Saturday, February 17, 2007

Não se morre da doença, morre-se da cura


Se fumas, morres de cancro.
Se comes sal, tens um AVC.
Se comes gorduras, tens um colesterol.
Se comes açucar, tens diabetes.
Se corres, ficas cansado.
Se paras, morres de tédio.
Se discutes, tens um ataque de nervos.
Se és pacífico, deixas-te dormir.

Se não fazes nada de mal para que possas ter saúde... Morres de monotonia.

CARPE DIEM

Friday, February 16, 2007

O Suicídio como forma de viver


Temos o 1º e o 3º Mundo.

O 1º Mundo é caracterizado por quem tem casa, carro, dinheiro, vai à escola, arranja trabalho e morre feliz.
O 3º Mundo é aquele que dorme na rua à chuva, anda a pé, não come, não estuda, nunca trabalhou e morre triste.

Esta é a 'realidade'.

Mas a realidade é esta:

O 1º Mundo é caracterizado pelo luxo, pela ambição, pelo poder, dinheiro, pela escolha de em que restaurante se vai jantar (e quanta comida deitar fora), poluição, ganância, estudar só porque nos obrigam, trabalhar só se o ordenado se justificar a perda de tempo, e cometer sucídio antes da morte chegar. Estamos a falar de depressões, esgotamentos nervosos; estamos a falar de entrar em guerra pelo petróleo; a falar de pisar o próximo para ser deixado para trás... Estamos a falar de preferir estar em casa a ver os Morangos do que a trabalhar com o salário mínimo. Para quê trabalhar quando os nossos pais nos podem sustentar? Estamos a falar de raptar crianças e violar mulheres, dando como desculpa que estamos loucos e que merecemos mais uma oportunidade. Falo de termos o poder de escolher que droga consumir e fazer parte da sociedade anti-droga que as mete no meio.

O 3º Mundo é caracterizado pela fome, pela guerra (disparada pelo 1º Mundo) e pela miséria. O 3º Mundo é tão pequeno que não tem espaço para um banco, para um restaurante e muito menos para dinheiro. O papel sai caro, e para quê deitar uma árvore abaixo para construir uma nota de 500€? 500€ é muita guita para um '3º Mundo'. Trabalhar é complicado porque não há trabalho. Matar é complicado porque não há armas. Mas serve de trabalho para entidades como a ONU e a GREEN PEACE, serve como cobaia para os americanos. Não há depressões nem esgotamentos porque lá dá-se valor à vida... como tal, não há suicídios.

Alguém me explica como é possível que nós, tendo tudo o que sempre desejamos, acabemos com a vida prematuramente... enquanto que no 3º Mundo se vive 'feliz' na esperança de um dia alguém reparar que há outro Mundo para além do 1º?

... e eu que pensava que Mundo era só um...

Wednesday, February 07, 2007

87 kgs


Hoje tive duas sensações que, sendo de polos opostos, vão chocar no mesmo ponto de partida.

Antes de mais nada, o texto chamar-se 87 kgs não é por mera ocasião. O texto fala mesmo de 87 kgs e, caso tenham oportunidade de reparar, foi o texto nº 87 que escrevi para o ANYMAIS. Sim, incrível, como é possível eu ter 87 mensagens para passar e no entanto nada mudam.

Deixar comentários a dizer 'parabéns, escreves bem' é inutil quando as atitudes das mesmas pessoas no dia-a-dia me dão razões para escrever mais um texto. Cada texto que escrevo é uma facada que levo no peito. E eu não sou nenhuma tábua de madeira com um bife em cima.

É estranho a sensação de me sentir sempre acorrentado quando o 25 de Abril de 1974 foi para me tirar certas correntes. Mas parece que Liberdade de Expressão provém de uma anarquia ilimitada que nos permite usar o corpo e mente de outros para meios que apenas a nós dariam resultados.

Voltando à célebre chapada na cara que quem lê estes desabafos, de que me adianta obrigar-te a não fumar se eu tenho vícios (um deles, o escrever aqui!)? De que me adianta obrigar-te a fumar se daqui a uns anos deixo por completo o tabaco? Espalho a doença e curo-me logo a seguir.

Já agora... de que me adianta falar de liberdade quando estou preso a uma sociedade onde as mulheres não podem optar pelo aborto, onde os pretos continuam a ser vistos como escravos, e onde os ciganos continuam a cheirar mal? Como posso falar de liberdade se é crime amar-se uma pessoa de 16 anos? Chamam pedofilia ao que chamo amor? Vergonha na cara... mas não na minha!

Se tiver de ir preso pelas minhas convicções, ao menos não fico preso às minhas sensações!

Na verdade, acabei de vir da baixa e passei com o carro por cima de uma maçã. Chamemos-lhe 'caroço'. Era algo putrefacto, mastigado, inutilizável. Mas há quem lhe chame maçã.

A maçã vem de uma semente, reproduzida por uma árvore. A semente dá origem a um fruto que cai, é comestível até ao ponto em que já não vale a pena consumir mais... Nessa altura o caroço é deitado ao chão. E abusado pelas intempéries do tempo e do clima.

O mesmo acontece com uma pessoa, contigo e comigo.

A minha árvore (mãe) dá origem a uma semente (eu = feto) que sou mastigado pelos dentes (vida) de alguém (natureza) até chegar ao caroço (idade) e ser deitado fora (morte). De que vale viver? De que vale a sensação de estar vivo perante uma estrada pavimentada com dor onde o destino é a morte?

Eu digo. Vale.

Qual é o preço da felicidade? A própria vida.

Ser feliz não é ser rico, não é ser belo. Ser feliz é viver na beleza interior a nossa riqueza.

E aí surge a explicação para o título '87 kgs'.

Estava eu a tomar o pequeno-almoço quando na TV dá uma notícia de uma rapariga de 14 anos pesar 87 kgs!

Que trauma, que tragédia. A rapariga não sabe lidar com isso, nem eu saberia. Mas utilizar isso como uma notícia para atrair mais espectadores à caixa colorida? Não é triste? Yes, indeed.
Mas todos nós, desde muito jovens, fomos ensinados que o belo é o magro e o horrível é o gordo.

Será que sou assim tão belo? 25 anos, 50 kgs e sou mais fino que uma porta de um cacifo. Duvido.

Todos nós sabemos que para ser top model temos de ter o 86-60-86 ou então mais vale cortarmos uma bela posta de gordura nossa e dar ao nosso cão para comer. E se nos faltar nas mamas o que temos nas ancas... o silicone resolve a situação. Se não nos queremos magoar com umas facadas, uma dieta ajuda. Não?

Mas se somos gordos, só temos uma utilidade: substituir o famoso boneco da Michelin.

Triste. Inaceitável.

Essa rapariga chorava na tv por não ter tido um corpo perfeito. Porque dEUS assim não quis. E a população olha, impávida e serena, com pena da coitadinha enquanto batem umas brutais canholas a ver o sexy hot e a olhar para mulheres perfeitas. Será perfeito ser estrela de tv a foder com 3 ao mesmo tempo (num filme repetido todas as noites para quem perdeu o ultimo episódio) ou ser fodida apenas por 1 na vida toda? Por aquele que soube amar e que viu que o que interessa não são os 87 kgs exteriores; são sim, os 87 anos que poderão ser passados ao lado de quem nos ama.

Eu tenho 24 anos, 50 kgs.

A maçã continua na estrada a apodrecer.

E tu?
Cão que ladra não morde

(sim, o texto é só isso. muita gente há-de entender)
O Poder de Uma Palavra - pt. II


Há dias em que tudo colide
Há dias em que ninguém se decide
Há dias em que penso que sei o que é amar
Mas então dou comigo de costas para o mar.

É como fechar os olhos e recordar a tua imagem
É como estar em baixo e receber uma mensagem
Daqueles momentos especiais em que me sinto alguém
Naqueles momentos de dor em que não me julgava ninguém.

Procurando um caminho para nos levar ao nosso destino
Mas encontro-me sozinho num constante desatino
Quando procuro uma porta para bater, encontro-a fechada
E quando está aberta, entro, e lá dentro não se passa nada.

Acordar de manhã sem rumo não é nada agradável
E para quê lutar contra uma doença se não quero estar saudável?
Olhar para a lua e desejar que me proteja de todo o mal
24 anos de vida passaram, num autêntico Carnaval.

Quando preciso de ajuda, sou eu quem me levanta
E quando estou ao relento, faço de mim uma manta
Quando me ergo em pé, toda a gente me confronta
Mas quando estou sozinho, sou apenas eu quem me encontra.

Pior do que ser cego, é mesmo não querer ver
Prefiro ser um vencido a lutar do que um falhado por perder
Eu sei que por vezes é difícil amar
Mas mais difícil é... quando não se tem amor para dar.


Amo-te.

Tuesday, February 06, 2007

E tudo o vento levou


O maior inimigo do homem é o homem.
O maior inimigo da verdade é a sinceridade.
O maior inimigo da vontade é o vento.

Quem mata um homem é outro homem.
Quem é sincero, diz a verdade. Dói ouvi-la.
Quem quer seguir em frente é empurrado pelo vento.

Quando somos novos temos um segundo instinto que nos faz abusar dos mais velhos.
Temos um gosto particular em sentirmo-nos bem gozando e rindo na cara dos que trabalham, dos que estudam, dos que são aquilo que um dia seremos. Mas falta-nos a capacidade de chegar a esta conclusão.

Imaginemos um puto de 10 anos (quem diz 10... podia dizer 25).; vai na rua e eis que passa um executivo de fato cinzento e uma gravata cor-de-rosa a contrastar. E lá vemos o puto a rir às 10 pancadas: 'Olha um paneleiro, ahahaha'. Não é admiração nenhuma. Todos fomos assim. Eu fui. Tu não?

E eis que passam os anos. Eis que o puto que roubava e era delinquente hoje em dia é um senhor doutor. Eis que eu, que outrora era um rebelde, estou aqui numa imobiliária de gravata a escrever e a dar lições de moral... Ao menos tenho experiência mais que suficiente para te dizer (tu, que tens 15/16 anos) 'Nunca faças isto nem aquilo.. eu já fiz e não vale a pena'. Não sou o melhor para dar o exemplo mas sei que há situações que podia ter evitado e sei que tu podes evitá-las. Não deixes que elas se apoderem de ti.

E nunca precisei de tocar na droga para te dizer que ela não te deve tocar.
Experimentar novas sensações é bom. Então experimentemos praticar o amor e a paz. Algo que nos passa ao lado.

Se queremos ter um orgasmo, acabemos com a guerra e construiremos então o amor. Sensação unica que o homem nunca experenciou. Vale mais fumar um charro do que dizer-te para não o fazeres. Mas perdemos mais tempo a mostrar o mal do que a aconselhar o bem, é triste. Eu sei.

Imaginemos que a nossa vida começa de trás para a frente.
Nascemos velhos, a ser gozados. Logo, quando chegarmos a putos não iremos gozar com os velhos porque não gostámos da sensação.
Nascemos presos porque matámos e roubámos. Logo, quando chegarmos a putos não vamos roubar nem matar para não saber que o facto de um assassino estar atrás da uma cela é sinónimo de um inocente estar dentro de um caixão. Um é acorrentado à morte. O outro morre lentamente.

O maior inimigo do homem é o homem. É o homem que destrói a Humanidade. A palavra inimigo só está escrita no dicionário porque alguém se lembrou de a escrever.

Mas o maior inimigo da verdade é a sinceridade.

Reparem que a letra 'I' (inimigo), no dicionário, vem a seguir à 'H' (hipocrisia).
Mas a letra 'S' (sinceridade) está tão longe da letra 'A' (amizade). Pelo meio vem a 'I' e a 'H'.
E a 'I' é bipolar, porque para além de INIMIGA é INTERESSEIRA.

Quando alguém nos diz que nos ama e está a mentir... nós sorrimos, porque sabe bem ouvir o amor.
Mas quando alguém nos diz que não nos ama e nos atinge com uma bala que tem escrita a palavra sinceridade, nós choramos, viramos as costas e negamos este conceito.
Eis que surge então a palavra INCOMPREENSÃO, igualmente na letra 'I'. Por vezes pensamos que as vogais mais utilizadas são o 'A' e o 'O'. Erro nosso.

Ser sincero é ser honesto, respeitar e ter consideração. Mas a verdade dói. E então dizemos que...

O maior inimigo da verdade é a sinceridade.

Porque ninguém sabe sofrer. Mas todos sabemos fazer alguém sofrer.

E o vento? Esse continua a soprar...

Monday, February 05, 2007

Equação matemática
Mesmo tendo ido para Humanidades, quando optei por escolher a 'fuga a Matemática' na passagem para o Ensino Secundário, ainda me lembro de uma tese matemática que dizia que menos com menos dá mais.
Se bem me recordo, quando um sinal de menos colidia com outro semelhante, isso originava um sinal positivo.
Quando dois sinais positivos colidiam, permaneciam intactos.
Mas quando um sinal positivo colidia com um sinal negativo, era o negativo que prevalecia.
Soa-me a nova contradição.
Comparando esta tese com a tese real da vida que nos acolhe, este exemplo faz algum sentido. Mas não da forma que deveria fazer. Faz sentido naqueles que talvez acreditem que esta tese matemática nos pode perdoar certos pecados.
A mim não faz qualquer sentido.
Ora vejamos... Vamos comparar esta tese com a guerra e com o amor. Já que estamos numa de contradições, peguemos então nos dois exemplos mais antagónicos que existem na Humanidade: o ódio, a parte negativa e pessimista; contra o amor, o mais positivo e optimista.
Quem ama, supostamente produz um efeito positivo.
Mas quem ama, sofre. E o sofrimento é negativo.
Quem odeia, supostamente é pessimista.
Mas quem odeia um acto criminoso, produz o bem. E o ódio torna-se positivo.
Comecemos por onde vocês possam concluir rapidamente onde quero chegar.
Quem vai para a guerra para matar, não é optimista nem positivo. Vai despertar o ódio, vai iniciar uma guerra (as guerras nunca têm fim!), vai combater o mal. Mas combater o mal com o mal, é 100% anti-paz. Tudo isto é negativo.
Vamos então usar o sinal MENOS para quem vai à guerra para matar.
Depois temos 'aquele' que condena a guerra; aquele que nunca entendeu o que é a 'guerra por petróleo', pela conquista do Mundo. Esse transmite uma mensagem de paz e amor, combate a guerra em prol do bem da Humanidade e de qualquer ser humano. Tudo isto é positivo.
Vamos então usar o sinal MAIS para quem não vai à guerra, para não matar.
O que acontece? O 'homem da guerra' invade o país do 'homem da paz' e gera-se um confronto. Um luta com as palavras, o outro luta com os punhos. Neste caso temos um embate do sinal de MENOS em colisão com o de MAIS. Ganha o de MENOS porque MENOS com MAIS dá MENOS.
Vamos agora aperfeiçoar o sinal de MAIS. Imaginemos que o seu autor decide ir para a guerra para acabar com a mesma. Imaginemos então que 'alguém' se lembra de utilizar o ódio pela guerra como forma de acabar com ela; matar sozinho 10.000 soldados para produzir a paz. Desta forma acaba com o ódio da guerra e acaba por ter um impacto positivo.
O MAIS pode ser visto no sentido em que se sacrifica a vida de 10 mil combatentes para se acabar de vez com a guerra. Mas também pode ser negativo no sentido em que guerra com guerra, fogo com fogo, 'amor com amor se paga', nunca é positivo.
Se virmos o MAIS positivo (de acabar com a guerra) contra o MENOS de se começar a guerra... ganha o MENOS. Isso significa que o lado negativo está sempre na superfície e acaba por vencer. Mas se o MAIS for visto no âmbito negativo (acabar com a guerra matando toda a gente nunca é solução) este MAIS acaba por se transformar em MENOS. Desta forma, MENOS com MENOSMAIS. Significa que foi por uma boa causa que se matou, para acabar com um 'mal do séc. XXI'. Mas, tendo em conta que matar para acabar uma guerra nunca é correcto... temos aqui um sinal MAIS bastante negativo. Significa que este MAIS é contraditório à sua própria demoninação.
Mas então vejamos numa prespectiva mais positiva. E peguemos então no amor.
Se uma pessoa ama, combate o ódio, é positivo, tem sinal de MAIS.
Se uma pessoa odeia, em prol do ódio, é negativo, tem sinal de MENOS.
Então temos a pessoa que ama e a pessoa que odeia. A pessoa A ama a pessoa B, que por seu lado odeia a primeira. Temos então a pessoa A que leva o sinal de MAIS e a pessoa B que leva o sinal de MENOS.
Se as duas entram em colisão, o sinal de MENOS prevalece. A pessoa B jamais terá qualquer interesse na pessoa A, de forma a que o amor jamais conquistará o ódio. Mas se a pessoa A encarar a pessoa B com ódio, numa forma de se confrontarem e de colidirem, é mais provável que este embate se torne uma realidade. Desta forma, o ódio colide com o ódio. O MENOS contra o MENOS acaba por ser tornar positivo; chegando a um ponto em que as duas pessoas choquem, se amem e dêm origem a um sinal positivo. O embate de dois odiosos acaba por receber um sinal de MAIS.
Isto tudo devido a quê? A uma equação matemática. A alguém que julga que dois pontos negativos dão origem a um positivo da mesma forma que dois positivos dão origem ao mesmo resultado. Mas esse matemático considera que um ponto positivo contra um negativo nunca se traduz num resultado optimista. Desta forma teríamos que utilizar o mal para combater o mal; o ódio para combater o ódio; a guerra para combater a guerra.
E nunca o amor para combater qualquer uma destas vontades do ser humano de 'hoje'.
Neste sentido, para se lutar contra os punhos teria de se usar os punhos. E palavras apenas contra palavras.
Eu cá prefiro amar quem me odeia e dar razão à minha escolha do 10º ano quando 'fugi a Matemática'. Quase a completar os 25 anos de idade, ainda não terminei o 12º ano.
Mas de uma coisa tenho a certeza... A Matemática nem sempre é real. Não é tão real como um sentimento.
E eu continuo a amar-te...!

Friday, February 02, 2007

O Mundo


Ou Globo. Ou Planeta Terra. Como quiserem chamar.

Digamos então que é uma bola giratória, a ser queimada pelo sol e refrigerada pela lua.
Digamos que o sol é a parte quente do mundo; a lua a parte fria.

Ora bem...

Sempre que duas almas chocam digamos que é a parte fria a entrar em contacto com a nossa pele. Nunca ouviram dizer 'Estás tão frio hoje..'? De certo que não se traduz em 'Estou-te a curtir bué hoje...'. É mais uma na onda de 'Não te estou a conhecer...'.
Mas quando uma das almas acorda e pensa 'Estou cá para construir com amor e não para destruir com ódio' entra a parte quente em acção. O quente geralmente traduz conforto e segurança. Um momento de amor partilhado por dois seres é um momento quente. Um momento de carinho quando uma pessoa agarra nas mãos de outra é quando se diz 'Tens as mãos tão quentinhas...'. Reparem na diferença quando dizemos 'É lá, tens as mãos tão frias...'.

No entanto, surge aqui uma contradição que eu considero deveras interessante...

Mãos frias, coração quente.

Isso significa que quando seguramos duas mãos frias deviamo-nos sentir seguros, certo? É sinal que o sol, neste caso, está a funcionar onde interessa: lá dentro. A lua atinge-nos cá fora mas o sol protege-nos. Na verdade é sempre ao contrário. Ninguém quer agarrar duas mãos frias, preferem que o coração esteja frio. Daí o ódio que provém neste Mundo.

A cada segundo que passa morre 1 pessoa no mundo (infelizmente é muito mais que uma pessoa, mas vamos imaginar as coisas neste ponto de vista). Se um dia tem 86.400 segundos, significa que por dia morrem quase 87 mil pessoas no Mundo, ou Globo, ou Planeta Terra. A minha cidade, Faro, tem 55 mil habitantes, em média. Digamos que num dia a minha cidade desapareceu e ainda fica a dever 32 mil mortes para o dia seguinte. Incrível. Uma dívida que jamais será saldada.

Agora imaginemos países onde a guerra é o prato do dia. 'Olhe, se faz favor, podia-me trazer mais uns soldados americanos com batatas? Obrigado.' Hum... triste, não é? Mas na realidade pouco falta para se chegar a este extremo. Há os canibais que comem carne humana; mas há os chacais que tratam de caçar a carne humana para os canibais a digerirem. Quem é o culpado? A Bela ou o Monstro?

Comparemos a Bela e o Chacal com o Exmo. Sr. Presidente do Mundo, Sr. Jorge Bucho. Peguemos agora no Monstro, o Canibal, e comparemos com o terrorista assassino Bi(bi)n Disneyladen. Temos aqui uma guerra constante pelo poder, pela conquista do Mundo. Temos aqui uma autentica corrida ao ouro. Há que ter em conta que o petróleo é o outro do séc XXI. De um lado temos o mau, que é o Bin Laden, aquele que deitou as torres gémeas abaixo (será? vocês acreditam nas notícias? também o Jardel vinha para o Benfica..!). Do outro lado temos o 'belo' Bucho, que veio para combater o mal. Mas o mal já foi tão combatido... e continua a existir... afinal de onde provém ele?

O Sol aqui não brilha. Ninguém tem tempo para ver um eclipse. Perdemos demasiado tento a ver a cor do sangue a jorrar do peito de um soldado inocente que nem reparamos o quão belo é o brilhar de um sol que nos ilumina a toda a hora. Mas a lua continua a alimentar as nossas noites. In fact, perdemos mais tempo na noite do que no dia. Ok, não me fiz entender. Perdemos mais tempo com o frio do que com o quente.

Mas isto já vem das condições climatéricas a que estamos sujeitos. Se temos 3 meses de Verão e 9 de Inverno... é natural que tenhamos mais tempo para odiar do que para amar. Certo? Amamos no Verão e depois descarregamos, no Inverno, o Outono e a Primavera. Não?

Então voltamos ao início. Todos nós conhecemos a palavra amor, a palavra amor e a expressão 'amo-te'. Todos nós julgamo-nos donos destas sentenças mas na verdade nunca as usamos na altura certa.

Se eu tenho as mãos frias, de que precisarei no momento? De alguém que as aqueça, que se mostre preocupado com a dor que tenho nelas. Mas assim que me seguram as mãos surge logo um 'Ai, tens as mãos tão frias...' que desmotiva sensivelmente. Mas se tenho as mãos quentes e quero mantê-las quentes, vem alguém com as suas frias segurar as minhas e dizer 'Ai que mãos tão quentinhas...'. E aí não interessa se tenho o coração frio... Mas se estão frias, já tenho o coração quente. Contraditório, não?

Vamos ser realistas. Onde quero chegar é ao ponto em que só nos procuram quando não precisamos e só nos viram as costas quando pedimos apoio. Mas há sempre algo por trás para argumentar esta situação. Mas são esses argumentos que eu não consigo entender. Um gajo cai, precisa de apoio e somos pisados. Um gajo levanta-se, tá de pé, e perguntam-nos se precisamos de ajuda para atravessar a estrada?!? Mas que merda é esta?

Qual é a sensação de dar pernas a quem anda e tirá-las a quem não as tem?
Qual é a sensação de aquecer mãos quentes e largar duas mãos frias?
Qual é a sensação de adorar a lua e desprezar o sol?

Já viram o quão associamos o sol ao negativo e a lua ao positivo, indirectamente, sem que a gente o note?

De dia ninguém quer ir à escola... desprezamos o sol.
De noite todos querem sair à noite para beber... adoramos a lua.

De dia ninguém quer ir ao cinema, é mau ambiente... desprezamos o sol.
De noite todos queremos ver o SAW III... adoramos a lua.

De dia ninguém quer ir dar uma volta com os amigos... desprezamos o sol.
De noite todos querem ir ver um concerto à ARCM... adoramos a lua.

Isto tudo atinge-nos no fundo... isto tudo torna-nos frios e cada vez menos sensíveis.

É como aqueles que saem até às 5 da manhã constantemente. E dormem até às 16h. Assim evitam mais o sol e possuem mais a força da lua. Obviamente que isto são meras metáforas mas eu sei que no fundo têm a sua lógica.

E eu bem que preciso de escrever para aquecer a ponta dos dedos, que gelam com estes 12º que estão nesta sala.

...mas tenho medo de aquecer as mãos... e ficar com o coração frio...

Alguma sugestão?