Thursday, January 18, 2007

Espelho meu, espelho meu...


Hoje de manhã percorri a minha rota matinal habitual. Começou com o habitual destapar do cobertor e terminou comigo a olhar para o espelho e a meter gel no cabelo.

Se há coisa que odeio é cabelo, por isso por vezes sou apelidado de 'skin' (alcunha que repugno) quando passo a gillete pelo couro cabeludo. Mas, quando o tenho (o cabelo, claro!), acabo por me sentir 'inseguro'. Dessa forma, um pouco de gel para dar 'estilo' não faz mal a ninguém. O problema é mesmo a parte de me olhar ao espelho.

Ora bem...

Para onde é que nós actualmente olhamos em que não haja um reflexo? Provavelmente para o céu. A luz reflecte na parede, no chão, no tecto, na roupa, nas portas, nos vidros, nos cd's... Se olharmos para o céu só vemos mesmo o reflexo da luz da lua... é inevitável.
Se vamos 'ao mar' reflectimos a nossa sombra na água; se vamos a uma disco reflectimos as luzes roxas na roupa... Se de manhã queremos meter um pouco de gel no cabelo há que assumir o nosso reflexo no espelo da casa-de-banho. Estranho, não é? Ou não.

Mas o mal nem é o olhar para o espelho... é a obessão adjacente a esse puro acto de curiosidade que nos leva a um exagero na nossa preocupação pela forma como os outros nos vão encarar. Quantas mulheres (e homens!) não são 'lindas' à noite e horríveis de manhã? Quantas vezes não conhecemos uma babe num sábado à noite, ficamos loucos com a sua beleza, ela acaba na nossa cama e no dia seguinte quando acordamos parece que estamos no palácio do Frankenstein? (Não falo por experiência própria, obviamente..!).

Tudo isto devido a quê? À existência de espelhos; ao abuso da nossa exigência em querer causar uma boa impressão a terceiros. Uma pessoa é como é e essa beleza é que importa. Não é um baton, um gel ou um rimmel que nos vai tornar mais belos. É a beleza escondida por trás de tamanha perfeição que conta... Estou errado? Bem sabes que não.

Quantas vezes não vamos a sair à rua, olhamo-nos ao espelho e pensamos 'É meu, estas calças e esta blusa não combinam, vou mudar de roupa novamente' e lá estamos nós no quarto a pensar em todos os toques perfeitos na nossa vestimenta para sermos 'perfeitos' durante o dia e horríveis durante a noite. Não?

Ou pior, ainda pior... Quantas vezes não vemos alguém na rua diferente de nós (mas será que hoje em dia existe alguém igual a alguém... tirando os 'putos' que copiam os seus ídolos dos 'Morangos'?) e pensamos 'que freak do caralho, aquela roupa não faz sentido'? Imensas. Até aborrece. Às vezes penso 'Será que não pensam o mesmo de mim? Então porque não será agora a minha vez de me meter na pele deles, olhar para mim e também achar que isto não tem lógica nenhuma?'. Se tem para mim, é o que interessa. Se me sinto bem assim, se consigo viver dentro desta roupa... isso é o que conta. Não é como eu aguentaria em certo vestuário, muito menos como ficariam os outros com o meu... Acho que não.

E as pessoas continuam com a sua obsessão pela roupa, pela imagem...

Se um gajo é metaleiro, tem de se vestir de preto.
Se é do emo, tem de se vestir de rosa.
Se é do rasta tem de soar a arco-íris.

Eu sou eu e só quero soar a eu. Nada mais. É pedir muito?

Que mal tem eu usar collants?
Que mal tem o Milton usar t-shirts com a cor rosa?
Que mal tem o Sá-Sá ter um brinco?

Seremos nós uns fracassados da moda?

Ou seremos sim a moda? Não seremos nós os autores de uma moda que criámos para nós mesmos? Não seremos nós que decidimos que é assim que queremos ser e soar e dessa forma marcar a diferença ao não fazer algo que todo o Mundo faz, ao não seguir uma moda universal imposta pelos media constantemente? Eu respondo: somos! Eu, pelo menos, sou!

Por isso, digo:

A imagem tá dentro de nós, não somos nós que fazemos parte dela.

8 Comments:

Anonymous Anonymous said...

imagem...imagem...nao vivemos todos dela em funçao dela??
é na tua imagem que reparam quando te vêm pla 1'vez, é nela que as pessoas na rua olham,é ela que traduz ou nao a confiança nos outros...a imagem é simplesmente a tua porta para o mundo.
e isso é mau...mto mau...
ontem dixeram.me uma coisa curiosa...depois d praguejar imenso, como sempre faço, disseram.me que ninguem fazia o que eu dizia porque tava sempre vestida d preto e porque tinha um ar de anti-cristo ou qlqr coisa parecida..deixou.me perplexa...ninguem faz o que digo porque me visto d preto??nao faz sentido, é so uma cor!!gosto dla e sinto.me bem assim...nao vejo 30 pessoas com a msma blusa que eu quando saio à rua e isso deixa.me feliz!!agora desacreditada só pq nao vivo no seu mundo da barbie em que todos sao iguais??eles sim sao os espelhos!!identicos passam por mim e nao lhes vejo diferença nenhuma...nao vou me vestir d rosa só pa m ouvirem, nao vou m render e ser igual a eles só pq querem q o faça...nao digo q nao me esforço quando m visto para ficar o mlhor possivel, mas segundo a mha moda, segundo o que eu acho certo...desisti "deles" nao quero saber o q pensam da mha bela roupa negra, se nao me ouvem, vou falando sozinha...mas eles nao vao conseguir me mudar...pq tu tens a tua moda e eu tenhu a mha...ng nos pode tirar isso!!

**

2:05 PM  
Anonymous Anonymous said...

Die Vestes preto e ouves ou Metal ou Gothik? Mentira? Espelho!

4:02 AM  
Anonymous Anonymous said...

Sinceramente gostava k respondesses se ouves ou não!Caso oiças n passas da mesma geração de morangos com açucar k o Rafael fala nu blog!!! Só k em vez de te guiares pelos morangos guiaste pelos teus idolos do metal (mesma merda na minha opinião). Sou Fã nº1 de Metal (tb oiço outras cenas...) há mtos anos e Jamais me irei vestir de preto pq a minha banda preferida o faz! Tens o caso do Rafael k se veste de preto n sei se pq calha ou pq gosta mas k n é por ser metaleiro tenhu eu a certeza visto k sabe ouvir todo o tipo de Musica ao contrario dos k são só metaleiros só punks só emos lol e criam o seu estilo tipico...Os morangos podem tar na no topo da moda ! Mas a moda tb pode surgir entre amigos metaleiros ou amigos du punk... Se te vestes de preto pq gostas e até ouves musica punk ou hip hop ou o k ker k seja desde k seja boa musica então as minhas desculpas n era a ti a kem me keria dirijir!

4:21 AM  
Anonymous Anonymous said...

pois enganas-te entao caro amigo...nao aprecio de todo metal...logo, erraste quando julgaste que seguia os idolos das
"mhas" bandas pq nao o faço...dscpas aceites*
=)

1:25 PM  
Anonymous Anonymous said...

Concordo contigo 'anónimo'.

Fazer parte da geração 'morangos' não é só vestir o que a moda pede; é fazer da nossa rotina uma moda.

Ou já se esqueceram do boom de putos a vestir ADIDAS na altura em que surgiu o nu-metal de bandas como KORN e LIMP BIZKIT?

Eu não. :S

1:15 AM  
Anonymous Anonymous said...

É dificil dizer que alguem é anti-moda ou livre de preconceitos pq hoje em dia até o anti-moda é moda de uma certa maneira e TODA gente tem preconceitos em relação à imagem dos outros, por mais pequeno que seja este preconceito. É inevitável! Olhamos para as pessoas e julgamos logo saber os seus gostos e a sua personalidade simplesmente pelo que veste... e k ninguem venha dizer o contrário pq seria hipocrita. ah não? atao imaginem um gajo vestido de camisa cor de rosa com umas calças de ganga com brilhantes e bem justa no cu, um brinco so na orelha direita, e k ao falar joga as maos como uma "gaja histérica" (olha o preconceito ja aqui). 11 em 10 pessoas diriam que o gajo é gay, e se calhar estariam certas, mas era preconceito. Um "preto" é do hip hop, um rasta é do raggae, um parvo é do hardcore lool ;) ...
epah ja fartei desta moral toda e achu k me perdi la po meio deste texto mas caga nisso... beijos e abraços... Paulo "Kara"

7:38 AM  
Anonymous Anonymous said...

Boas Paulo.

Concordo contigo. Nem posso fazer o contrário.

Isto faz-me lembrar uma cena que um antigo colega meu de turma, o Carlos, me disse uma vez no meu 10º ano no Liceu.

'Nem um straight-edge é straight porque só o facto de não ter vícios torna-se um vício.'

A mesma cena é o que dizes; um gajo que tenta não fazer parte da elite, cria a sua própria elite. Um anti-moda criou a moda no sentido antagónico da palavra. Não?

Na altura dos rastaman, os jamaicanos recriaram uma nova cultura, uma nova aparência, para contrastar com tudo o que havia no Mundo. Só que na altura todos quiseram ser 'diferentes' e acabaram por sair cópias uns dos outros. Todos ficaram iguais, deixando os restantes mais 'diferentes'.

Também me faz lembrar uma conversa que tive uns anos mais tarde com o Skatro, actualmente vocalista de HO-CHI-MINH e em tempos vocalista de BLAST. Na altura, BLAST era uma banda que tocava com todos mascarados e pintados e cuja sonoridade não fugia muito às tendências nu-metal da altura.

E eu perguntei: 'João, o que tens a dizer quando te dizem que, ao tocarem pintados e mascarados, vocês soam a SLIPKNOT e MUDVAYNE?'.

Ao que ele me responde: 'Se toco pintado e mascarado, lembro SLIPKNOT e MUDVAYNE. Se não me pintar/mascararar vou relembrar as restantes bandas do género como os DEFTONES, LIMP BIZKIT, KORN e afins. Mais vale ir por onde mais curto e deixar as pessoas meterem-me no saco que quiserem'.

Hoje em dia não há modas... Há originalidade e cópias.

Mas quando se tenta ser original só para ser diferente...hum...

2:11 AM  
Anonymous Anonymous said...

Faz parte de nós, a nossa imagem exterior fortalece/enfraquece o nosso ego, nós os humanos somos assim.

Com o tempo e se nos esforçarmos podemos aprender a dominar esse aspecto.

Só preciso de me agradar a mim próprio, porquê mudar a minha imagem pra agradar alguém? Até posso fazê-lo, mas de que serve agradar a terceiros se não me sentir bem cmg mesmo? degradação total.

Mudar? Só em outro tipo de situações como meio pra atingir um fim. Exemplo do emprego.

Abraço

4:32 AM  

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