Projecto 'GRITA'
...do ecrã ao papel, promovendo o respeito entre as pessoas...
Foi algures numa passagem diária pelo ZONA PUNK / PUNK PT (www.punkpt.com) que decidi deixar um post a fazer publicidade ao meu mais recente http://anymais.pt.vu de forma a divulgar mais um pequeno projecto que me ocorre por vezes criar assim do nada, sem qualquer razão aparente.
Foi algures noutra passagem diária pelo ZONA PUNK / PUNK PT, na qual fui confirmar se o post teria sido publicado, que notei que tinha 1 reply ao mesmo.
Abrindo o comentário deixado notei que teria sido algum desconhecido e autor de um website chamado GRITA, sito em www.GRITA.pt.vu.
Decidi ir ao site e wooowww… que pedra. Mais um rasto de intervenção e activismo proporcionados por pessoal ‘inocente’ às calamidades que nos entram pela caixinha colorida todos os dias em nossa casa.
Foi então que descobri o site, o projecto e o mentor da ideia. Chama-se Pedro Sanches, tem 20 anos e é ‘APENAS mais UM’ que fala, fala mas não vê as coisas acontecerem. É mais um como eu, outro como tu…enfim… Mais um a tentar e a não conseguir. Ou talvez sim… Num projecto que já anda por aí desde Setembro de 2004.
Decidi entrar em contacto com o mesmo para as minhas habituais 10 questões semanais e aqui fica o relato da conversa.
1- Tive conhecimento do vosso projecto GRITA através do ZONA PUNK... Na realidade o que posso encontrar em www.GRITA.pt.vu ???
É pá… O objectivo da cena é tentar fazer com que pessoal interessado publique e promova ideias, eventos, noticias, tentar ser o mais livre possível e promover o debate e a consciencialização das cenas que se passam à nossa volta. Não nos queremos pegar nem identificar com nenhum tipo de ‘tribo urbana (ou rural)’, queremos apenas promover ideias construtivas. Quando falamos em livre expressão de ideias não nos agrada a ideia da censura mas há certas ideias e preconceitos que vão um pouco contra as nossas cenas e não achamos justo publicar. Tentamos promover o respeito entre as pessoas.
2- Falas em censura mas eu prefiro o termo ‘divergência de opiniões’. Não achas que haver diferentes pontos de vista podem-nos ajudar a definir certos conceitos que por vezes nos confundem um pouco? Por exemplo… a palavra ANARQUIA. Muitos usam o seu símbolo mas nem sabem ao certo a que se refere. Vemos ‘anarquistas’ a dirigir-se a uma tribuna de voto. Não achas contraditório?
Sim, tens razão quando falas em anarquia. Quando falamos na tal ‘censura’ o objectivo é mais virado para a descriminação e falta de respeito a grupos de 10000 quando as ovelhas negras são só 20. O caso do racismo, eu tenho consciência que nós (todas as pessoas) somos comos somos devido a X acontecimentos durante as nossas vidas, logo não podemos ser culpados de nada, fomos sorteados com acontecimentos aleatórios que nos fizeram mal, blá blá blá. A cena é que não toleramos esse tipo de ideias, mesmo que possam promover debates (bons ou maus, não interessa) porque podem afectar um grupo de 10000 quando as ovelhas negras são só 20. A cena é promover ideias relativamente fundamentadas (é claro que não podemos assegurar a fiabilidade de tudo o que nos é enviado) e é aí que entra a tal censura.
3- Ok. Compreendo e respeito mas tentemos ver isso noutra perspectiva. Imagina que tenho um site anti-racista mas no entanto é de livre expressão. Imagina no entanto que entra lá alguém que já foi agredido e assaltado por negros e, por acaso, nunca o foi por gente de ‘raça branca’. Esse sujeito entra e critica os ‘niggers’. Não achas que seria incorrecto da minha parte boicotar esse comentários já que se trata de um site de livre expressão? (n.s. -> não está aqui em causa o facto de eu ser ou deixar de ser racista… todos nós temos razões para o ser ou não… mas isso é meramente pessoal)
Claro. Mas por aí também podíamos aceitar anúncios de touradas e etc, cenas que somos totalmente contra. Acho injusto criticares o grupo dos negros quando quem te assaltou foram ‘os que assaltam’. Isso é ódio mal direccionado (não é todo o ódio mal direccionado???). Entendes a ideia? Se pensares bem, dentro dos negros também há pessoas boas. É por aí que queremos chegar.
4- Claro. Como te disse foi apenas uma questão, um exemplo. Nunca tive problemas com ‘blacks’ mas isso não significa que não possa ser racista. Um gajo pode ser racista sem nunca ter sido assaltado por pretos e toda a vida o ser por brancos. E sinceramente acho este tipo de pensamento absurdo numa sociedade como a nossa.
Enfim, eu teria de aceitar os comentários sobre tourada mesmo sendo contra já que seria um site 100% livre de expressão. Quem sabe se esses comentários não me fariam apoiar a tourada? Acho difícil mas nunca se sabe… ou achas que estou completamente errado?
Sim, foi um exemplo para tomar como genérico.
É pá, eu sei onde queres chegar mas tentamos promover o respeito acima de tudo, nem deve haver forma de argumentar essa ‘censura’. São ideias que discordamos fortemente e que só promovem ignorância (voltar atrás no tempo???) e ódio, na nossa opinião.
5- Ok. Compreendo onde queres chegar. E admito que é quase nula a hipótese de me fazerem apoiar a tourada. Já agora… falando em tourada & hipocrisia (num certo ponto de vista). Não achas também contraditório um ‘comedor de carne’ ser contra a tourada quando muitas vezes a carne que tem no prato provém do sofrimento de outro animal?
Sim. A violência contra os animais existe em todo o lado. A diferença é que na tourada é mais visível aos olhos do público. Também é contraditório gostar de cavalos e leva-los às touradas. Há outra cena: só poderemos realmente libertar os outros quando nos conseguirmos libertar a nós. Comer carne, ou não, vai da consciência e forma de ver o mundo de cada um.
6- Mudando de assunto… Há quem critique todas as medidas tomadas por um ministro. Por vezes a oposição critica só pelo facto de ser oposição. Do tipo… se aumentam o IVA eles são contra; mas se não aumentassem eram a favor. Achas que a politica no nosso país está a ser mal implementada ou consideras boas as intenções mas mal conseguidas?
Às vezes a medida mais racional não é a mais justa. Há que saber equilibrar isso. O problema não é dos políticos, é da sociedade em geral, da educação das pessoas. Porque qualquer um que suba ao poder vai para lá fazer o mesmo. Em relação à economia aplica-se o mesmo. Foi muito fixe entrar no euro por X situações mas perdemos a possibilidade de regular a moeda conforme nos apetece. Os problemas por falta de competitividade não são só da responsabilidade do poder e das suas burocracias, é também falta de aposta, inovação e formação das pessoas em geral.
7- Ora bem… E o que achas do comunismo implantado em Portugal? Seria uma hipótese ou apenas um atalho para se chegar ao mesmo lado?
É pá, são todos muito bons. Quando estão em baixo todos piam e criticam os que estão em cima e com as responsabilidades. Isso acontece em todo o lado.
8- Falando mais do ‘projecto GRITA’; está simples, assim como este ANYMAIS e como tantos outros, mas poderá ter a capacidade de atingir alguma meta. O PUNK PT também jamais fazia ideia da dimensão a que poderia chegar. Um site tão pequeno que actualmente se tornou num marco obrigatório e influente na cena punk nacional. Onde pensas chegar com o GRITA?
A ideia é espalhar e trocar ideias com o maior número de pessoas possível, tentar manter a cena independente, pelo menos nas ideias e artigos divulgados. Às vezes saem umas impressões em papel para espalhar pela rua; a ver se há mais participações no site, dar a conhecer as nossas ideias ao pessoal que não tem acesso à net, etc. Era fixe tentar cuspir edições em papel com maior regularidade e com melhor qualidade de imagem e essas mariquices, vai como se pode… Queríamos estender também à organização de eventos que achemos essenciais e importantes ou indispensáveis, meter as ideias em prática!
9- Por falar em papel… Coloco novamente a questão que formulei ao Pablo na entrevista anterior. As zines sempre foram um meio importante na troca de ideias e divulgação da luta hardcore nacional. Não sei se estás ligado ao ‘movimento hardcore’ e as zines por vezes nem tão pouco têm a ver com a música que é praticada, mas… que achas do seu ‘desaparecimento’ tendo em conta a regularidade em que eram vistas em concertos? Achas que isso ‘matou’ um pouco o movimento ou achas que nem tão pouco interferiu na continuidade do mesmo?
Gostava de estar mais dentro do movimento hXc. Fugindo um pouco ao assunto mas acho que responde à pergunta… Há cenas que curto de ver em concertos, são aqueles discursos que o pessoal se arrisca a dizer, mesmo que digam merda, mas ao menos têm colhões para isso. Aqueles discursos em que falam sobre ideias, cenas que se passam, incentivar atitudes, informar as pessoas que assistem aos concertos. Agora vem a parte que interessa… É que muita gente ignora esses discursos, estão lá só para curtir a música, às vezes reclamam porque os discursos nunca mais acabam e estão-se mesmo a cagar prá cena, pró objectivo dos concertos (que é trocar ideias, é assim que eu vejo) e etc. O mesmo penso que se aplica às zines. É muito fixe andares a distribuir e tentar falar com o pessoal, incentivar à leitura, mas passado uns tempos encontras-te com as pessoas e perguntas ‘então o que achaste da zine?’ e a resposta não passa de ‘é pá, ainda está no bolso do casaco’…
10- Ora bem, esse é mesmo o mal… Ou então é como dizes, vão para um concerto para andar no biqueiro e às tantas a banda fala e aproveitam para ir beber um copo voltando só com o recomeçar da música. Ou pior ainda, vês pessoal a consumir um jantar carnívoro uma hora antes de ir para cima do palco cantar a cover da ‘COMPASSION’ de X-ACTO. Para terminar quero colocar-te uma ultima questão. Nos 90’s, na altura em que X-ACTO e NEW WINDS andavam a rebentar com concertos, eram raros os spots onde se pudesse tocar (tinhas o RITZ, a OKUPA da PRAÇA DE ESPANHA, e pouco mais…); e o movimento nunca estagnou. Havia gente a apoiar, concertos a abarrotar, pessoal a vender zines e a trocar ideias. Actualmente temos mais oportunidades, mais apoios e pessoal a ‘mexer-se’ no meio. No Algarve temos a Associação de Músicos de Faro, o Satori, a Casa da Cultura em Loulé, o Cinema Topázio na Fuzeta, etc; mas parece-me que o pessoal deixou de se interessar. As bandas acabam mais rapidamente, os concertos não passam das 100 pessoas, o pessoal da velha guarda deixa de acreditar e ‘parte para outra’ e cada vez mais há menos putos a entrar na onda. É a moda do hip-hop e da disco. Antes havia 1 pássaro na mão, hoje há dois a voar. Qual consideras a principal razão ou causa desta ‘mudança de atitude’?
É pá, tanta coisa: a educação dos putos que só curtem playstations e estar fechados em casa, a TV que diz que ir à disco, foder e ter bué guita é sinal de uma pessoa bem sucedida… Por vezes há umas ovelhas negras na cena que transmitem uma má mensagem e imagem, que faz com que os de fora pensem que isto é bué degradante e negativo quando a ideia é construir e ter uma cena positiva para todos, que promova o respeito global. Outros não entram na cena porque a musica não lhes agrada, a mensagem é pouco perceptível ou assim… Tanta coisa…
Obrigado pela participação, João. Um abraço e felicidades para o projecto.
...do ecrã ao papel, promovendo o respeito entre as pessoas...
Foi algures numa passagem diária pelo ZONA PUNK / PUNK PT (www.punkpt.com) que decidi deixar um post a fazer publicidade ao meu mais recente http://anymais.pt.vu de forma a divulgar mais um pequeno projecto que me ocorre por vezes criar assim do nada, sem qualquer razão aparente.
Foi algures noutra passagem diária pelo ZONA PUNK / PUNK PT, na qual fui confirmar se o post teria sido publicado, que notei que tinha 1 reply ao mesmo.
Abrindo o comentário deixado notei que teria sido algum desconhecido e autor de um website chamado GRITA, sito em www.GRITA.pt.vu.
Decidi ir ao site e wooowww… que pedra. Mais um rasto de intervenção e activismo proporcionados por pessoal ‘inocente’ às calamidades que nos entram pela caixinha colorida todos os dias em nossa casa.
Foi então que descobri o site, o projecto e o mentor da ideia. Chama-se Pedro Sanches, tem 20 anos e é ‘APENAS mais UM’ que fala, fala mas não vê as coisas acontecerem. É mais um como eu, outro como tu…enfim… Mais um a tentar e a não conseguir. Ou talvez sim… Num projecto que já anda por aí desde Setembro de 2004.
Decidi entrar em contacto com o mesmo para as minhas habituais 10 questões semanais e aqui fica o relato da conversa.
1- Tive conhecimento do vosso projecto GRITA através do ZONA PUNK... Na realidade o que posso encontrar em www.GRITA.pt.vu ???
É pá… O objectivo da cena é tentar fazer com que pessoal interessado publique e promova ideias, eventos, noticias, tentar ser o mais livre possível e promover o debate e a consciencialização das cenas que se passam à nossa volta. Não nos queremos pegar nem identificar com nenhum tipo de ‘tribo urbana (ou rural)’, queremos apenas promover ideias construtivas. Quando falamos em livre expressão de ideias não nos agrada a ideia da censura mas há certas ideias e preconceitos que vão um pouco contra as nossas cenas e não achamos justo publicar. Tentamos promover o respeito entre as pessoas.
2- Falas em censura mas eu prefiro o termo ‘divergência de opiniões’. Não achas que haver diferentes pontos de vista podem-nos ajudar a definir certos conceitos que por vezes nos confundem um pouco? Por exemplo… a palavra ANARQUIA. Muitos usam o seu símbolo mas nem sabem ao certo a que se refere. Vemos ‘anarquistas’ a dirigir-se a uma tribuna de voto. Não achas contraditório?
Sim, tens razão quando falas em anarquia. Quando falamos na tal ‘censura’ o objectivo é mais virado para a descriminação e falta de respeito a grupos de 10000 quando as ovelhas negras são só 20. O caso do racismo, eu tenho consciência que nós (todas as pessoas) somos comos somos devido a X acontecimentos durante as nossas vidas, logo não podemos ser culpados de nada, fomos sorteados com acontecimentos aleatórios que nos fizeram mal, blá blá blá. A cena é que não toleramos esse tipo de ideias, mesmo que possam promover debates (bons ou maus, não interessa) porque podem afectar um grupo de 10000 quando as ovelhas negras são só 20. A cena é promover ideias relativamente fundamentadas (é claro que não podemos assegurar a fiabilidade de tudo o que nos é enviado) e é aí que entra a tal censura.
3- Ok. Compreendo e respeito mas tentemos ver isso noutra perspectiva. Imagina que tenho um site anti-racista mas no entanto é de livre expressão. Imagina no entanto que entra lá alguém que já foi agredido e assaltado por negros e, por acaso, nunca o foi por gente de ‘raça branca’. Esse sujeito entra e critica os ‘niggers’. Não achas que seria incorrecto da minha parte boicotar esse comentários já que se trata de um site de livre expressão? (n.s. -> não está aqui em causa o facto de eu ser ou deixar de ser racista… todos nós temos razões para o ser ou não… mas isso é meramente pessoal)
Claro. Mas por aí também podíamos aceitar anúncios de touradas e etc, cenas que somos totalmente contra. Acho injusto criticares o grupo dos negros quando quem te assaltou foram ‘os que assaltam’. Isso é ódio mal direccionado (não é todo o ódio mal direccionado???). Entendes a ideia? Se pensares bem, dentro dos negros também há pessoas boas. É por aí que queremos chegar.
4- Claro. Como te disse foi apenas uma questão, um exemplo. Nunca tive problemas com ‘blacks’ mas isso não significa que não possa ser racista. Um gajo pode ser racista sem nunca ter sido assaltado por pretos e toda a vida o ser por brancos. E sinceramente acho este tipo de pensamento absurdo numa sociedade como a nossa.
Enfim, eu teria de aceitar os comentários sobre tourada mesmo sendo contra já que seria um site 100% livre de expressão. Quem sabe se esses comentários não me fariam apoiar a tourada? Acho difícil mas nunca se sabe… ou achas que estou completamente errado?
Sim, foi um exemplo para tomar como genérico.
É pá, eu sei onde queres chegar mas tentamos promover o respeito acima de tudo, nem deve haver forma de argumentar essa ‘censura’. São ideias que discordamos fortemente e que só promovem ignorância (voltar atrás no tempo???) e ódio, na nossa opinião.
5- Ok. Compreendo onde queres chegar. E admito que é quase nula a hipótese de me fazerem apoiar a tourada. Já agora… falando em tourada & hipocrisia (num certo ponto de vista). Não achas também contraditório um ‘comedor de carne’ ser contra a tourada quando muitas vezes a carne que tem no prato provém do sofrimento de outro animal?
Sim. A violência contra os animais existe em todo o lado. A diferença é que na tourada é mais visível aos olhos do público. Também é contraditório gostar de cavalos e leva-los às touradas. Há outra cena: só poderemos realmente libertar os outros quando nos conseguirmos libertar a nós. Comer carne, ou não, vai da consciência e forma de ver o mundo de cada um.
6- Mudando de assunto… Há quem critique todas as medidas tomadas por um ministro. Por vezes a oposição critica só pelo facto de ser oposição. Do tipo… se aumentam o IVA eles são contra; mas se não aumentassem eram a favor. Achas que a politica no nosso país está a ser mal implementada ou consideras boas as intenções mas mal conseguidas?
Às vezes a medida mais racional não é a mais justa. Há que saber equilibrar isso. O problema não é dos políticos, é da sociedade em geral, da educação das pessoas. Porque qualquer um que suba ao poder vai para lá fazer o mesmo. Em relação à economia aplica-se o mesmo. Foi muito fixe entrar no euro por X situações mas perdemos a possibilidade de regular a moeda conforme nos apetece. Os problemas por falta de competitividade não são só da responsabilidade do poder e das suas burocracias, é também falta de aposta, inovação e formação das pessoas em geral.
7- Ora bem… E o que achas do comunismo implantado em Portugal? Seria uma hipótese ou apenas um atalho para se chegar ao mesmo lado?
É pá, são todos muito bons. Quando estão em baixo todos piam e criticam os que estão em cima e com as responsabilidades. Isso acontece em todo o lado.
8- Falando mais do ‘projecto GRITA’; está simples, assim como este ANYMAIS e como tantos outros, mas poderá ter a capacidade de atingir alguma meta. O PUNK PT também jamais fazia ideia da dimensão a que poderia chegar. Um site tão pequeno que actualmente se tornou num marco obrigatório e influente na cena punk nacional. Onde pensas chegar com o GRITA?
A ideia é espalhar e trocar ideias com o maior número de pessoas possível, tentar manter a cena independente, pelo menos nas ideias e artigos divulgados. Às vezes saem umas impressões em papel para espalhar pela rua; a ver se há mais participações no site, dar a conhecer as nossas ideias ao pessoal que não tem acesso à net, etc. Era fixe tentar cuspir edições em papel com maior regularidade e com melhor qualidade de imagem e essas mariquices, vai como se pode… Queríamos estender também à organização de eventos que achemos essenciais e importantes ou indispensáveis, meter as ideias em prática!
9- Por falar em papel… Coloco novamente a questão que formulei ao Pablo na entrevista anterior. As zines sempre foram um meio importante na troca de ideias e divulgação da luta hardcore nacional. Não sei se estás ligado ao ‘movimento hardcore’ e as zines por vezes nem tão pouco têm a ver com a música que é praticada, mas… que achas do seu ‘desaparecimento’ tendo em conta a regularidade em que eram vistas em concertos? Achas que isso ‘matou’ um pouco o movimento ou achas que nem tão pouco interferiu na continuidade do mesmo?
Gostava de estar mais dentro do movimento hXc. Fugindo um pouco ao assunto mas acho que responde à pergunta… Há cenas que curto de ver em concertos, são aqueles discursos que o pessoal se arrisca a dizer, mesmo que digam merda, mas ao menos têm colhões para isso. Aqueles discursos em que falam sobre ideias, cenas que se passam, incentivar atitudes, informar as pessoas que assistem aos concertos. Agora vem a parte que interessa… É que muita gente ignora esses discursos, estão lá só para curtir a música, às vezes reclamam porque os discursos nunca mais acabam e estão-se mesmo a cagar prá cena, pró objectivo dos concertos (que é trocar ideias, é assim que eu vejo) e etc. O mesmo penso que se aplica às zines. É muito fixe andares a distribuir e tentar falar com o pessoal, incentivar à leitura, mas passado uns tempos encontras-te com as pessoas e perguntas ‘então o que achaste da zine?’ e a resposta não passa de ‘é pá, ainda está no bolso do casaco’…
10- Ora bem, esse é mesmo o mal… Ou então é como dizes, vão para um concerto para andar no biqueiro e às tantas a banda fala e aproveitam para ir beber um copo voltando só com o recomeçar da música. Ou pior ainda, vês pessoal a consumir um jantar carnívoro uma hora antes de ir para cima do palco cantar a cover da ‘COMPASSION’ de X-ACTO. Para terminar quero colocar-te uma ultima questão. Nos 90’s, na altura em que X-ACTO e NEW WINDS andavam a rebentar com concertos, eram raros os spots onde se pudesse tocar (tinhas o RITZ, a OKUPA da PRAÇA DE ESPANHA, e pouco mais…); e o movimento nunca estagnou. Havia gente a apoiar, concertos a abarrotar, pessoal a vender zines e a trocar ideias. Actualmente temos mais oportunidades, mais apoios e pessoal a ‘mexer-se’ no meio. No Algarve temos a Associação de Músicos de Faro, o Satori, a Casa da Cultura em Loulé, o Cinema Topázio na Fuzeta, etc; mas parece-me que o pessoal deixou de se interessar. As bandas acabam mais rapidamente, os concertos não passam das 100 pessoas, o pessoal da velha guarda deixa de acreditar e ‘parte para outra’ e cada vez mais há menos putos a entrar na onda. É a moda do hip-hop e da disco. Antes havia 1 pássaro na mão, hoje há dois a voar. Qual consideras a principal razão ou causa desta ‘mudança de atitude’?
É pá, tanta coisa: a educação dos putos que só curtem playstations e estar fechados em casa, a TV que diz que ir à disco, foder e ter bué guita é sinal de uma pessoa bem sucedida… Por vezes há umas ovelhas negras na cena que transmitem uma má mensagem e imagem, que faz com que os de fora pensem que isto é bué degradante e negativo quando a ideia é construir e ter uma cena positiva para todos, que promova o respeito global. Outros não entram na cena porque a musica não lhes agrada, a mensagem é pouco perceptível ou assim… Tanta coisa…
Obrigado pela participação, João. Um abraço e felicidades para o projecto.
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