Equação matemática
Mesmo tendo ido para Humanidades, quando optei por escolher a 'fuga a Matemática' na passagem para o Ensino Secundário, ainda me lembro de uma tese matemática que dizia que menos com menos dá mais.
Se bem me recordo, quando um sinal de menos colidia com outro semelhante, isso originava um sinal positivo.
Quando dois sinais positivos colidiam, permaneciam intactos.
Mas quando um sinal positivo colidia com um sinal negativo, era o negativo que prevalecia.
Soa-me a nova contradição.
Comparando esta tese com a tese real da vida que nos acolhe, este exemplo faz algum sentido. Mas não da forma que deveria fazer. Faz sentido naqueles que talvez acreditem que esta tese matemática nos pode perdoar certos pecados.
A mim não faz qualquer sentido.
Ora vejamos... Vamos comparar esta tese com a guerra e com o amor. Já que estamos numa de contradições, peguemos então nos dois exemplos mais antagónicos que existem na Humanidade: o ódio, a parte negativa e pessimista; contra o amor, o mais positivo e optimista.
Quem ama, supostamente produz um efeito positivo.
Mas quem ama, sofre. E o sofrimento é negativo.
Quem odeia, supostamente é pessimista.
Mas quem odeia um acto criminoso, produz o bem. E o ódio torna-se positivo.
Comecemos por onde vocês possam concluir rapidamente onde quero chegar.
Quem vai para a guerra para matar, não é optimista nem positivo. Vai despertar o ódio, vai iniciar uma guerra (as guerras nunca têm fim!), vai combater o mal. Mas combater o mal com o mal, é 100% anti-paz. Tudo isto é negativo.
Vamos então usar o sinal MENOS para quem vai à guerra para matar.
Depois temos 'aquele' que condena a guerra; aquele que nunca entendeu o que é a 'guerra por petróleo', pela conquista do Mundo. Esse transmite uma mensagem de paz e amor, combate a guerra em prol do bem da Humanidade e de qualquer ser humano. Tudo isto é positivo.
Vamos então usar o sinal MAIS para quem não vai à guerra, para não matar.
O que acontece? O 'homem da guerra' invade o país do 'homem da paz' e gera-se um confronto. Um luta com as palavras, o outro luta com os punhos. Neste caso temos um embate do sinal de MENOS em colisão com o de MAIS. Ganha o de MENOS porque MENOS com MAIS dá MENOS.
Vamos agora aperfeiçoar o sinal de MAIS. Imaginemos que o seu autor decide ir para a guerra para acabar com a mesma. Imaginemos então que 'alguém' se lembra de utilizar o ódio pela guerra como forma de acabar com ela; matar sozinho 10.000 soldados para produzir a paz. Desta forma acaba com o ódio da guerra e acaba por ter um impacto positivo.
O MAIS pode ser visto no sentido em que se sacrifica a vida de 10 mil combatentes para se acabar de vez com a guerra. Mas também pode ser negativo no sentido em que guerra com guerra, fogo com fogo, 'amor com amor se paga', nunca é positivo.
Se virmos o MAIS positivo (de acabar com a guerra) contra o MENOS de se começar a guerra... ganha o MENOS. Isso significa que o lado negativo está sempre na superfície e acaba por vencer. Mas se o MAIS for visto no âmbito negativo (acabar com a guerra matando toda a gente nunca é solução) este MAIS acaba por se transformar em MENOS. Desta forma, MENOS com MENOS dá MAIS. Significa que foi por uma boa causa que se matou, para acabar com um 'mal do séc. XXI'. Mas, tendo em conta que matar para acabar uma guerra nunca é correcto... temos aqui um sinal MAIS bastante negativo. Significa que este MAIS é contraditório à sua própria demoninação.
Mas então vejamos numa prespectiva mais positiva. E peguemos então no amor.
Se uma pessoa ama, combate o ódio, é positivo, tem sinal de MAIS.
Se uma pessoa odeia, em prol do ódio, é negativo, tem sinal de MENOS.
Então temos a pessoa que ama e a pessoa que odeia. A pessoa A ama a pessoa B, que por seu lado odeia a primeira. Temos então a pessoa A que leva o sinal de MAIS e a pessoa B que leva o sinal de MENOS.
Se as duas entram em colisão, o sinal de MENOS prevalece. A pessoa B jamais terá qualquer interesse na pessoa A, de forma a que o amor jamais conquistará o ódio. Mas se a pessoa A encarar a pessoa B com ódio, numa forma de se confrontarem e de colidirem, é mais provável que este embate se torne uma realidade. Desta forma, o ódio colide com o ódio. O MENOS contra o MENOS acaba por ser tornar positivo; chegando a um ponto em que as duas pessoas choquem, se amem e dêm origem a um sinal positivo. O embate de dois odiosos acaba por receber um sinal de MAIS.
Isto tudo devido a quê? A uma equação matemática. A alguém que julga que dois pontos negativos dão origem a um positivo da mesma forma que dois positivos dão origem ao mesmo resultado. Mas esse matemático considera que um ponto positivo contra um negativo nunca se traduz num resultado optimista. Desta forma teríamos que utilizar o mal para combater o mal; o ódio para combater o ódio; a guerra para combater a guerra.
E nunca o amor para combater qualquer uma destas vontades do ser humano de 'hoje'.
Neste sentido, para se lutar contra os punhos teria de se usar os punhos. E palavras apenas contra palavras.
Eu cá prefiro amar quem me odeia e dar razão à minha escolha do 10º ano quando 'fugi a Matemática'. Quase a completar os 25 anos de idade, ainda não terminei o 12º ano.
Mas de uma coisa tenho a certeza... A Matemática nem sempre é real. Não é tão real como um sentimento.
E eu continuo a amar-te...!
4 Comments:
Quando se fala em matemática, é sempre um bicho de sete cabeças, muito complicado...Também fui daquelas que sempre fugiu à matemática. Sempre tive a desculpa do "ah no 5º ano e no 6º apanhei uma professora bué má, que humilhava os alunos..." e é verdade...Mas também sempre fui daquelas que foge aos sentimentos...E daí se justifica a minha fuga à matemática, nunca tive coragem para enfrentar algo que sempre me amedontrou...
Então, podemos dizer que os sentimentos são mais reais que a matemática?Para mim, nem sempre...Tu enganas-te quando dizes que amas uma mulher, mas no fundo só sentes por ela um grande carinho...
Enganas-te quando dizes que odeias qualquer pessoa ou coisa, quando no fundo só te sentes ameaçado ou humilhado...
Enganas-te quando dizes que vais para a guerra para combater o mal, quando no fundo é só isso que continuas a fazer, o mal...
Por isso, tal como o exemplo que deste na matemática, sobre a guerra, o sinal menos ganha e com razão...Nada na guerra tem de positivo...E mesmo no amor, se amas mas enganas, que positivo há nisso?
Mas não te enganas quando fazes uma conta de somar de 2 + 2 e dizes que são 4...
Não te enganas quando multiplicas 4 x 2 e dá-te 8...
No fundo, o que tento dizer é que nem sempre os sentimentos são tão reais ou nítidos como parecem...No entanto, para mim, continuam a prevalecer...
Continuo a amar e a senti-los...Uns mais reais que outros, uns mais claros que outros, e uns mais fortes que outros...
Gostei do texto...Beijos!
Andreia
E mais uma vez penso que comparaste o incomparavel...a matematica é brilhante, chega a ser linda..sinal positivo pra ela, nao fugi à matematica mas, graças a ela vou ter que ficar um ano a mais na escola que odeio, graças à mesma matematica, sinal de menos..sim. e? menos com mais da menos, e eu continuo a achar a matematica magnifica e continuo a ter que ficar o mesmo ano pa tras...discordo quanto à parte de duas pessoas se odiarem e discutirem vir a ser positivo, uma discussao é sempre má e normalmente resulta numa coisa pior, por isso...amar nem sempre é bom, se a pessoa A ama mas a B so tem carinho pa dar, que pde a B fzr para a A ficar contente?a A e a B ficam mal mesmo quando a A que amou,que era um mais e a B que nao amou que nao tem sinal?mais com nda dá mais mas mesmo assim A e B tao mal...nao faz sentido pois nao?
bju*
adorei...
nem sequer tenho palavras capazes de elogiar tal equação!
muito bom!
beijo,
diana
Hey, bom texto mano.
Gostei da maneira com apresentaste os exemplos com a matemática, descreveste muito bem aquilo q todos nos (ou quase todos) pensamos e que por vezes n conseguimos escrever. Embora isso, não sei se a matemática chega para representar os sentimentos humanos, há de certo muitos exemplos lógicos como os que escreveste mas fica sempre algo por explicar, um vago.
Será que por vezes não sabemos o que realmente sentimos? Eu acho que sim e daí eu dar importância ao ódio. Eu acho que devemos odiar, odiar assim como tb amamos. Ambos são sentimentos humanos e se o òdio é um sentimento humano, pq escondê-lo? Se não odiares, se não sentires o òdio que há em ti, não saberás o que o òdio é, e se n souberes o que é o òdio como vais distingui-lo do amor? e vice-versa. É importante que conheçamos os nossos sentimentos para assim saber lidar com eles, para sabermos até que ponto amamos e odiamos, um sentimento é o oposto do outro, e se ambos tiverem o msm valor, anulam-se. - Factor equilibrio. - Não podemos viver sem òdio senão caímos no risco de amar obcesivamente. vice-versa para o òdio.
Abraço
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