Friday, October 20, 2006

A música - o seu valor intrínseco


Hoje em dia ouve-se falar muito do comercial, do underground, do mainstream, das bandas se venderem, de tocarem por guita, de tocarem por amor à camisola, de quererem apenas curtir, de tocarem para os amigos, de lutarem pra ir a algum lado, de tentar sair do país, de se deixarem levar pela moda, de se encostarem, de copiarem, de falta de originalidade, de marcar a diferença, de só darem 1 concerto por mês, de tocarem todos os dias, de elevados cachets, de tocarem ao vivo sem preparação, etc.

Vemos nos Moonspell, Fonzie e More Than a Thousand a desculpa de que só se safaram porque foram para o estrangeiro. Isto é, no minimo, repugnante.

As bandas tocam para nós, em shows chamados underground durante 1 ou 2 anos; nós pagamos 100 miseráveis euros aos mesmos, desprezamos todo o seu trabalho. Parece que são mais 4 putos a fazer barulho e que ninguém dá um tusto por eles. Essa banda (tomemos o caso de More Than a Thousand, por defeito) chega à conclusão que em Portugal não damos valor ao seu trabalho. Então 'baza lá apostar no Reino Unido'. E aí vão eles...

Passam-se alguns meses e parece que uma estrelinha nos diz que a banda afinal tem qualidade; apenas porque não se ouve falar deles durante algum tempo e porque sabemos que se ausentaram para outro país europeu. E ainda por cima todos se lembram dos Fonzie (onde andam eles agora?).

E é então que os MT1000 decidem vir-nos brindar a Portugal com um mega-show. E já todos curtem, todos apoiam, todos reconhecem a sua qualidade. Quando no fundo são os mesmos só que agora mais bem produzidos (falo a nível musical, obviamente).

Isto a mim envergonha-me como português.

Ou então vamos a um caso mais recente e mais próximo de mim: os POINTING FINGER.
É uma banda de Faro que nunca ninguém curtiu por cá. Quando eu ainda dava uns tokes na banda ainda me lembro de shows no Liceu (a nossa própria escola) em que eramos uivados por defendermos certo tipo de ideais não respeitados no espaço.
O pessoal baza numa tour europeia e agora somos os maiores. É complicad aceitar esta realidade.

Mas se formos por esta ordem lógica de ideias mais logo dizemos que o Durão Barroso é um gajo muita bacano só porque deixou o país e foi lá pra fora. Nem quero imaginar no sucesso dele se fizer uma banda e vier a Portugal dar um show no Club Lua com o Sócrates, Santana Lopes e Marques Mendes a abrir.

Enfim... passemos ao que interessa...

O valor intrínseco da música.

Algo que o pessoal deixa de ligar a cada dia (leia-se MODA) que passa é a puta da mensagem que as bandas tentam transmitir.

Temos pessoal que se diz satanico porque se lembrou que não acredita em deus. Então dão em (black) metaleiros. Mas depois só conhecem CRADLE OF FILTH e DIMMU BORGIR.
Ou então temos o pessoal do emo porque se lembra que são uns coitaditos e que passam a vida a chorar. E ouvem EVANESCENCE (ahahaha).
Ou então temos os punks fodidos que andam de skate e de moicano e julgam-se os maiores porque têm o ultimo cd de BLINK 182.
Também há os skin-heads que curtem dar pazada nos pretos mas depois ouvem Mata-Ratos.
Espera... ainda há os gajos do hardcore que sabem sair do mosh todos fodidos da cara. Ah, mas esses ouvem Slipknot.
E para terminar em grande porque não falar do pessoal do hip-hop com guns e naifas, banhadas à lorde e com o IPOD banhado a camones a ouvir 50 cent?

AHHHHHHHH... ja chega!! Já me sinto mal - disposto.

Eu orgulho-me de ouvir JAMES BLUNT. Quem conhece, sabe bem do que falo. Leiam a letra 'No Bravery' do 'Back to Bedlam'. Uma verdadeira musica comercial com um verdadeiro conteúdo lírico acima do normal. Uma mensagem que se encaixava bastante bem numa letra hardcore. Leiam a letra para compreenderem o que falo.

Ou então pegas em bandas punk/hardcore (pra não falar de outro estilo qualquer) e chegas à conclusão que a mensagem não está lá, ficou pelo caminho.

Isto tudo para se chegar a uma simples conclusão: não é o estilo que a banda toca e tem, não é se a musica é rapida ou pra cagar na mata, o que interessa é quem escreve para a musica se completar. Não basta criticar o comercial quando não se sabe do que falam. Como não se deve criticar o underground como berros e barulho quando se desconhece a mensagem da banda.

Quando estava ligado ao Satori diziam que aquilo lá era só tráfico de droga. Estive lá alguns anos e não vi nada que me comprometesse.
Depois entrei para a Associação de Musicos e só se ouve dizer que o ambiente é mau. Estou lá há 7 anos e nunca vi nada de incomum.

Mas no entanto as bandas que passam por este tipo de recintos são bandas que transparecem uma mensagem positiva para aqueles que seguem este movimento. E são sempre as mais criticadas.

Agora, o que interessa se a Whitney Houston dá na branca ou se o Michael Jackson curte comer o rabo aos putos? O que interessa é que são ídolos nossos e cantam tão bem... (uau!)
Mas se virmos o baterista daquela banda de Olhão a fumar uma ganza... é logo crucificado! É um marginal da sociedade.

Mas eu volto a repetir as vezes que forem necessárias:

ANTES MARGINAIS DO QUE ASSASINOS!

Saturday, October 14, 2006

Droga - a escravidão do séc. XX


Nem é preciso dizer mais nada.

Esta frase retirei-a do excelente livro ilustrado 'Droga Nem Vê-la' de diversos autores.

Explica o Mundo e Decadência em que nos encontramos hoje em dia.

Temos os pretos escravizados pelos brancos.
Temos os cães escravizados pelos donos.
Temos a classe trabalhadora escravizada pelo patronato.
Temos o terceiro Mundo escravizado pelo Primeiro.
Temos o Mundo escravizado pelas Américas.
Temos os pobres escravizados pelos ricos.
Os poucos escravizados por muitos.
Os muitos escravizados por poucos.
Os indefesos escravizados pelos culpados.
Os inocentes escravizados pelas celas.
Os ingénuos escravizados pela política.
Os submissos escravizados pelas forças policiais.
Tu escravizado por mim.

E os abandonados escravizados pela DROGA.

Se não te preocupas pelo que te estás a fazer, preocupa-te comigo que não te quero ver assim.
Preocupa-te com os teus amigos que não querem perder o teu respeito, consideração, amizade.
Preocupa-te com a tua família, irmãos e colegas.

Preocupa-te com o Mundo mesmo que não seja isso que procuras.

A dependência é o caminho mais fácil para fugires aos problemas. Há que enfrentá-los. Não é o suicídio voluntário que te vai trazer de novo a felicidade. Se há obstáculos são para serem ultrapassados e não derrubados.

Injecta-te com felicidade, amor, paz.

Viva a vida e desprezo à morte!

Wednesday, October 11, 2006

Comodismo Intelectual = Reacção Corporal



Este título até dava para uma letra de uma música, talvez até o faça.
E faço porque preciso de exercitar a mente, preciso de marcar a minha presença no papel.

Prefiro lutar com as palavras e não com os punhos.

Que a sociedade hoje em dia encontra-se totalmente corrompida, todos nós sabemos disso.
Mas somos nós que a corrompemos e somos nós que criticamos os nossos próprios actos quando espelhados por terceiros.

Há quem o chame de hipocrisia, eu prefiro ingenuidade.

A violência bate-nos na face a cada segundo que passa... e a nossa curiosidade em experimentá-la é tanta que isso reflecte-se nas nossas acções diárias com aqueles aos quais chamamos de amigos.

Começando pelo desporto. Todos nós gostamos de torcer por clubes que nada nos dão em troca e que pouco ou nada dão pela nossa existência. Todos gostam de ver um Benfica-Porto. Todos gostam de mandar o árbitro pó caralho, todos gostam de ver um golo do Simão e uma defesa do Baía. Mas na verdade o que eles mais querem é assinar a renovação do contrato milionário que lhes vai garantir uma reforma choruda dos 34 anos ao fim das suas vidas.
No futebol, um desporto onde a paz deveria reinar, entram as claques em acção.
É engraçado ver meio estádio de um lado a chamar 'filho da puta' a outra metade que se encontra do outro lado do relvado. É engraçado saber que no final tudo aquilo acaba em detenções por parte dos corpos policiais, em feridos no hospital e em very lights em finais da Taça.

Como podemos nós criticar a violência (digo - guerra) que se passa do outro lado do Mundo quando atacamos o outro lado do nosso próprio país em disputas futebolisticas? Faz sentido?!?

Depois ligamos a tv para 'saber o que se passa'.

Comecemos pelo telejornal. Guerra no Iraque, taxistas mortos, o Militão a comandar as operações dentro de uma cela, o massacre de Columbine, o marido respeitável que se lembrou de queimar a mulher com ácido porque esta o traiu com outro que lhe dava mais felicidade. São cerca de 45m de um noticiário onde assistimos a uma violência gratuita tal que nem necessitamos de ir alugar um filme para ver em casa. E sabemos que é bem real!
Então pensamos 'Mas que merda é esta?' e toca de mudar de canal.

Brutal, um filme do Steven Seagal. Uai, este ainda não vi. O típico filme de vingança em que mataram a sua mulher e em que entra a vingança em acção. Aprendemos que se fizerem mal a algum parente próximo temos mais é que vingar esse acto e responder da mesma moeda. É incrível a educação que nos impingem hoje em dia. (des)Aprende-se e (des)aprende-se cada vez mais.

Já chega. Vamos é dormir e deixar o puto a ver os desenhos animados para ver se para de chorar. Ok, o Songoku 'tá a dar. Aquela merda até tem piada. Uma injecção infalível de violência directamente na nossa caixa córnea (onde é que já ouvi isto??) para que daqui a uns anos venha tudo ao de cima e aquele que era um simples puto numa vida inocente se lembre de usar a força intelectual que apreendeu na sua infancia em descarga corporal. Tudo começa nos infantários quando se lembram que podem matar porque se encontrarem as bolas de cristal podem reencarnar. Então começam a dar os seus primeiros passos. E, como de pequenino é que se torce o pepino, a sua vida leva uma reviravolta como do dia para a noite.

Ok filho, toma mas é uma pistola de água ou de fulminantes e vai lá dar uns tiros aos amigos na rua porque é uma brincadeira mais inofensiva (não sei se hei-de rir ou de chorar). Daqui a uns anos logo saberei.

Passemos então para a música. Música violenta = dança violenta. Será?

Como é possível que haja gente que esteja a ver um show de hardcore (falo por experiencia própria porque sou um espectador assíduo do género) e que consiga estar parado a olhar para o palco? Isto é uma questão que eu oiço sempre que vou a um evento do género. A resposta é básica: se vamos a um concerto é para ouvir musica e para ver a prestação da banda em palco e não para ver quem sai mais roxo do recinto.

Ok, eu também salto de cima das colunas, eu também curto slamming e também curto ver as WALLS OF DEATH. Mas isto não é uma crítica à dança; é uma crítica a quem critica os que apenas vão lá para observar.

Depois vamos à política. Até nas Assembleias da República vemos os deputados a praticar aulas de boxe.

Vamos à própria rua.

Um gajo só porque é preto tem de levar dos skins.
Um skin só por ter a cabeça rapada tem de levar dos anarcas.
Um anarca só por não ter ideais tem de ser atacado por comunas.
Um comuna só por ser da oposição tem de ser extreminado pelos socialistas.
Um cigano só por cheirar mal tem de ser proibido de entrar em certos estabelecimentos.
Um cão só por não ter dono tem de levar com 1 pedra no focinho.
Um puto só por andar no primeiro ciclo tem de ser assaltado pelos do 4º ano lectivo.

Eu só por escrever este texto arrisco-me a levar destes todos!


Enfim... a violência está aqui bem diante dos vossos olhos. Só não vê quem não quer.

Mas infelizmente eu vejo-a e não quero.