Sunday, September 25, 2005

Eu posso...


Eu posso um dia não acordar de manhã,
Mas sei que adormeci são por ter vivido a vida com que sempre sonhei.
Eu posso não gostar do que vejo ao espelho,
Mas sei que as aparências iludem.
Eu posso não gostar da sensação de imaginar o que vou encontrar quando sair p'rá rua,
Mas sei que vou gostar da sensação de ter forças para o encarar com positivismo, amor, frieza e orgulho.

Eu posso não ter cultura,
Mas tenho o direito de exprimir a dor, mágoa, angústia e frustração de viver neste planeta.
Eu posso ser inculto e ignorante,
Mas ignoro a cultura que é manipulada no mundo onde vivo, no planeta onde habito, no país onde resido, na cidade onde durmo ao som da culpa inocente que para uns é crime mas proveito de outros.
Posso não ser ninguém aos olhos do Mundo,
Mas sou alguém aos olhos da minha inivisibilidade discreta.

Eu posso não saber voar,
Mas sei aterrar.
Posso não saber aterrar
E só aí saberei que não tentarei voar.

Posso não acabar com os incêndios,
Mas posso não acender o isqueiro.
Eu posso não acabar com a guerra,
Mas posso recusar uma arma.
Eu posso não acabar com a fome,
Mas posso recusar uma refeição proveniente de uma multinacional que cresce às custas da falta de alimento no prato de terceiros.
Eu posso não acabar com o capitalismo,
Mas posso boicotá-lo no momento em que estudo alternativas mais razoáveis.
Eu posso não acabar com uma ditadura,
Mas evito ser ditador.
Eu posso não acabar com a política,
Mas posso autogestionar a minha vida e a de todos aqueles que me rodeiam e que dão valor pelo que eu faço.
Eu posso não acabar com a hipócrita democracia e com as eleições ocas onde votamos e cremos num mundo melhor, cegos e blindados de podridão projectada pela máfia do sistema,
Mas posso simplesmente não votar.
Eu posso não acabar com o terrorismo,
Mas posso não optar por um lado e atribuir as culpas aos 'criminosos da TV e dos media'.
Eu posso não acabar com as mentiras,
Mas posso não ligar a televisão.

Eu posso não acabar com a dor,
Mas posso tentar não magoar.
Eu posso não acabar com o ódio,
Mas posso amar.

Eu posso não ser ninguém,
Mas posso tentar não sê-lo, não ambicioná-lo.
Eu posso não mudar o Mundo,
Mas posso mudar-me a mim e só então saberei que marquei a diferença, que me elevei a um nível superior, que melhorei a minha integridade e que continuo fiel ao que sinto mesmo que isso implique estar contra o Mundo e contra o que outros sentem.

Eu posso não saber escrever,
Mas posso tentar...

...e consegui!

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