Saturday, June 10, 2006

Entrevista ao Ludgero (City Scum, Broken Distance, Rat Attack; TAKE THE RISK)


Decididamente voltei ao feeling de entrevistar pessoal. É sempre bom conhecer gente nova, ideias novas; e a partilha de ideias muitas vezes serve para se conhecer melhor aqueles que nos são mais próximos ou pelo menos para ver e discutir diferentes pontos de vista de forma a chegar a uma base informativa mais ampla e ao alcance de todos.
Desta forma decidi falar com um 'jovem' bastante próximo de mim, com o qual já partilhei uma sala de ensaio, algumas bandas, alguns palcos e, desta vez, umas ideias. Membro da promotora TAKE THE RISK e baterista das bandas City Scum, Rat Attack e Broken Distance, foi numa simples conversa de MSN que chegámos a isto que aqui vos apresento.
Boa sorte para todos os seus projectos (bastante interessantes até!) e para a nova 'vida de estudante' que encarou, ehehe.


1- Antes de mais nada, fala-me um pouco dos projectos em que estás envolvido e o que significa cada um para ti.

Broken Distance nasce de Get Lost que foi a primeira banda k tive.. é mais melodico e temos outras influencias mas é uma banda onde adoro tocar e ensaiar porque são os meus melhores amigos. Demos o 1º concerto esta quinta-feira com Icepick , Synead e Rat Attack e foi bom.
Rat attack e City Scum são projectos com o Poli e o Miguel de Quarteira; City Scum é aquele punk rock à Rancid enquanto que Rat Attack vai buscar aquelas influências xungas do Black Flag antigo, Bad Brains e Cro-mags.
Entrei para Kontrattack depois do Rafa ter ido para Barcelona e é a cena mais pesada onde estou no momento, uso pedal duplo e é um estilo diferente; os ensaios são divertidos e é a banda mais antiga a tocar no Algarve.
Já tive outros projectos que me ajudaram a desenvolver bué como Highest Cost em que se ensaiava todas as noites e eram como aulas para mim.
Fui da formação original de 100 Surrados, fiz duas datas com Pointing Finger e toquei no reunion show de What Went Wrong.

2- Não sentes que o hardcore que foi vivido na decada de 90, com bandas como time x, new winds, x-acto, e ate mesmo os what went wrong... se perdeu hj em dia? Já não há aquela cena da youth crew, as zines nos shows, os benefits... morreu tudo um pouco, nao achas?

Morreu.. hj já ninguém tem orgulho em fazer um X na mão ou falar coisas bonitas nos concertos.. Axo que na altura isso era moda.. agora a moda é outra.. lamento dizer mas axo que todos seguimo-nos por modas quer queiramos quer não.. nessa altura era moda ser vegan e falar bem.. agora é moda moshar e comer bifes.. pá, agora tb há muitos mais estilos que antes.. o metal core veio dar uma grande reviravolta nisto tudo; depois o pessoal farta-se de tocar sempre os mesmos 3 acordes e partem para outros campos.
Tipo, aconteceu aqui o que aconteceu nos EUA no fim dos 80s; acho que todos curtem de exprimentar sonoridades novas e diferentes.
Não critico ninguém por isso.. eu não oiço só hardcore ..

3- E o q me tens a dizer à falta de zines e benefits?

Desleixo, falta de tempo, falta de sangue novo , falta de incentivos..
Benefits é muito giro e não sei quê; eu por mim fazia muitos benefits.
Quando toco é raro ganhar dinheiro, aliás, das vezes que toquei aposto que só fiquei com dinheiro ao fim da noite umas 5x e já dei uns quantos concertos.
O dinheiro vai sempre para o aluguer da sala , do som , para pagar às bandas de fora; e nem se vai aqui falar de publicidade e de jantar porque se vamos tirar dinheiro para issoo, então é para esquecer mesmo.

4- À pouco falavas do pessoal já não seguir os 3 acordes e andar a explorar outros campos... ao mesmo tempo falas de se perder um pouco o inituito da mensagem... Mas há bandas como os Earth Crisis, Heaven Shall Burn e Arkangel que conseguiram explorar outros campos mas sem esquecer o intuito do hardcore: a mensagem... ou não?

Já não há muitas bandas políticas hoje em dia .. na minha opinião a melhor banda político/vegan que houve foram os Good Clean Fun porque conseguiam brincar com os temas de uma forma muito real e directa ! Tocavam os 3 acordes e era bué divertido.. em relação a essas bandas ditas new school / H8000 / Victory seguiram uma onda mais metal não esquecendo a mensagem.. mas também acho que o hardcore não é só sobre política.. acho que acima de tudo é sobre divertimento, amizade, união , juventude , merdas que fazemos.. Por exemplo, o Start Today de Gorilla Biscuits é considerado o melhor disco de hardcore porque tem malhas melódicas, malhas mais agressivas, mas tem também letras políticas e letras pessoais; podes ler um New Direction sobre o pessoal que vai fugir aos 3 acordes, ou um Standstill que acaba por ser superpolítico em que critica o facto de estares agarrado à tv e não fazeres mais nada, ou um Degradation que fala do white pride e bla bla, ou um Competition da competição entre as bandas; é por issu que o Start Today é lindo! Acho ridículo Gorilla Biscuits voltarem a fazer tour quase 20 anos depois.
Sei que fugi um pouco ao assunto, desculpa.

5- Agora vou-te colocar a mesma questão que coloquei aos Ho-Chi Minh... O que me tens a dizer de bandas que falam de política e de ir contra o estado, impostos, etc... e depois pedem cachets exorbitantes para tocar? Falam de miséria, de gente a morrer à fome e depois pedem cachets impossíveis de promotoras como a nossa e a vossa cobrirem?

se calhar essas bandas pedem uma quantia mais elevada pk tem outros compromissos como os elementos da banda tem uma casa para sustentar e não andam a tocar so pelo amor.. são bandas k ja passaram para um patamar mais acima e o DIY ja não lhe diz mt..
os managers e editoras mts vezes tb guita ao bolso e a banda dps fica mal vista.. pah sei lah há bué factores em causa para esta resposta..

6- Fala-me agora um pouco de outros compromissos que sei que assumiste e os quais defendes com toda a convicção: straight edge, take the risk, hardcore... O que significa cada um pra ti?

Straight edge é um rotulo para um estilo de vida que levo sem drogas; tento ser positivo o mais que posso mas nem sempre isso é possível.
Take the Risk é um grupo de amigos que se junta para organizar concertos de hardcore e distribuir alguns discos; desde já está a correr fixe, temos feito concertos bons, mas sem a ajuda do pessoal de fora nada era possivel, sem a ajuda do público que vai aos concertos e compra, de ti que fazes sempre o som nos nossos concertos, das bandas com as quais temos estabelecido contacto e que até agora foram todas super impecáveis e não vieram com facadinhas para a net como aconteceu com a I CAN C U ou com a SPEAR.
Hardcore é um estilo de música associado a um estilo de vida, straight edge , não straight edge , vegetariano , comedor de animais, gay , fufa, tudo tem lugar no hardcore , é musica , é divertimento , é pensares por ti próprio.

7- Sei que não sou a melhor pessoa para colocar esta questão mas que tens a dizer de um gajo por vezes usar certas características humanas para ofender outras como 'pareces um deficiente', 'paneleiro de merda' ou 'a tua mae tá com um preto' e no final assumirem-se como anti-homofóbicos, anti-racistas, etc?

Pá, eu axo que essas afirmações são ditas a brincar ou sem pensar .. não é com a intenção de ofender os deficientes ou os pretos.. pá, são cenas que fazem parte da nossa sociedade e tu cresces com isso e depois não consegues evitar de as dizer.. pá, eu não sou homofóbico nem racista mas não curto desses kosovares macacos que andam aí a roubar e não sei quê ou de um grupo de negros que assalta jovens no metro, por exemplo.

8- E o que tens a dizer da expressão triste e infeliz, pelo menos para mim, do 'aquele gajo caiu' quando alguém começa a beber? Porque não dizer 'aquele gajo levantou-se' se for num sentido de um gajo fazer aquilo que gosta e deixar de se sentir straight edge?

É uma expressão que foi adoptada; não foram os x-acto nem os new winds que adoptaram essa expressão, esta provavelmente já vinha de Washington D.C. .. Eu para mim tanto me faz se o Manel bebe ou se o Joaquim fuma.. É claro que há sempre akele cusquice e não sei quê.. eu acho que cada um deve fazer akilo que acredita .. eu agora não bebo, não fumo nem como carne e sinto-me bem .. normalmente quando sei que alguém "caíu" não me causa muito transtorno ..
Era pior se me dissesem que a pessoa tinha morrido de acidente ou assim.
Acho que cada um deve fazer aquilo que gosta e que acredita e não deve ser empurrada a fazer coisas que não gosta para agradar terceiros.
Eu agora faço akilo que gosto , daqui a uns tempos posso gostar de outra coisa, a vida dá mil voltas.
Em relação a falsos amigos que te deixam de falar quando cais e bla bla bla.. É porque na realidade não eram teus amigos e só se davam contigo por interesse.. nunca fiz isso e acho super lamentável.. claro que, de vez em quando, em brincadeira, pode sair akela palavra "caído" mas foda-se, se formos amigos não é o straight edge ou o hardcore ou a cona da prima que faz com que uma amizade acabe á toa.
Falo por mim, claro.

9- Voltando à parte musical... tocarias num palco principal de um SUPER BOCK ao lado de bandas como Deftones, Korn e Limp Bizkit? Seria uma boa forma de passares a mensagem a mais pessoal mas por outro lado eras rotulado de 'vendido'. O que farias nesta situação?

Tocava pois.. Mostrava aquilo em que acredito sem vergonha.. Os Quicksand do Walter de Gorilla Biscuits andaram em 98 em tour com Deftones; o som não tinha muito a ver e muitas das vezes não tinham a reacção em termos de público como tinham os Deftones, mas fizeram as cenas à maneira deles. Tocar em Get Lost já me proporcionou uma viagem de uma semana aos Açores com viagens pagas + casa ao lado da praia .. e get lost é hardcore.
E estivemos com Pointing Finger a tocar lá nos Açores no 'Acção Directa' que se organiza todos os anos. É claro que a mistura de bandas de estilos diferentes por vezes torna-se numa situação bué estranha.

10- Para terminar... diz-me o que te falta atingir como músico...qual a meta que pretendes alcançar para te sentires 100% bem contigo próprio?

Maturidade. Saber tocar a abrir não significa nada , não toco a ponta dum corno , não quero seguir uma carreira musical e tentar ser o melhor , quero fazer aquilo que gosto , mas há muitas cenas que oiço que gostava de um dia saber tocar; a meta é continuar a tocar , não importa o estilo , desde que eu goste.


Playlist (do Ludgero):

Mental - Planet Mental
Elliott - False Cathredrals
Kill Verona - Trauma

7 Comments:

Anonymous Anonymous said...

mas o q é q esta gente tem haver com o hardcore, ao q isto chegou."mas também acho que o hardcore não é só sobre política" "kosovares macacos" e "pretos a roubar no metro" mas q conversa é esta...pá q otario vai morrer longe.

8:58 AM  
Anonymous Anonymous said...

toda a gente me conhece e sabe k n sou racista até porque tenho mts amigos negros! sim porque eu disse negros que andam a roubar no metro.

se fores assaltado por um grupo de 15 negros e ficas sem nada.. aposto que xegas a casa e perguntam-te.. entao k é k te aconteceu.. e tu dizes simplesmente.. foram uns pretos que me roubaram..
lah por tares irritado e dizeres "pretos" não ker dizer k és racista ou homofobico ou kker cena do genero.. é como a pergunta que o rafael me fez .. pk é k somos anti-racistas e saimo-nos com cenas do tipo: a tua mae tá com um preto ou merdas parvas no gozo..
eu tenho um negro na minha turma e é dos mais fixes do meu curso. curto bué dele e até ele goza com essas merdas do a tua mae tá com um preto..
e ele tambem partilha da mm opinião que eu, k é má onda branco,negro, kosovar,etc etc andar a fazer mal.

em relação a Hardcore.. Vai ao google.. vai ouvir black flag, circle jerks, minor threat, youth of today, gorilla biscuits que depois falamos
;)

Ludgero

12:02 PM  
Anonymous Anonymous said...

Bem li esta entrevista, e como o primeiro anonimo que postou, discordo de muita coisa...

Lamento, mas acho que é idiota dizer-se anti-racista e fazer esses comentarios, mesmo que sejam a brincar, não teem graça nenhuma... e quanto a dizer k são coisas que nos habituamos a ouvir, pois bem, é contra elas k lutamos, esse preconceito interiorisado... e se as coisas se dizem sem pensar, pois bem, não pensar é um problema muito grave.

Respondendo a uma pergunta que levantaste para o anonimo anterior...
Se eu for roubado por alguem, acho que o menos relevante é a cor da pele da pessoa (pois a criminalidade não se vê pela cor), por isso se alguem me perguntar o k se passou, simplesmente expliko k fui roubado... e contra esse que roubam eu tambem sou contra, especialmente os das gravatas (sejam de que cor forem)...

Só mais uma coisa. As bandas que "o DIY já não lhes diz nada" não passaram para um patamar acima... bandas k fazem as coisas por dinheiro é pura "prostituição músical", logo não subiram patamares nenhuns, desceram... e bem fundo, só falta enterra-los k é onde tão bem

Os microfones e instrumentos músicais não são brinquedos, são armas de protesto e luta!

Jimmy

Paz e Anarquia
A//E

9:48 AM  
Anonymous Anonymous said...

realmente a mim fodeme mt mais ser roubado por um engravatado todo bonito e cheiroso!punks hardcores da moda fora.

7:13 AM  
Anonymous Anonymous said...

(Os microfones e instrumentos músicais não são brinquedos, são armas de protesto e luta!)

Jimmy
pra te baterem na puta da kabeça..é de gajos como tu k o Mundo ta como ta..metam a anarquia no cu..meu fdxx j
Paz e Anarquia
A//E

1:57 PM  
Anonymous Anonymous said...

Toda a gente te conhece? fazes questao k te conheçam?
eu n te conheço.. e agora??
já foste assaltado por pretos?? eu ja fui por brancos... tb dizes "brancos fdp"?ha tu és preto ou cigano?

9:07 AM  
Anonymous Anonymous said...

Ui... nao falem assim do rapaz ele é bue do hardcore e é bue straight edge :S

7:34 AM  

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