Faro já perdeu o significado
Não tenho nada que me ligue mais a esta cidade (leia-se - pequeno mundo fictício onde poucos são os que o honram).
Que saudades tenho dos meus 16 anitos, que saudades tenho de entrar às 8h30m no Liceu, que saudades tenho de passar pela Rua de Sto. António para ir ter com a minha mãe ao trabalho, que saudades tenho dos shows de Punk-Kecas e Melomenoritmica, saudades dos jogos da bola quando se faltava às aulas, saudades de ser um puto mimado atrás de pitas da mesma idade que conhecia através da net...
Não, não estou a fazer-me de vítima... nada disso... Não sou daqueles que se queixam que a vida vai mal (mas até vai... mais 1100 desempregados com o encerramento da OPEL em Portugal) por isto e aquilo. Mas se há algo aue aprendi nesta vida e que hoje em dia faz mais sentido que nunca... é que é IMPOSSIVEL viver sem amigos... Mas... e quando não se tem amigos? E naquelas alturas em que procuramos uma mão para nos embalar e apenas vemos pó ao redor?
E naqueles momentos em que toda a gente tem 'algo para fazer' menos estar connosco? E naquela altura em que preciso de ti e tu estás em todo o lado menos comigo?
E naquela noite em que peguei na bike para ir até Faro procurar alguém conhecido... e estavam lá todos, com amigos, namoradas, conhecidos, ou simplesmente sozinhos... enquanto eu pra aqui andava a pedalar e a ouvir a obra de arte 'Ballet of the Brute' dos mestres Hatesphere?
E quando nos refugiamos numa musica... tudo parece tão perfeito que por vezes até me questiono sobre a pureza da musica em si.
Ontem escrevi uma letra chamada 'Guilty' cujo onde há uma quadra do género:
'And I have nothing else to write
I've been giving up the fight
And I have no one else to trust
A friend that I needed the most..'
Faz mais sentido que nunca... escrevi a letra 24h antes de senti-la. De ja vu? Previsão? Sei lá, esquece lá isso... a verdade é que consegui escrever uma letra vanguardista porque serviu para sentir nos dedos o que ia sentir na alma 1 dia depois. Muito real mesmo.
A entrega é total; pelo menos da minha parte.
Porque será que a minha unica verdadeira amiga é a guitarra que tenho ao meu lado esquerdo? É a unica que espera pacientemente pela minha dedicação, dá-me atenção quando preciso, deixa-me tocá-la, beijá-la, abraçá-la, senti-la... Posso tocá-la ao de leve como posso agredi-la... que tudo não passa de amor... e ela ali está, à minha espera, para que eu me lembre que ela existe. E ela lá me vai dando as alegrias que procuro em pessoas... e apenas um instrumento me consegue satisfazer desta forma.
Quem me dera a mim amar quem me ama.
Mas como eu também um dia disse na letra 'Exactidão Incerta':
'Pior que ser cego é não querer ver
Prefiro lutar do que deixar-me perder
Eu sei que por vezes é dificil amar
Mais grave é não ter mais amor para dar.'
Tudo porque nunca escolhemos as pessoas certas para amar; os amigos certos para desabafar; as almas certas para confiar...
E eu contigo, guitarra, hei-de sempre contar. Afino-te em SOL, RÉ e MI, e tu nada dizes... permaneces calada a olhar para mim... e sabes que comigo podes sempre contar.
Será que isto é um mal de 24 anos de existência? Pessoal mais novo... nunca queiram imaginar o que é ter 24 anos em cima! Não sou um cota mas foda-se... a idade já começa a pesar... já lá vai altura das malukices, do mosh nos concertos, do sair de bike até às tantas, do 'fazer merda'. A vida é mais do que isso... é o praticares no presente o que queres colher no futuro. Preso numa jaula ou a correr livremente em verdes campos. Tudo depende do HOJE e não do ontem que não dá para emendar nem do amanhã que ainda não sabemos ao certo se chegará a vir.
24 anos sem nunca ter conhecido um verdadeiro amigo.
Ok, já tive o Ricardo, o Buf, o Raul, o Pedro, o Vice, o Zé, a Joana, a Filipa, a Andreia... mas onde anda a maior parte deles neste momento? Aposto que nem se lembram de fazer um blog onde possam escrever a alcunha da melhor banda hardcore de Faro de sempre!
Tu que lês... talvez sejas o meu verdadeiro e mais fiel amigo, quero acreditar nisso. Mas eu nem te conheço... Sei que descarregas alguns k's da net comigo para poder compreender o vazio que vai dentro de mim mas eu nem sei ao certo quem és... que mais poderei eu fazer? Ora bem, não respondas... é desnecessário.
Por isso é que Faro perdeu o significado. Porque já não há ninguém com quem me identifike nesta humilde terra de ninguém... por muito que me custe... os meus dias como cidadão farense deverão estar a chegar ao fim... e o país é tão grande que há tanto para onde ir... mas o medo é maior que a vontade.
E se eu chegar a uma conclusão que me mostra que e qualquer parte do país é tudo assim? Que tudo não passa de um mal de uma nação onde todos os seres agem e pensam da mesma forma e onde não há evidências nem individualidades excepto em casos banais que nada ajudam na estatística?
E se eu chegar a um ponto em que pense pra mim que o mal não é da cidade mas do país?
Perderei o orgulho em ser português? Tenho medo disso!
Mas neste momento de uma coisa sei... Este que te está a escrever para os teus olhos lerem... é um amigo que tens para toda a vida... é só apresentares-te e retribuires o feeling.
O meu nome é Rafael Rodrigues, 24 anos e sou de Faro.
E tu?
Não tenho nada que me ligue mais a esta cidade (leia-se - pequeno mundo fictício onde poucos são os que o honram).
Que saudades tenho dos meus 16 anitos, que saudades tenho de entrar às 8h30m no Liceu, que saudades tenho de passar pela Rua de Sto. António para ir ter com a minha mãe ao trabalho, que saudades tenho dos shows de Punk-Kecas e Melomenoritmica, saudades dos jogos da bola quando se faltava às aulas, saudades de ser um puto mimado atrás de pitas da mesma idade que conhecia através da net...
Não, não estou a fazer-me de vítima... nada disso... Não sou daqueles que se queixam que a vida vai mal (mas até vai... mais 1100 desempregados com o encerramento da OPEL em Portugal) por isto e aquilo. Mas se há algo aue aprendi nesta vida e que hoje em dia faz mais sentido que nunca... é que é IMPOSSIVEL viver sem amigos... Mas... e quando não se tem amigos? E naquelas alturas em que procuramos uma mão para nos embalar e apenas vemos pó ao redor?
E naqueles momentos em que toda a gente tem 'algo para fazer' menos estar connosco? E naquela altura em que preciso de ti e tu estás em todo o lado menos comigo?
E naquela noite em que peguei na bike para ir até Faro procurar alguém conhecido... e estavam lá todos, com amigos, namoradas, conhecidos, ou simplesmente sozinhos... enquanto eu pra aqui andava a pedalar e a ouvir a obra de arte 'Ballet of the Brute' dos mestres Hatesphere?
E quando nos refugiamos numa musica... tudo parece tão perfeito que por vezes até me questiono sobre a pureza da musica em si.
Ontem escrevi uma letra chamada 'Guilty' cujo onde há uma quadra do género:
'And I have nothing else to write
I've been giving up the fight
And I have no one else to trust
A friend that I needed the most..'
Faz mais sentido que nunca... escrevi a letra 24h antes de senti-la. De ja vu? Previsão? Sei lá, esquece lá isso... a verdade é que consegui escrever uma letra vanguardista porque serviu para sentir nos dedos o que ia sentir na alma 1 dia depois. Muito real mesmo.
A entrega é total; pelo menos da minha parte.
Porque será que a minha unica verdadeira amiga é a guitarra que tenho ao meu lado esquerdo? É a unica que espera pacientemente pela minha dedicação, dá-me atenção quando preciso, deixa-me tocá-la, beijá-la, abraçá-la, senti-la... Posso tocá-la ao de leve como posso agredi-la... que tudo não passa de amor... e ela ali está, à minha espera, para que eu me lembre que ela existe. E ela lá me vai dando as alegrias que procuro em pessoas... e apenas um instrumento me consegue satisfazer desta forma.
Quem me dera a mim amar quem me ama.
Mas como eu também um dia disse na letra 'Exactidão Incerta':
'Pior que ser cego é não querer ver
Prefiro lutar do que deixar-me perder
Eu sei que por vezes é dificil amar
Mais grave é não ter mais amor para dar.'
Tudo porque nunca escolhemos as pessoas certas para amar; os amigos certos para desabafar; as almas certas para confiar...
E eu contigo, guitarra, hei-de sempre contar. Afino-te em SOL, RÉ e MI, e tu nada dizes... permaneces calada a olhar para mim... e sabes que comigo podes sempre contar.
Será que isto é um mal de 24 anos de existência? Pessoal mais novo... nunca queiram imaginar o que é ter 24 anos em cima! Não sou um cota mas foda-se... a idade já começa a pesar... já lá vai altura das malukices, do mosh nos concertos, do sair de bike até às tantas, do 'fazer merda'. A vida é mais do que isso... é o praticares no presente o que queres colher no futuro. Preso numa jaula ou a correr livremente em verdes campos. Tudo depende do HOJE e não do ontem que não dá para emendar nem do amanhã que ainda não sabemos ao certo se chegará a vir.
24 anos sem nunca ter conhecido um verdadeiro amigo.
Ok, já tive o Ricardo, o Buf, o Raul, o Pedro, o Vice, o Zé, a Joana, a Filipa, a Andreia... mas onde anda a maior parte deles neste momento? Aposto que nem se lembram de fazer um blog onde possam escrever a alcunha da melhor banda hardcore de Faro de sempre!
Tu que lês... talvez sejas o meu verdadeiro e mais fiel amigo, quero acreditar nisso. Mas eu nem te conheço... Sei que descarregas alguns k's da net comigo para poder compreender o vazio que vai dentro de mim mas eu nem sei ao certo quem és... que mais poderei eu fazer? Ora bem, não respondas... é desnecessário.
Por isso é que Faro perdeu o significado. Porque já não há ninguém com quem me identifike nesta humilde terra de ninguém... por muito que me custe... os meus dias como cidadão farense deverão estar a chegar ao fim... e o país é tão grande que há tanto para onde ir... mas o medo é maior que a vontade.
E se eu chegar a uma conclusão que me mostra que e qualquer parte do país é tudo assim? Que tudo não passa de um mal de uma nação onde todos os seres agem e pensam da mesma forma e onde não há evidências nem individualidades excepto em casos banais que nada ajudam na estatística?
E se eu chegar a um ponto em que pense pra mim que o mal não é da cidade mas do país?
Perderei o orgulho em ser português? Tenho medo disso!
Mas neste momento de uma coisa sei... Este que te está a escrever para os teus olhos lerem... é um amigo que tens para toda a vida... é só apresentares-te e retribuires o feeling.
O meu nome é Rafael Rodrigues, 24 anos e sou de Faro.
E tu?