e boas luzes... Nunca toquei num palco com tão boas condições quanto este. Muito pessoal a aderir, senti-me em casa como raramente acontece e isto é mais 1 prova de como o punk-hardcore consegue ter um feeling tão bom quanto estar em casa a dormir e a sonhar com algo que gostamos bastante... Pode ter sido um exemplo sem nexo mas a verdade é que este concerto tocou-me no fundo e é daquelas cenas que hei-de recordar com os meus 80 anitos... Graças ao Bruno Mantega e a todos os que envolveram a sua organização.
Subimos ao palco as 21h45 e tocamos tudo de estalo como sabíamos...
Sobem então os Punk C Mantega. Foi pena as grandes faixas que deixaram de fora e que todos sabiam cantarolar mas houve tempo para mosh (talvez o mais intenso da noite...juntamente com os Pelintras...enfim...não serão mesmo estas as 'bandas da casa'??). Tocaram faixas novas das quais destaco a 'Ser Natural' que me partiu todo. No final terminam com a tão aguardada BAIRRO DOS ALIADOS, aclamada pelo publico, e, quanto a mim, um dos melhores temas destes olhanenses.
Sobem então os Pelintras... A tocar em casa foi a banda que mais publico teve e mais correspondência... Tocam cerca de 8 ou 9 temas ao melhor nível punk-ska e terminam com um cover fe-no-me-nal de BOB MARLEY ao qual ninguém ficou indiferente...
No Time To Waste... um daqueles casos de sucesso no Algarve. A banda melhora a cada dia que passa e é em palcos grandes e com 'sons destes' que conseguem mesmo demonstrar o que valem... Tocaram tudo o que havia para tocar (nem tudo...mas pelo menos as que eu pretendia ouvir, ehehehe) e 'provaram que não há nada a provar', são sem duvida, uma das melhores e mais coesas bandas algarvias de punk-rock. Parabens.
FOR THE GLORY... partiram, arrasaram, impressionaram. Foi pena a falta de publico que já se ia dando às 24h30 quando subiram ao palco. A verdade é que o show foi bastante bom e o slamming e mosh pit (bem composto) foi 1 bom exemplo e boa resposta a isso. Debitaram os seus temas como só eles sabem fazer, apresentaram malhas novas, e...enfim... pouco mais há a dizer. Os meus mais sinceros PARABÉNS e agradecimentos...

Enfim...depois desta seca toda resta-me apenas agradecer-vos por terem conseguido ler isto até ao fim. Continuem a apoiar a cena, que felizmente, parece estar a crescer novamente de dia para dia, e deixem criticas aqui no site para que possamos melhorar.

Aqui ficam algumas deixadas por pessoal que tocou/assistiu aos concertos e espero ver mais amanhã quando cá chegar, ok?

--- Este mês vamos ter 'por aí' concertos de Punk Sinatra, Tara Perdida, The Temple, Banshee and Something Else We Can't Remember, etc... Para mais informações...contactem-me! ---


Criticas ao fim-de-semana!!!

(Congas, vocalista de FOR THE GLORY)
Apesar de FTG ter cancelado um dos shows devido ao facto do Miguel estar aleijado no ombro é sempre bom ver as pessoas mexerem-se por este movimento de contra-cultura-underground, quebrando barreiras e fazer algo de inovador para cativar a atenção de miúdos novos a uma realidade diferente da que provavelmente estarão habituados. Para mim foi um passo importante para a cena punk hardcore algarvia, adorei a forma de como tudo se desenrolou nos shows, as condições e tal, e foi muito bom poder trocar ideias com pessoal e poder falar (em palco) sobre cenas que de outra forma não iria falar, a musica continua a ser uma arma e é isso que nós usamos através da nossa palavra, letras e da nossa revolta e apatia das pessoas no dia a dia. foram duas noites importantes pela variedade e ao mesmo tempo a ligação uniforme a que estamos sujeitos por vivermos na mesma realidade.

(Andreia Silva, FARO)
Nada melhor que um bom fim-de-semana recheado de concertos... onde o pessoal se pode juntar e curtir todo junto. Enfim, iniciativas destas é o que precisamos e acima de tudo bandas como estas... Espectacular... Sem palavras... Acho que resume tudo... 3 dias sempre a bombar... Acho que só podemos é agradecer às bandas...à organização acima de tudo...e um agradecimento muito especial à camara municipal da fuzeta...que ao contrário de muitas...como é o caso da de faro... se prontificou a ajudar e acarretar com os custos dum concerto deste tipo...infelizmente não apoiado por muitos... sempre a apoiar a cena... e na esperança de muitos mais... este fim-de-semana só significou que o punk-hardcore continua vivo para muitos... e excelentes bandas nacionais... o que é super importante...afinal...cá dentro também se faz muita coisa boa...

(Zé Maria, QUARTEIRA)
Para mim este fim-de-semana foi lindo. Começou na Sexta sempre a abrir com as bandas e a acabar com FOR THE GLORY. Foi grande sensação de liberdade ao estilo do hardcore português. É algo que não mexe por dentro apesar de não haver bandas muito melhores que aquelas em Portugal, adorei o show deles, não dá hipótese. No sábado para mim o que rendeu foi o poder de CONFRONT HATE e para acabar KONTRATTACK com um dos melhores covers de TERROR e HATEBREED não tirando a banda do Punk-Kecas que eu adorei sem o vocalista mas continou a dizer que tem que haver mais concertos no Algarve e a tentar puxar aquela cena das pessoas... Para mim é tudo! \m/

(David Rosado, guitarrista de POINTING FINGER, OLHÃO)
Gostei mais do concerto de Sexta. Também só vi HIGHEST COST e FOR THE GLORY e gostei. Em HIGHEST COST gostei do facto da banda já estar mais entrosada e do Milton já se mexer mais. O Ruben podia tentar não se mexer tanto, ehehhe! Demais também quebra um bocado o flow porque o cabo do micro acaba por saltar demasiadas vezes e isso quebra bué o feeling do show. O som é que tava demasiado caótico.
Sobre FOR THE GLORY na sexta, gostei. Mais uma vez não tocaram com a formação completa mas o show foi bom. Foi energético e gostei do que o Congas disse em palco. Eles sabem dar um bom show. O som não tava dos melhores, embora eu ache que o outro show na Associação foi melhor que este ultimo...
Sobre o show da Fuzeta... O sitio do concerto era enorme, o que matou um bocado o feeling do concerto, mas o som teve excelente em todas as bandas. Fiquei supreendido. HIGHEST COST foi bom, tiveram um show coeso e o bom som ajudou bastante. Depois as outras bandas não prestei muita atenção... PELINTRAS teve engraçado mas gostei mais de os ver na Associação, o mesmo com os NO TIME TO WASTE.
FTG deram outro bom concerto e deu pra ver que a voz do Congas até tá melhor. O som como já disse tava bué bom. Foi agradável..

(André Xoke, QUARTEIRA)
Um encontro / reunião de amigos bem como de convivio entre bandas e publico. Senti como se tudo tivesse a crescer de novo porque ao longo deste fim-de-semana decorreram concertos com
bandas boas vindas de todo o lado o que cativa putos de diversos locais a este tipo de eventos.


Obrigado a todos os que mantém a cena viva. PARTICIPEM!

Felicidades para todos.