Monday, December 25, 2006
Friday, December 15, 2006
Este texto deveria chamar-se 'A minha primeira experiência com a polícia' mas preferi dar-lhe o título de uma música da banda que mais me marcou na última década.
É certo que há regras/leis para ser cumpridas; algumas serão obrigatoriamente necessárias para se viver em comunidade. Mas para quem não acredita/respeita as ditas leis, farão essas regras parte da comunidade que nós pretendemos cooperar?
É desta forma que vejo a Associação de Músicos e a I CAN C U; segundo uma base muito sólida apoiada por uma anarquia organizacional que todos nós decidimos estruturar, não há mão do estado no noso negócio. O estado não tem IVA das t-shirts que vendemos, o estado não tem direito a descontos no IRS da nossa parte, não há segurança social para ninguém (esta não estaria supostamente falida??), e nem tão pouco tornamos pública as eleições para qualquer decisão por nós tomada, com o consentimento do público.
AQUI QUEM FAZ AS LEIS SOU EU E ÉS TÚ; público que nos apoia e semrpe apoiou.
Ora bem, sempre amei CENSURADOS e sempre fui um fiel seguidor dos punks sujos de Alvalade desde o primeiro dia que os 'conheci'. Um dia (10 Dezembro, 2005) decidi prestar-lhes um tributo, precisamente no ano em que a banda 'comemorava' 10 anos que fecharam portas.
O nome: 100 SURRADOS; A banda: os amigos! E assim se iniciou o projecto.
Eu nunca fui muito de cantar músicas a falar da bófia porque nunca me fizeram mal nenhum (nunca se diz NUNCA). E por essa razão a música 'Tú, ó bófia' nunca me deu aquela fezada de cantar ao vivo. Todas as músicas de CENSURADOS têm um significado bastante forte em mim mas essa faixa era daquelas que eu dispensava. Era fixe ver o pessoal a cantá-la ao vivo cheio de fézada, assim como é baril ver o pessoal a criticar a bófia porque foram apanhados a fumar uma ganza, enquanto eles nem se aproximam dos traficantes. Mas hoje em dia já tenho razões para curtir esse tema da mítica banda dos 90's.
A minha primeira experiência com essa dita entidade de segurança nacional passou-se a 14 de Dezembro de 2005 quando o meu carro foi assaltado à porta da Associação de Músicos. Num espaço de 15m em que fui à Associação falar com o Armindo e voltei, num espaço de 15m em que tranquei o carro e ficou estacionado mesmo à porta da Associação, o meu carro leva uma limpeza que bem me custou a assumir. Estamos a falar de alguns 40 cd's originais, 1 discman da SONY, livros da escola, roupa, carregador do telemóvel, 2 walkie-talkies, etc. Vá lá que os assaltantes não curtem auto-rádios da SONY senão nem tão pouco teria direito a ouvir musica no bote.
Polícia chamada ao local. Provas? Nada! Suspeitos? Nenhuns! Solução? Zero.
CASO ARQUIVADO!
A segunda foi pouco tempo depois. Estamos no dia 14 de Fevereiro de 2006, dia de S. Valentim. Eu ía ter com a minha valentina quando decidi ir comprar uma pizza. Estava com o meu sócio Paulóló e fomos manjar antes de marchar para Loulé. Alô Pizza. Atum. Camarão. Bacon. Salame. Massa fina. Sem oregãos. O mesmo de sempre. 4,60€. Pagamento. Até à próxima.
Metemo-nos no carro e chegámos ao cruzamento da padaria; ou do Mac Tostas, como quiserem chamar. Sem passadeira, sem sinal de STOP, 3 sujeitos atravessam-se à frente do carro e quase que os levei pela frente. Quase?? Ou não. Param de repente e ficam especados no meio da estrada a olhar para mim com uma cara que praticamente dizia 'Ó filha da puta, sai lá do carro que a gente rebenta-te todo, cabrão!'. Eu preferi não sair. Esperei que saíssem da frente mas foi em vão. Puxo da primeira, piso o acelerador e vá lá que decidiram dar um passo em frente, senão passavam a fazer parte do alcatrão que pavimentava a estrada.
Só que, um deles foi atingido. E no momento da coisa, saca de um distintivo. PJ!
Pronto, 'tava tudo fodido! 'Saia do carro imediatamente!'.
Saí, com calma, o carro parado no meio do cruzamento, impossibilitando a passagem das outras viaturas e praticamente fui detido.
Acusação? Não parei num STOP, não respeitei a passadeira, atropelamento e fuga?!?.
Ok. STOP não havia. Passadeira, nickles batatóides, atropelamento quando o sujeito ficou de pé (?) e fuga para onde se parei o carro e saí de livre vontade? Ok. Mas a bófia representa o estado e os impostos com que lhes pagamos o ordenado serviram para representarem a ordem da forma que já vos explico.
O 'puto' lá sai do carro com calma e é forçado a meter as mãos em cima do carro e a abrir as pernas. Até me revistaram para ver se trazia comigo uma arma. Vocês conseguem imaginar o trânsito daquele cruzamento numa terça-feira às 14h? É imenso! Tudo a olhar para mim, e quase que meto as mãos no fogo como estavam a pensar 'Olha, mais um que foi apanhado', e eu ali especado a ser revistado. Só que, subitamente, o polícia agarra na minha cabeça e dá-me com ela no carro. Resultado? Um par de óculos partidos. Um dente partido para o resto da vida. Um corte na sobrancelha que deitou sangue até a veia se cansar.
E esquadra!
Levaram o meu carro, eu fui no banco de trás com o Paulo e lá estava eu a ser interrogado. Acreditam nisto? Estava na puta da esquadra, primeira vez na vida, como um autêntico corrupto (como eles todos são!) a prestar declarações de não ter parado num STOP inexistente, nem ter visto uma passadeira invisível e de ter atropelado um traseunte que ficou de pé para depois fugir, saindo do carro naquele preciso momento.
Nessa tarde ía ter com a M**** e de noite teria um concerto na Associação de Músicos com AN X TASY e ANYMAIS y RACIONAIS. Mas ainda tinha 1 dia longo pela frente. O resto da história fica para outra altura, porque são águas passadas e nem interessa o que aconteceu mais, mas foi mais 1 prova de que a polícia NUNCA está onde deve e SEMPRE aparece quando não é necessária.
O meu último episódio foi ontem, dia 14 de Dezembro de 2006. Já repararam na coincidência? Na data? Já repararam na semelhança? Três aventuras com a polícia, três vezes a dia 14 e pela segunda vez no dia 14 de Dezembro. Isto é de um gajo marar. Exactamente após a minha primeira banhada na Associação de Músicos, sou banhado novamente lá... mas por eles!
Existe a sexta-feira 13; para mim existe o 'Qualquer dia 14'.
14h30 da tarde. Eu, atrasado para o trabalho, só encontro um lugar para estacionar o carro. Esse lugar é exactamente à porta da 'minha' Associação de Músicos onde deixo o carro a tapar um pouco de um portão (igualmente da Associação) por não haver mais lugares disponíveis. para quem não sabe da realidade que se está aqui a passar por estes lados... A Riamar, edifício onde trabalho, tem uma garagem com capacidade para cerca de 120 lugares. A mesma está em obras, o que significa que são 120 carros a estacionar 'cá fora'. Temos depois mais 1 urbanização enorme em frente que deve comportar cerca de 100 (ou mais!) viaturas também. Algumas têm garagem própria, outras não. Depois temos uma estrada larga (daquelas que 'tá na moda agora os carros estacionarem mesmo no meio da estrada) com a sinalização amarelada no pavimento, proibindo o estacionamento naquela zona. Para além do mais, a polícia reboca todos os carros que ali se encostam. E depois temos a Associação de Músicos que tem cerca de 20 lugares em frente e que às vezes nem chega para os músicos pararem pra ensaiar. A Associação é constituída por 3 armazéns, dos quais um deles faz parte da Junta de Freguesia. Esse armazém, constantemente sujeito a cargas e descargas de material, tem 1 sinal de proibido estacionar/parar em frente. Não estamos a falar de uma garagem, apenas um portão de descarga de material.
Como elemento integrante da Associação, e por não haver lugares ali perto, deixei o carro em frente ao portão. Calculei que, qualquer coisa ligassem-me. Entrei às 14h30 ao serviço e saí às 17h30. Quando cheguei ao carro, já pronto para entrar, aparece o reboque.
Na minha maior inocência entro no carro pronto para seguir para casa quando o 'sr. oficial do estado' sai e diz-me: 'Os seus documentos, por favor'. Nem quis acreditar. Haveria de rir? Haveria de chorar? Haveria de dar-lhe 1 cabeçada? Ou haveria de dar os documentos? Então, dei!
'Sr. Rafael. Vou ter de aplicar-lhe uma coima no valor de 60€ por estacionamento proibido. E já não cobro o reboque de 50€ porque ía já tirar o carro.'
'Sr. Fardamento Indevido. O mais correcto seria dizer-me que me estava a multar para assumir o poder e sentir-se mais homem. E cobre o que quiser porque esse dinheiro empobrece-me mas não o enriquece. Estamos a falar de dinheiro que vai para o estado que nem tão pouco vos dá farda a todos e que volta lá vos vemos na televisão a reclamar pelos vossos direitos. Mas vêm-me tirar os meus.'.
Estamos a falar do meu carro, na minha associação, a apanhar uma multa de 60€ por estar 1 metro ao lado do sítio onde devia estar.
O resto da história também não vale a pena contar porque é triste.
Paguei, não corrompi a lei e respondi: 'Em 5 anos de carta que tenho, a primeira multa que apanho é de 60€ por estacionar o carro 1 metro ao lado de onde deveria estar, à porta da minha própria associação'.
Agora digam-me: É para rir? Para chorar? Para lhe dar uma cabeçada? Ou para cumprir a lei?
Eu cumpri...!
É difícil viver em anarquia...
Thursday, December 14, 2006
ASSOCIAÇÃO RECREATIVA E CULTURAL DE MÚSICOS DE FARO
* Duas centenas de músicos e actores temem encerramento da sua sede *
(por: Carolina Silva e Rodrigo Burnay; em 'O Algarve' de 14.12.06)
Faro tem um único espaço onde as chamadas bandas de garagem e os grupos de teatro amador podem ensaiar e apresentar os seus espectáculos. Simultaneamente, essa sala tem sido palco de centenas de espectáculos musicais de bandas portuguesas e estrangeiras absolutamente consagradas e conhecidas do público. Nesse sentido é, conforme salientou Rafael Rodrigues, músico e promotor de espectáculos, um espaço “equivalente ao Paradise Garage em Lisboa e ao Hard Club em Gaia”. A sala tem um nome: é a sede da Associação Recreativa e Cultural Músicos (ARCM) e poderá fechar, conforme noticiamos na nossa edição de 30 de Novembro.
“Nos últimos dois anos, quando a associação começou a organizar espectáculos, a actividade cultural em Faro nunca foi tão grande. E não se trata apenas de concertos de música, estou a falar de peças de teatro e mostras de todo o tipo', refere Rafael Rodrigues.
A sala de espectáculos serve também como elo de ligação entre os músicos; permite o conhecimento mútuo das várias bandas e funciona como ponte, possibilitando a ida dos grupos algarvios a outros pontos do país, assim como a vinda a Faro de bandas de outras regiões.
Segundo Rafael Rodrigues, “dantes isso nunca acontecia: as bandas do Algarve não saíam de cá e as de fora nunca cá vinham – a associação e a abertura desta sala quebrou o nosso isolamento e permitiu-nos mostrar o nosso trabalho em Lisboa ou no Porto. Actualmente, a associação é a maior força impulsionadora da música no Algarve”, afirma.
De acordo com Rafael Rodrigues, “antes desta sala abrir, as bandas algarvias tocavam uma vez por ano, quando um bar ou similar se lembrava de organizar um concerto. Hoje em dia é totalmente diferente: chegam a tocar três ou quatro vezes por mês – para uma banda de garagem isso é muito, muito bom. E tudo pelo facto de terem tido a oportunidade de se mostrarem aqui na associação”.
Se as bandas não tivessem um espaço para ensaiar na associação, diz o músico, “provavelmente não ensaiavam. É muito difícil arranjar um local. Neste momento temos 16 bandas – se a associação fecha, não há em todo o Algarve 16 sítios onde elas possam ensaiar”.
Segundo Rafael Rodrigues, “a música é uma forma de não nos metermos por outros caminhos. Pode ser um escape para a droga: os jovens refugiam-se na associação, dedicam-se ao seu trabalho e isso passa a ser a sua droga. Temos um exemplo aqui ao lado, na moagem. As pessoas vão para lá desgraçar a vida, enquanto aqui não há nada disso. Há uma ideia completamente errada sobre quem está ligado à música”, conclui.
No local estão 16 bandas a ensaiar e 18 em lista de espera. A sala de espectáculos é neste momento utilizada por dois grupos de teatro amador: o Sin-Cera e os Reticências, assim como o te-Atrito, este a caminho da profissionalização.
No total, utilizam aquele espaço para trabalhar cerca de 160 pessoas, entre jovens e adultos. Os associados são perto de 200.
Em relação ao teatro, os grupos não têm de pagar pela utilização do espaço.
“Faço teatro em Faro desde 1993. No início deste ano, vários elementos de grupos amadores de teatro de Faro juntaram-se para tentar criar uma companhia de índole mais profissional. A companhia começou em Janeiro, chama-se te-Atrito e encontramos um único sítio disponível para ensaiar: foi na Associação de Músicos”, conta Pedro Monteiro.
De acordo com o actor, “no Teatro Lethes ninguém pode ensaiar, só se tiver espectáculo e é dentro do horário de expediente. É possível ensaiar no IPJ, mas não pode ser a todas as horas – porque há outras actividades a decorrer – e também tem de ser sempre dentro do horário de funcionamento daquele equipamento. Nos Artistas também só e pode ensaiar a certas horas”.
O projecto inicial do Teatro Municipal de Faro, conforme já admitiu publicamente o presidente do Conselho de Administração daquele equipamento, Paulo Neves, sofreu várias alterações. Ou melhor, várias amputações, alegadamente, por dificuldades orçamentais. Como foi notório durante as últimas chuvadas, por causa dos cortes, o teatro «mete água» mas pelos vistos não «mete» lá os artistas farenses.
“O Teatro Municipal nem sequer tem um espaço para um grupo de pequena dimensão ensaiar – não se vai abrir uma sala com 800 lugares para esse tipo de projectos”, refere Pedro Monteiro. De acordo com o actor, “o plano inicial do Teatro Municipal incluía uma segunda sala, mais pequena, como acontece em Braga, ou no Teatro Municipal de Vila Real, por exemplo. Esses municípios apostaram numa casa pra espectáculos grandes, mas simultaneamente, também têm salas pequenas, com 150, 200 lugares, para permitirem a apresentação de outro tipo de projectos”.
Para Pedro Monteiro, “se a sede da associação encerra, a actividade teatral passa a ser menos possível. Não há um espaço público em Faro onde os grupos, amadores ou profissionais, possam trabalhar. Do ponto de vista artístico, o Teatro Municipal não é para os artistas farenses. Pode ser para o público farense, mas para os artistas não é, tanto ao nível de ensaio, como ao nível de apresentação de espectáculos. Salvo o erro, a ACTA fez lá dois ou três espectáculos e o grupo Ar Quente fez um”, sustenta.
A ARCM tem um protocolo de colaboração com o Instituto da Droga e Toxicodependência.
Com base nesse acordo, a associação tem recebido algumas pessoas em recuperação. O programa “Rede dos Artesãos” paga um ordenado, durante um ano, e a associação apoia na reinserção, ocupando e dando alguma formação profissional. As experiências não têm sido muitas, mas geralmente resultam.
Só num caso correu mal. E correu mal, justamente, porque a ARCM ficou sem sede e teve de hibernar, conforme refere Armindo Silva, um dos responsáveis pela colectividade.
“Ele ía falar connosco, nós íamos dar-lhe a exploração do bar da associação; com o fecho da sede viu-se sem perspectivas: voltou a cair e morreu”.
Paulo, José ou António, não interessa o nome, foi sempre um toxicodependente. A maior parte da sua vida passou-a na prisão. Com cerca de 40 anos e um filho “queria mudar de vida”. A ARCM ajudou-o e ele ajudou a colectividade - “era um artista nato em quase tudo”, refere Armindo Silva. Ao fim de um ano de recuperação, pintou um sorriso numa parede da antiga sede da ARCM, debaixo do qual escreveu: «o meu primeiro ano de liberdade». “Deixou a droga e agarrou-se à associação”, conta Armindo Silva. Quando perdeu a associação também perdeu a vida.
De acordo com os estatutos da ARCM, se a colectividade alguma vez der lucro, essa verba reverterá a favor de instituições particularidades de solidariedade social.
Até lá, tem organizado vários espectáculos de beneficência e cedido bandas para animar as festas das mais diversas instituições da região.
Há espaços em Faro susceptíveis de desempenhar um papel semelhante ao da sede da ARCM, mas pouco ou nada se sabe em concreto. A Fábrica da Cerveja tem servido para acções pontuais. Agora está encerrada. O Executivo liderado por Luís Coelho tinha a intenção de criar no local um museu de arte contemporânea. De acordo com fontes de «O ALGARVE», José Apolinário, actual presidente da autarquia, terá o mesmo propósito, mas nenhum projecto foi ainda tornado público.
Segundo Pedro Monteiro, “falou-se em transformar a Fábrica da Cerveja numa espécie de sede de associações, ou núcleo de concentração de associações. Também se falou no antigo Faro Shopping para os mesmos efeitos.
Na verdade nada avançou.
Fez-se o Teatro Municipal – e acho muito bem – mas não se avançou – nem a Faro Capital Nacional da Cultura ajudou – com a criação de condições de trabalho para companhias de teatro ou de música amadoras".