O MundoOu Globo. Ou Planeta Terra. Como quiserem chamar.
Digamos então que é uma bola giratória, a ser queimada pelo sol e refrigerada pela lua.
Digamos que o sol é a parte quente do mundo; a lua a parte fria.
Ora bem...
Sempre que duas almas chocam digamos que é a parte fria a entrar em contacto com a nossa pele. Nunca ouviram dizer 'Estás tão frio hoje..'? De certo que não se traduz em 'Estou-te a curtir bué hoje...'. É mais uma na onda de 'Não te estou a conhecer...'.
Mas quando uma das almas acorda e pensa 'Estou cá para construir com amor e não para destruir com ódio' entra a parte quente em acção. O quente geralmente traduz conforto e segurança. Um momento de amor partilhado por dois seres é um
momento quente. Um momento de carinho quando uma pessoa agarra nas mãos de outra é quando se diz 'Tens as mãos tão quentinhas...'. Reparem na diferença quando dizemos 'É lá, tens as mãos tão frias...'.
No entanto, surge aqui uma contradição que eu considero deveras interessante...
Mãos frias, coração quente.Isso significa que quando seguramos duas mãos frias deviamo-nos sentir seguros, certo? É sinal que o sol, neste caso, está a funcionar onde interessa: lá dentro. A lua atinge-nos cá fora mas o sol protege-nos. Na verdade é sempre ao contrário. Ninguém quer agarrar duas mãos frias, preferem que o coração esteja frio. Daí o ódio que provém neste Mundo.
A cada segundo que passa morre 1 pessoa no mundo (infelizmente é muito mais que uma pessoa, mas vamos imaginar as coisas neste ponto de vista). Se um dia tem 86.400 segundos, significa que por dia morrem quase 87 mil pessoas no Mundo, ou Globo, ou Planeta Terra. A minha cidade, Faro, tem 55 mil habitantes, em média. Digamos que num dia a minha cidade desapareceu e ainda fica a dever 32 mil mortes para o dia seguinte. Incrível. Uma dívida que jamais será saldada.
Agora imaginemos países onde a guerra é o prato do dia. 'Olhe, se faz favor, podia-me trazer mais uns soldados americanos com batatas? Obrigado.' Hum... triste, não é? Mas na realidade pouco falta para se chegar a este extremo. Há os canibais que comem carne humana; mas há os
chacais que tratam de
caçar a carne humana para os canibais a digerirem. Quem é o culpado? A Bela ou o Monstro?
Comparemos a Bela e o Chacal com o Exmo. Sr. Presidente do Mundo, Sr.
Jorge Bucho. Peguemos agora no Monstro, o Canibal, e comparemos com o
terrorista assassino Bi(bi)n Disneyladen. Temos aqui uma guerra constante pelo poder, pela conquista do Mundo. Temos aqui uma autentica corrida ao ouro. Há que ter em conta que o petróleo é o outro do séc XXI. De um lado temos o mau, que é o Bin Laden, aquele que deitou as torres gémeas abaixo (será? vocês acreditam nas notícias? também o Jardel vinha para o Benfica..!). Do outro lado temos o 'belo' Bucho, que veio para combater o mal. Mas o mal já foi tão combatido... e continua a existir... afinal de onde provém ele?
O Sol aqui não brilha. Ninguém tem tempo para ver um eclipse. Perdemos demasiado tento a ver a cor do sangue a jorrar do peito de um soldado
inocente que nem reparamos o quão belo é o brilhar de um sol que nos ilumina a toda a hora. Mas a lua continua a
alimentar as nossas noites.
In fact, perdemos mais tempo na noite do que no dia. Ok, não me fiz entender. Perdemos mais tempo com o frio do que com o quente.
Mas isto já vem das condições climatéricas a que estamos sujeitos. Se temos 3 meses de Verão e 9 de Inverno... é natural que tenhamos mais tempo para odiar do que para amar. Certo? Amamos no Verão e depois descarregamos, no Inverno, o Outono e a Primavera. Não?
Então voltamos ao início. Todos nós conhecemos a palavra amor, a palavra amor e a expressão 'amo-te'. Todos nós julgamo-nos donos destas
sentenças mas na verdade nunca as usamos na altura certa.
Se eu tenho as mãos frias, de que precisarei no momento? De alguém que as aqueça, que se mostre preocupado com a
dor que tenho nelas. Mas assim que me seguram as mãos surge logo um 'Ai, tens as mãos tão frias...' que desmotiva sensivelmente. Mas se tenho as mãos quentes e quero mantê-las quentes, vem alguém com as suas frias segurar as minhas e dizer 'Ai que mãos tão quentinhas...'. E aí não interessa se tenho o coração frio... Mas se estão frias, já tenho o coração quente. Contraditório, não?
Vamos ser realistas. Onde quero chegar é ao ponto em que só nos procuram quando não precisamos e só nos viram as costas quando pedimos apoio. Mas há sempre algo por trás para argumentar esta situação. Mas são esses argumentos que eu não consigo entender. Um gajo
cai, precisa de apoio e somos pisados. Um gajo levanta-se, tá de pé, e perguntam-nos se precisamos de ajuda para atravessar a estrada?!? Mas que merda é esta?
Qual é a sensação de dar pernas a quem anda e tirá-las a quem não as tem?
Qual é a sensação de aquecer mãos quentes e largar duas mãos frias?
Qual é a sensação de adorar a lua e desprezar o sol?
Já viram o quão associamos o sol ao negativo e a lua ao positivo, indirectamente, sem que a gente o note?
De dia ninguém quer ir à escola... desprezamos o sol.
De noite todos querem sair à noite para beber... adoramos a lua.
De dia ninguém quer ir ao cinema, é mau ambiente... desprezamos o sol.
De noite todos queremos ver o SAW III... adoramos a lua.
De dia ninguém quer ir dar uma volta com os amigos... desprezamos o sol.
De noite todos querem ir ver um concerto à ARCM... adoramos a lua.
Isto tudo atinge-nos no fundo... isto tudo torna-nos frios e cada vez menos sensíveis.
É como aqueles que saem até às 5 da manhã constantemente. E dormem até às 16h. Assim evitam mais o sol e possuem mais a força da lua. Obviamente que isto são meras metáforas mas eu sei que no fundo têm a sua lógica.
E eu bem que preciso de escrever para aquecer a ponta dos dedos, que gelam com estes 12º que estão nesta sala.
...mas tenho medo de aquecer as mãos... e ficar com o coração frio...
Alguma sugestão?