Friday, December 15, 2006

Tu, ó bófia


Este texto deveria chamar-se 'A minha primeira experiência com a polícia' mas preferi dar-lhe o título de uma música da banda que mais me marcou na última década.

É certo que há regras/leis para ser cumpridas; algumas serão obrigatoriamente necessárias para se viver em comunidade. Mas para quem não acredita/respeita as ditas leis, farão essas regras parte da comunidade que nós pretendemos cooperar?

É desta forma que vejo a Associação de Músicos e a I CAN C U; segundo uma base muito sólida apoiada por uma anarquia organizacional que todos nós decidimos estruturar, não há mão do estado no noso negócio. O estado não tem IVA das t-shirts que vendemos, o estado não tem direito a descontos no IRS da nossa parte, não há segurança social para ninguém (esta não estaria supostamente falida??), e nem tão pouco tornamos pública as eleições para qualquer decisão por nós tomada, com o consentimento do público.

AQUI QUEM FAZ AS LEIS SOU EU E ÉS TÚ; público que nos apoia e semrpe apoiou.

Ora bem, sempre amei CENSURADOS e sempre fui um fiel seguidor dos punks sujos de Alvalade desde o primeiro dia que os 'conheci'. Um dia (10 Dezembro, 2005) decidi prestar-lhes um tributo, precisamente no ano em que a banda 'comemorava' 10 anos que fecharam portas.
O nome: 100 SURRADOS; A banda: os amigos! E assim se iniciou o projecto.

Eu nunca fui muito de cantar músicas a falar da bófia porque nunca me fizeram mal nenhum (nunca se diz NUNCA). E por essa razão a música 'Tú, ó bófia' nunca me deu aquela fezada de cantar ao vivo. Todas as músicas de CENSURADOS têm um significado bastante forte em mim mas essa faixa era daquelas que eu dispensava. Era fixe ver o pessoal a cantá-la ao vivo cheio de fézada, assim como é baril ver o pessoal a criticar a bófia porque foram apanhados a fumar uma ganza, enquanto eles nem se aproximam dos traficantes. Mas hoje em dia já tenho razões para curtir esse tema da mítica banda dos 90's.

A minha primeira experiência com essa dita entidade de segurança nacional passou-se a 14 de Dezembro de 2005 quando o meu carro foi assaltado à porta da Associação de Músicos. Num espaço de 15m em que fui à Associação falar com o Armindo e voltei, num espaço de 15m em que tranquei o carro e ficou estacionado mesmo à porta da Associação, o meu carro leva uma limpeza que bem me custou a assumir. Estamos a falar de alguns 40 cd's originais, 1 discman da SONY, livros da escola, roupa, carregador do telemóvel, 2 walkie-talkies, etc. Vá lá que os assaltantes não curtem auto-rádios da SONY senão nem tão pouco teria direito a ouvir musica no bote.
Polícia chamada ao local. Provas? Nada! Suspeitos? Nenhuns! Solução? Zero.
CASO ARQUIVADO!

A segunda foi pouco tempo depois. Estamos no dia 14 de Fevereiro de 2006, dia de S. Valentim. Eu ía ter com a minha valentina quando decidi ir comprar uma pizza. Estava com o meu sócio Paulóló e fomos manjar antes de marchar para Loulé. Alô Pizza. Atum. Camarão. Bacon. Salame. Massa fina. Sem oregãos. O mesmo de sempre. 4,60€. Pagamento. Até à próxima.
Metemo-nos no carro e chegámos ao cruzamento da padaria; ou do Mac Tostas, como quiserem chamar. Sem passadeira, sem sinal de STOP, 3 sujeitos atravessam-se à frente do carro e quase que os levei pela frente. Quase?? Ou não. Param de repente e ficam especados no meio da estrada a olhar para mim com uma cara que praticamente dizia 'Ó filha da puta, sai lá do carro que a gente rebenta-te todo, cabrão!'. Eu preferi não sair. Esperei que saíssem da frente mas foi em vão. Puxo da primeira, piso o acelerador e vá lá que decidiram dar um passo em frente, senão passavam a fazer parte do alcatrão que pavimentava a estrada.

Só que, um deles foi atingido. E no momento da coisa, saca de um distintivo. PJ!
Pronto, 'tava tudo fodido! 'Saia do carro imediatamente!'.

Saí, com calma, o carro parado no meio do cruzamento, impossibilitando a passagem das outras viaturas e praticamente fui detido.

Acusação? Não parei num STOP, não respeitei a passadeira, atropelamento e fuga?!?.
Ok. STOP não havia. Passadeira, nickles batatóides, atropelamento quando o sujeito ficou de pé (?) e fuga para onde se parei o carro e saí de livre vontade? Ok. Mas a bófia representa o estado e os impostos com que lhes pagamos o ordenado serviram para representarem a ordem da forma que já vos explico.

O 'puto' lá sai do carro com calma e é forçado a meter as mãos em cima do carro e a abrir as pernas. Até me revistaram para ver se trazia comigo uma arma. Vocês conseguem imaginar o trânsito daquele cruzamento numa terça-feira às 14h? É imenso! Tudo a olhar para mim, e quase que meto as mãos no fogo como estavam a pensar 'Olha, mais um que foi apanhado', e eu ali especado a ser revistado. Só que, subitamente, o polícia agarra na minha cabeça e dá-me com ela no carro. Resultado? Um par de óculos partidos. Um dente partido para o resto da vida. Um corte na sobrancelha que deitou sangue até a veia se cansar.

E esquadra!

Levaram o meu carro, eu fui no banco de trás com o Paulo e lá estava eu a ser interrogado. Acreditam nisto? Estava na puta da esquadra, primeira vez na vida, como um autêntico corrupto (como eles todos são!) a prestar declarações de não ter parado num STOP inexistente, nem ter visto uma passadeira invisível e de ter atropelado um traseunte que ficou de pé para depois fugir, saindo do carro naquele preciso momento.

Nessa tarde ía ter com a M**** e de noite teria um concerto na Associação de Músicos com AN X TASY e ANYMAIS y RACIONAIS. Mas ainda tinha 1 dia longo pela frente. O resto da história fica para outra altura, porque são águas passadas e nem interessa o que aconteceu mais, mas foi mais 1 prova de que a polícia NUNCA está onde deve e SEMPRE aparece quando não é necessária.

O meu último episódio foi ontem, dia 14 de Dezembro de 2006. Já repararam na coincidência? Na data? Já repararam na semelhança? Três aventuras com a polícia, três vezes a dia 14 e pela segunda vez no dia 14 de Dezembro. Isto é de um gajo marar. Exactamente após a minha primeira banhada na Associação de Músicos, sou banhado novamente lá... mas por eles!
Existe a sexta-feira 13; para mim existe o 'Qualquer dia 14'.

14h30 da tarde. Eu, atrasado para o trabalho, só encontro um lugar para estacionar o carro. Esse lugar é exactamente à porta da 'minha' Associação de Músicos onde deixo o carro a tapar um pouco de um portão (igualmente da Associação) por não haver mais lugares disponíveis. para quem não sabe da realidade que se está aqui a passar por estes lados... A Riamar, edifício onde trabalho, tem uma garagem com capacidade para cerca de 120 lugares. A mesma está em obras, o que significa que são 120 carros a estacionar 'cá fora'. Temos depois mais 1 urbanização enorme em frente que deve comportar cerca de 100 (ou mais!) viaturas também. Algumas têm garagem própria, outras não. Depois temos uma estrada larga (daquelas que 'tá na moda agora os carros estacionarem mesmo no meio da estrada) com a sinalização amarelada no pavimento, proibindo o estacionamento naquela zona. Para além do mais, a polícia reboca todos os carros que ali se encostam. E depois temos a Associação de Músicos que tem cerca de 20 lugares em frente e que às vezes nem chega para os músicos pararem pra ensaiar. A Associação é constituída por 3 armazéns, dos quais um deles faz parte da Junta de Freguesia. Esse armazém, constantemente sujeito a cargas e descargas de material, tem 1 sinal de proibido estacionar/parar em frente. Não estamos a falar de uma garagem, apenas um portão de descarga de material.
Como elemento integrante da Associação, e por não haver lugares ali perto, deixei o carro em frente ao portão. Calculei que, qualquer coisa ligassem-me. Entrei às 14h30 ao serviço e saí às 17h30. Quando cheguei ao carro, já pronto para entrar, aparece o reboque.
Na minha maior inocência entro no carro pronto para seguir para casa quando o 'sr. oficial do estado' sai e diz-me: 'Os seus documentos, por favor'. Nem quis acreditar. Haveria de rir? Haveria de chorar? Haveria de dar-lhe 1 cabeçada? Ou haveria de dar os documentos? Então, dei!

'Sr. Rafael. Vou ter de aplicar-lhe uma coima no valor de 60€ por estacionamento proibido. E já não cobro o reboque de 50€ porque ía já tirar o carro.'
'Sr. Fardamento Indevido. O mais correcto seria dizer-me que me estava a multar para assumir o poder e sentir-se mais homem. E cobre o que quiser porque esse dinheiro empobrece-me mas não o enriquece. Estamos a falar de dinheiro que vai para o estado que nem tão pouco vos dá farda a todos e que volta lá vos vemos na televisão a reclamar pelos vossos direitos. Mas vêm-me tirar os meus.'.

Estamos a falar do meu carro, na minha associação, a apanhar uma multa de 60€ por estar 1 metro ao lado do sítio onde devia estar.

O resto da história também não vale a pena contar porque é triste.

Paguei, não corrompi a lei e respondi: 'Em 5 anos de carta que tenho, a primeira multa que apanho é de 60€ por estacionar o carro 1 metro ao lado de onde deveria estar, à porta da minha própria associação'.

Agora digam-me: É para rir? Para chorar? Para lhe dar uma cabeçada? Ou para cumprir a lei?

Eu cumpri...!
É difícil viver em anarquia...

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

oh xefe
a cena de 100 Surrados foi no dia 10 dezembro de 2004 e foi o meu primeiro concerto LOL !!!
bom texto

10:55 AM  
Anonymous Anonymous said...

a inutilidade dos cobardes cresce dia após dia..palavras sábias dos tios ratos:
É preciso mudar o sistema policial
Porque eles estão matando a pau
Gente decente
Em vez de proteger a população
Vivem agredindo algum cidadão
Sem nenhuma razão
Agressão/Repressão
É preciso mudar o sistema policial
Já estamos cansados de agressão

9:31 AM  

Post a Comment

<< Home